Por Emir Sader
“A oposição
não faz balanço dos seus 10 anos. Por menos sincero que fosse, teria que ser
terrível. Foram 10 anos de derrotas e fracassos, até chegar a seu nível mais
baixo, na atualidade.
O ponto de partida não era bom: o esgotamento do projeto de FHC, sem o cumprimento das promessas. A estabilidade monetária estava em risco [passou o governo com inflação em dois dígitos e aceleradamente crescente], o país vivia uma profunda e prolongada recessão, a desigualdade e a exclusão social tinham aumentado, o déficit público tinha crescido mais de 10 vezes. E, o principal, o prestígio do governo estava lá embaixo.
Tanto assim que o candidato à sucessão de FHC buscava distanciar-se do governo, ao invés de reivindicá-lo. Era o caminho para as derrotas sucessivas e o ‘débâcle’ atual: debater-se entre o dilema de reivindicar o governo FHC ou distanciar-se dele e aparecer, ao contrário, como uma versão do modelo alternativo, o do governo Lula.
Ao invés dos 20 anos de poder que um dos seus próceres havia anunciado, três derrotas sucessivas nas eleições para presidente, com diminuição substantiva dos governos estaduais e das bancadas parlamentares. Um balanço de quem tende à desaparição ou, pelo menos, à intranscendência política, com o risco de nem sequer chegar em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2014, com a quarta derrota para o PT.
A oposição conseguiu salvar seu núcleo original do governo de São Paulo, só que agora perdendo a capital. Mantém Minas Gerais e Paraná, como parte do núcleo mais conservador do eleitorado brasileiro, mas com graves riscos de perda desse último e com muitas dificuldades em Minas Gerais.
O balanço da oposição seria arrasador, não fosse o fortalecimento da outra vertente sua – a mídia –, que, diante da fraqueza da direita partidária, assumiu – segundo confissão própria – o papel de dirigente da oposição ao governo.
A fabricação do “mensalão” foi, sem dúvida, o maior sucesso da oposição e teve na mídia o seu grande protagonista. Com ele, logrou reverter a imagem do PT de partido ético para partido do “mensalão” – filão explorado interminavelmente pela mídia.
Como não dispunha de maioria no Congresso, a direita conseguiu incorporar o Judiciário, baseado no sucesso do marketing do “mensalão” e do fato de o monopólio da mídia bloquear as possibilidades de reverter essa campanha, com outra versão.
Esse sucesso tem efeitos ideológicos – desqualificação do PT, fortalecimento da campanha de desqualificação do Estado, da política, do Congressos, dos partidos –, mas não conseguiu ter efeitos no plano político. Nem fortalecimento eleitoral da direita, nem enfraquecer o prestígio popular do Lula e da Dilma.
A direita entra no décimo-primeiro ano de governo do PT enfraquecida, contando com a imprensa e com o Judiciário, mas sem capacidade de transformar esses elementos em força política, menos ainda eleitoral. A direita encara a real possibilidade de uma segunda década de governos progressistas, que ameaçam ser, para ela, uma segunda década de derrotas e de fracassos.”
O ponto de partida não era bom: o esgotamento do projeto de FHC, sem o cumprimento das promessas. A estabilidade monetária estava em risco [passou o governo com inflação em dois dígitos e aceleradamente crescente], o país vivia uma profunda e prolongada recessão, a desigualdade e a exclusão social tinham aumentado, o déficit público tinha crescido mais de 10 vezes. E, o principal, o prestígio do governo estava lá embaixo.
Tanto assim que o candidato à sucessão de FHC buscava distanciar-se do governo, ao invés de reivindicá-lo. Era o caminho para as derrotas sucessivas e o ‘débâcle’ atual: debater-se entre o dilema de reivindicar o governo FHC ou distanciar-se dele e aparecer, ao contrário, como uma versão do modelo alternativo, o do governo Lula.
Ao invés dos 20 anos de poder que um dos seus próceres havia anunciado, três derrotas sucessivas nas eleições para presidente, com diminuição substantiva dos governos estaduais e das bancadas parlamentares. Um balanço de quem tende à desaparição ou, pelo menos, à intranscendência política, com o risco de nem sequer chegar em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2014, com a quarta derrota para o PT.
A oposição conseguiu salvar seu núcleo original do governo de São Paulo, só que agora perdendo a capital. Mantém Minas Gerais e Paraná, como parte do núcleo mais conservador do eleitorado brasileiro, mas com graves riscos de perda desse último e com muitas dificuldades em Minas Gerais.
O balanço da oposição seria arrasador, não fosse o fortalecimento da outra vertente sua – a mídia –, que, diante da fraqueza da direita partidária, assumiu – segundo confissão própria – o papel de dirigente da oposição ao governo.
A fabricação do “mensalão” foi, sem dúvida, o maior sucesso da oposição e teve na mídia o seu grande protagonista. Com ele, logrou reverter a imagem do PT de partido ético para partido do “mensalão” – filão explorado interminavelmente pela mídia.
Como não dispunha de maioria no Congresso, a direita conseguiu incorporar o Judiciário, baseado no sucesso do marketing do “mensalão” e do fato de o monopólio da mídia bloquear as possibilidades de reverter essa campanha, com outra versão.
Esse sucesso tem efeitos ideológicos – desqualificação do PT, fortalecimento da campanha de desqualificação do Estado, da política, do Congressos, dos partidos –, mas não conseguiu ter efeitos no plano político. Nem fortalecimento eleitoral da direita, nem enfraquecer o prestígio popular do Lula e da Dilma.
A direita entra no décimo-primeiro ano de governo do PT enfraquecida, contando com a imprensa e com o Judiciário, mas sem capacidade de transformar esses elementos em força política, menos ainda eleitoral. A direita encara a real possibilidade de uma segunda década de governos progressistas, que ameaçam ser, para ela, uma segunda década de derrotas e de fracassos.”
FONTE: escrito por Emir Sader no
site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1177). [Imagem do google adicionada por este blog 'democracia&política'].
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