[OBS deste
blog ‘democracia&política’: os artigos de Elio Gaspari, normalmente,
são muito bons. Contudo, devemos ter presente que ele é contratado e escreve para a imprensa
brasileira, direitista, demotucana. Assim, no texto abaixo no “O Globo”, provavelmente, ele atendeu diretrizes espressas ou induzidas do
jornal para bajular o tucano
FHC. Escreve que nenhuma melhoria no Brasil teria acontecido se Itamar Franco não tivesse o (único?) mérito de botar Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. Tudo está melhor hoje para os pobres por conta do Plano Real e dos oito anos de FHC no Planalto!...]
Por Elio Gaspari, no [jornal tucano] “O Globo”
“Deve-se ao repórter Felipe Marques a informação de
que os bancos brasileiros estão às voltas com novo desafio: organizar um filtro para suas análises de
crédito, capaz de absorver 42,5 milhões de novos clientes que entraram no
circuito financeiro entre 2005 e 2012.
Há muito tempo não aparecia notícia tão boa. Em
sete anos, a clientela da rede bancária cresceu uma Argentina.
Pindorama vive uma época de perplexidade vocabular.
Primeiro, apareceu uma tal de “nova
classe média”, depois, uma milagrosa “classe C” que frequenta lugares onde
não ia (aeroportos, por exemplo).
Outro dia Jânio de Freitas reclamou, com toda
razão, que as operadoras de planos de saúde chamam sua clientela de
“beneficiários”. Ora, beneficiárias são as empresas que mereceram a confiança
dos fregueses.
Essa nova classe é o velho e bom trabalhador
brasileiro. Milhões de pessoas que viviam nas fímbrias da sociedade,
trabalhando sem carteira assinada e raramente tinham conta em banco. Iam ao
aeroporto aos domingos para apreciar pousos e decolagens.
Essa “gente diferenciada” veio para ficar. Algum
pesquisador poderá confirmar que o aparecimento de 42,5 milhões de novos
clientes num sistema bancário é um fenômeno mundialmente inédito.
O número foi levantado há poucos meses pelo Banco
Central. Ele decorre da ampliação do mercado de trabalho formal, batendo a
marca dos 50 milhões de brasileiros.
Esse trabalhador tem conta em banco, direitos
trabalhistas, crédito nas lojas que vendem móveis e fornos de micro-ondas. É um
novo cidadão. Está num mercado consumidor onde a taxa de juros média mensal
(5,4%) caiu ao menor nível desde 1995, quando passou a fazer sentido acompanhar
esse índice.
Nada disso teria acontecido sem Itamar Franco, que
botou Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda; sem o Plano Real e os
oito anos de FHC no Planalto; sem Lula, que abriu o crédito para o andar de
baixo; ou sem Dilma, que forçou a baixa dos juros. Melhor assim.
O que está sobre a mesa da banca é a necessidade de
se adaptar a um país que mudou. Trata-se de aproveitar a oportunidade, em vez
de reclamar do fantasma da inadimplência. Ele pressupõe que a demanda de
crédito de uma parte desses 42,5 milhões de novos correntistas seja uma fonte
de calotes. Falta provar.
A inadimplência dos brasileiros oscila dentro de
uma faixa que vai de 5% (2001) a 8,5% (2009). Hoje está em 7,8%. É mais alta no
mercado de venda de carros (8%) e saudavelmente baixa (2%) no crédito
imobiliário.
A banca deveria dar a todos os seus diretores dois
retratos. O de Amadeo Giannini e o de Carlo Ponzi. Um tinha seu pequeno banco
em San Francisco quando, em 1906, um terremoto destruiu a cidade. Ele tirou o
dinheiro do cofre e passou a emprestá-lo na rua, contra um aperto de mão. Meses
depois, seus depósitos duplicaram. Mais tarde, ergueu o “Bank of America”.
Ponzi tomava dinheiro prometendo um retorno de 50%
em 45 dias. Deu um golpe de US$ 200 milhões (em dinheiro de hoje) e acabou na
cadeia. Olhando para um, farão seu serviço direito. No outro, verão a ruína.
Libertado em 1939, Ponzi veio para a terra onde
canta o sabiá. Morava no Rio (Rua Engenho Novo 118, prédio que não existe mais)
e morreu na Santa Casa, aposentado pelo Instituto dos Comerciários.”
FONTE: escrito pelo
jornalista Elio Gaspari no [jornal tucano] “O Globo”. Transcrito no blog
do Noblat, também do referido jornal
(http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=482526&ch=n).
[Imagem do Google e trechos entre
colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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