OFENSIVA CONTRA OS DIREITOS
TRABALHISTAS DEVE AUMENTAR
Será preciso a unidade das centrais sindicais e do conjunto dos
movimentos sociais para enfrentar esse avanço
“Este ano poderá ser marcado por perigosa ofensiva
patronal contra as conquistas trabalhistas. Projetos de lei propondo a “flexibilização
de direitos” apresentados em 2011 poderão ir à votação e contam com muita
pressão da bancada patronal.
A influente entidade patronal “Confederação
Nacional da Indústria” (CNI) apresentou uma lista de 101 propostas de
“modernização das relações trabalhistas” e pressiona fortemente o governo Dilma
para que assuma essa pauta. A grande mídia repete, a todo momento, que é
preciso “mexer nos direitos trabalhistas
para o país seguir crescendo”.
Este quadro de ofensiva acarretou o recuo em
propostas do interesse da classe trabalhadora, como a redução da jornada de
trabalho, que segue trancada nas gavetas, aguardando a votação em plenário. Por
outro lado, a “Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público” da Câmara
dos Deputados acelera as iniciativas patronais.
Corremos o risco de aprovação do Projeto de Lei nº
948/2011, de autoria do deputado Laércio Oliveira do PR de Sergipe. Tal projeto
pretende alterar a “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT) para que o
empregado não possa reclamar nenhum direito trabalhista na Justiça que não for
ressalvado no momento da rescisão. É a verdadeira legalização da fraude!
O relator desse projeto na Comissão de Trabalho é
o deputado Sandro Mabel (PR-GO), o principal articulador das medidas de “precarização das leis trabalhistas” no
Congresso Nacional.
Há ainda na mesma esteira o Projeto de Lei
951/2011, também de autoria do deputado Laércio de Oliveira, propondo a criação
de um “simples trabalhista” para as
pequenas e microempresas, com a consequente redução dos direitos trabalhistas
dos empregados desses estabelecimentos.
A proposta consiste em “flexibilizar” os direitos
trabalhistas dos empregados de pequenas e microempresas, com redução dos
encargos e custos da contratação, mediante acordo ou convenção coletiva
específica ou, ainda, por negociação direta entre empregado e empregador, que
terão prevalência sobre qualquer norma legal.
Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Segue
avançando a tramitação do Projeto de Lei nº 1.463/2011, que institui o “Código
do Trabalho”, materializando a verdadeira destruição dos direitos assegurados
na CLT. Ao mesmo tempo, a articulação parlamentar patronal prepara-se para
rejeitar a Convenção nº 158 da OIT que assegura medidas contra a demissão
imotivada.
E a lista não terminou. A frente parlamentar
patronal aposta na aprovação do Projeto de Lei nº 4.193, do deputado Irajá
Abreu (PSD-TO), que assegura o reconhecimento das convenções e acordos
coletivos, com propósito de estabelecer a prevalência do negociado sobre o
legislado. Ao mesmo tempo, existe o risco de aprovação do Projeto de Lei
252/2012, que modifica o prazo de duração dos mandatos sindicais e altera os
critérios para eleições nas organizações sindicais, com o nítido intuito de
interferir e enfraquecer a organização dos trabalhadores.
Segundo a análise do “Departamento Intersindical
de Assessoria Parlamentar” (DIAP) se persistir um crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) tímido, inferior a 3% em 2013, sem uma retomada com vigor
dos investimentos, o setor empresarial ampliará a pressão sobre os direitos
trabalhistas, alegando que os incentivos fiscais e monetários não foram
suficientes para manter os empregos, tampouco para gerar novos postos de
trabalho neste ano.
Além disso, a ausência de diálogo da presidenta
com as centrais sindicais favorece esse ambiente pró-mitigação dos direitos
trabalhistas. Desde a posse de Dilma, as entidades sindicais aguardam
sinalização da presidenta em relação a três pontos que os trabalhadores
consideram essenciais: 1) redução da jornada, 2) proteção contra a despedida
imotivada e 3) fim do fator previdenciário.
Enquanto a presidenta Dilma segue menosprezando os
representantes dos trabalhadores, parte significativa da base parlamentar do
governo está envolvida no apoio às iniciativas patronais.
Esse é o perigoso cenário que a classe
trabalhadora enfrentará este ano. Exatamente no momento histórico em que o
movimento sindical brasileiro apresenta uma retomada de sua capacidade de luta,
enfrentará intensa e articulada ofensiva patronal que se aproveita da
correlação de forças no Congresso Nacional.
É preciso denunciar esses projetos e os
parlamentares que o apoiam, mas o decisivo é organizar a luta nas ruas. Será
preciso a unidade das centrais sindicais e do conjunto dos movimentos sociais
para enfrentar esse avanço. Sem a construção de mobilizações unitárias, não
conseguiremos barrar a ofensiva patronal.
Por isso é uma boa notícia a decisão das centrais
sindicais em promover manifestações e marchas conjuntas este ano, em torno de
uma agenda ampla e unitária de defesa e ampliação dos direitos trabalhistas.”
FONTE: Editoral da edição nº 516 do “Brasil de Fato”.
Transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/denuncias/brasil-de-fato-a-ofensiva-contra-os-direitos-trabalhistas-em-2013.html [Imagem
do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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