quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Davos: ESTUDO MOSTRA BRASIL, INDONÉSIA E ÁFRICA DO SUL 'CRESCENDO E ACELERANDO'


Entrada do centro de convenções do 43º Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça (Laurent Gillieron / AP).

·         Pesquisa em 26 países mostra que apenas 15% da população acreditam que governantes resolvam problemas sociais [segundo a direita internacional, “o mercado” (os grandes conglomerados financeiros e econômicos) é que deve resolver esses problemas...]

Por Deborah Berlinck, enviada especial a Davos do jornal da direita internacional “O Globo”

DAVOS – No ano em que o Brasil desacelera e críticos [da direita] no país começam a levantar a voz contra a política econômica do governo Dilma, um sondagem da “PricewaterhouseCoopers” (PwC) junto a 1.330 líderes empresariais de 68 países, divulgada na terça-feira em Davos, às vésperas da abertura do “Fórum Econômico Mundial”, surpreende: Brasil, Indonésia e África do Sul reinam sozinhos na categoria "crescendo e acelerando". E foram apontados pelos executivos como os que mais têm potencial para seus negócios.

Nem a China ou Índia – historicamente, imbatíveis no crescimento – conseguiram isso. Na projeção da PwC, Brasil vai crescer uma média de 4% ao ano entre 2013 e 2015, contra 3,6% para a África do Sul e 6,2% para a Indonésia. Já China e Índia vão crescer uma média de 7,3% e 6.6%, respectivamente, no mesmo período – isto é, abaixo dos 9% ou 10% do passado. A PwC colocou as principais economias industrializadas do mundo na lista de países que estão crescendo, mas suscetíveis à turbulências : dos Estados Unidos e Grã-Bretanha à Alemanha e França.

O Brasil também se destaca no curto prazo. Quando a PwC perguntou aos 1330 empresários quais os três países, excluindo o deles, que consideram mais importante para o crescimento de seus negócios nos próximos 12 meses, o Brasil foi um deles, com 15% da preferência, atrás da China (31%) e dos Estados Unidos (23%).

Não são as únicas boas surpresas para o país. Neste ano em que apenas 36% dos executivos no mundo estão "muito confiantes" nas perspectivas de crescimento dos negócios nos seus países nos próximos 12 meses, os executivos no Brasil entram na contramão : mesmo com desaceleração este ano, eles nunca foram tão otimistas quanto às perspectivas este ano – 44% afirmaram estar "muito confiantes", contra 42% no ano passado.

O executivo-chefe do PwC, Dennis Nally, tem uma explicação para isso: empresários no Brasil estão olhando além do curto tempo.

– “Se você olhar para a demografia do Brasil, a classe média, isso mostra que o país tem um potencial futuro de crescimento grande. Os executivos-chefes estão focados onde podem ter oportunidades de longo prazo e o Brasil tem esta característica”.

Os mais confiantes são os russos : 66%, seguidos de indianos (63%), mexicanos(62%). Já os empresários chineses mais pessimistas do que no ano passado: 40% disseram que estão confiantes nos negócios em 2013, contra 51% no ano passado.

‘PELO MENOS, NÃO VAI PIORAR’, DIZ EXECUTIVO-CHEFE DA PWC

Fora Brasil e alguns poucos emergentes, o cenário da economia global para a maioria dos líderes empresariais do mundo continua nebuloso. Ao ponto de o executivo-chefe da PwC achar bom o fato de que 52% dos empresários entrevistados achem que a situação este ano vai continuar na mesma:

— “Pelo menos, não vai piorar” — disse Nally.

Setenta por cento dos líderes empresariais disseram vão cortar custos este ano.

— “Os executivos-chefes europeus estão particularmente nervosos. Apenas 22% estão muito confiantes de que podem aumentar seus negócios nos próximos 12 meses, comparado com 52% no Oriente Médio e na América Latina” — diz o estudo da PwC.

Para os executivos, segundo a sondagem, os cenários que causaria o pior impacto nos seus negócios é o de uma revolta social nos países onde estão, seguido da recessão nos Estados Unidos, ataque cibernético ou desastre natural num país parceiro de comércio. A implosão da zona do euro vem em quinto lugar na lista do risco para os negócios, seguido de tensões militares ou de comércio. Por último, em oitavo lugar, está a preocupação de que a China cresça menos do que 7,5% por ano.

Os problemas não acabam aí: 71% estão preocupados com as dívidas dos governos, 69% estão ansiosos com o risco de excesso de regulação, 69% com aumento de impostos, 58% com a falta de mão-de-obra qualificada (surpreendentemente, 45% dos executivos europeus têm esta preocupação), 52% com custos energéticos e de matérias-prima e 49% com a mudança no comportamento dos consumidores.”

COMPLEMENTAÇÃO

BRASIL É 4º LUGAR NO MUNDO EM OTIMISMO DOS EXECUTIVOS



Pesquisa apresentada em fórum de empresários mostra que país fica em 4º lugar no otimismo dos executivos.

Brasil é citado por 15% dos 1.330 presidentes como sendo um dos três países mais importantes [no mundo] para o crescimento das empresas.

Por Clóvis Rossi, enviado especial do jornal tucano “Folha de São Paulo” a Davos

Fatia substancial do empresariado brasileiro não compartilha o catastrofismo que, nos últimos meses, acompanha as análises sobre as perspectivas da economia no país. Ao contrário: 44% deles estão muito confiantes no crescimento das receitas de suas companhias, porcentagem de otimistas que só fica atrás da dos executivos russos (66% de otimistas), indianos (63%) e mexicanos (62%).

As perspectivas risonhas para os brasileiros superam o otimismo dos seus companheiros nas duas maiores economias do mundo -China, com 40% de executivos animados, e EUA, com apenas 30%- e também os da maior economia da Europa, a Alemanha, com expectativas positivas de 31%.

Esses números todos surgem da 16ª pesquisa anual feita pela consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers), que entrevistou 1.330 CEOs (a sigla em inglês para executivos-chefes) em 68 países, no último trimestre do ano passado -o período em que começaram a surgir as dúvidas, críticas e desconfianças a respeito da economia brasileira.

Um segundo item da pesquisa também desmente o pessimismo: o Brasil aparece em terceiro lugar, atrás apenas dos gigantes China e Estados Unidos, quando executivos dos 68 países foram consultados sobre qual o país que lhes parece o mais importante para o crescimento futuro de suas companhias.

Apontaram o Brasil 15%, contra 10% que cravaram a Índia, cujo crescimento nos últimos anos tem sido significativamente maior.

Os resultados da pesquisa foram apresentadosterça-feira, véspera da inauguração do “encontro anual 2013 do Fórum Econômico Mundial”. Como a divulgação do levantamento tornou-se tradicional antes da abertura do grande convescote de empresários, líderes políticos, acadêmicos e da sociedade civil, ele acaba sendo um termômetro do estado de ânimo da clientela principal do fórum, os CEOs.

Se é assim, dá para dizer que os executivos estão menos confiantes no crescimento no curto prazo do que no ano passado. Só 36% deles se disseram "muito confiantes", quatro pontos menos do que em 2012, mas acima do otimismo de 2010 (31%) e 2009 (21%). Resultado previsível, na medida em que 2009 e 2010 foram os anos em que a crise bateu mais forte.

OTIMISMO LATINO

Por áreas geográficas, o otimismo mora na América Latina: 53% esperam mais receitas neste ano, porcentagem similar à do ano passado. A confiança declinou em todas as demais regiões, inclusive na África, "vista por muitos como a próxima economia de alto crescimento", como diz o relatório. Executivos africanos otimistas eram 57%; agora, são 44%.

Como era previsível, o pessimismo mais disseminado se dá entre CEOs da encrencada Europa Ocidental.

De todo modo, o estado de espírito melhorou bastante quando a pergunta versa sobre a situação geral da economia, e não sobre as perspectivas da empresa de cada consultado: no ano passado, 48% achavam que a economia se deterioraria mais em 2012, ao passo que, agora, só 28% estão tão alarmados.

A maioria (52%) acredita que a economia ficará como está. Como não está bem, é natural que apenas 36% esperem resultados melhores para suas empresas.

A mais longo prazo (três anos), a perspectiva de receitas maiores melhora: são 46% os confiantes no crescimento de suas empresas, resultado praticamente igual ao do ano passado.

O relatório explica a cautela dos empresários a partir da preocupação com excesso de regulação estatal, dívida pública e instabilidade do mercado de capitais.

Os dois primeiros pontos são clássicos entre empresários, que detestam ver o governo metendo-se nos negócios [a não ser para perdoar ou pagar suas dívidas e conceder subsídios] , e temem que a dívida pública acabe fazendo estragos nas economias, como está ocorrendo com os EUA e muitos países europeus.

A preocupação com “excesso de regulação” foi apontada por 69% dos pesquisados, um recorde desde 2006. Dá a impressão de que o empresariado esqueceu depressa que a crise dos anos seguintes surgiu, em grande medida, pela falta de regulação, em especial do setor financeiro, e não pelo excesso dela.”

FONTE: escrito por Clóvis Rossi, enviado especial do jornal tucano “Folha de São Paulo” a Davos (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/brasil-fica-em-4%C2%BA-lugar-no-otimismo-dos-executivos). [Imagem do Google e trecho entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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