segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

INVESTIMENTOS DA PETROBRAS: Respostas ao jornal “O GLOBO”

Obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Divulgação Petrobras)

“Leia a reportagem “Contas que não fecham” (versão online: parte 1parte 2 e parte 3 [http://oglobo.globo.com/economia/gastos-da-petrobras-superaram-em-us-54-bi-sua-geracao-de-receitas-nos-ultimos-4-anos-7406635]; e versão impressa: parte 1parte 2parte 3 e parte 4 [http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/wp-content/uploads/2013/01/globo-graficos.png]), publicada na edição de domingo (27/01) do jornal “O Globo”. Confira, abaixo, as perguntas do veículo e as respostas enviadas pela Petrobras:

Pergunta: Estou fazendo uma matéria para este domingo sobre algumas heranças deixadas para a gestão atual da Petrobras pelo antecessor, Gabrielli, que são consideradas por especialistas e analistas de mercado como negativas. Queria saber se a Petrobras vai querer se pronunciar a respeito. Te passo alguns tópicos:

Tópico 1: aumento excessivo de investimentos, principalmente a partir do Plano de Negócios de 2009. A Petrobras passou a gastar cada vez mais do que sua capacidade de geração.

Resposta enviada pela Petrobras: É uma inverdade dizer que houve aumento excessivo em 2009. Se tomarmos desde o ano 2000, a Petrobras sempre cresceu seus investimentos, ano após ano, atingindo USD 29,9 bilhões em 2008, USD 35,4 bilhões em 2009, USD 43,5 bilhões em 2010 e USD 43,2 bilhões em 2011. A Petrobras investe mais porque possui uma carteira de oportunidade de bons projetos. Após a descoberta do pré-sal, evidentemente mais oportunidades de novos projetos apareceram, exigindo maiores investimentos. Investir mais do que a capacidade de geração de caixa faz sentido para as empresas durante os períodos em que grandes oportunidades justificam esses investimentos (ex.: Pré-Sal), o que se viabiliza pela captação de recursos externos (contratação de dívida).

Tópico 2: Para justificar esses investimentos elevados, a produção foi acelerada, metas altas que também passaram a não ser cumpridas. 

Resposta: É errado dizer que a produção foi acelerada para justificar investimentos. As metas de produção eram desafiadoras e não foram integralmente atingidas assim como os investimentos planejados não foram integralmente executados. Com o maior conhecimento adquirido na nova fronteira Pré-Sal, com a disponibilidade dos equipamentos críticos necessários (ex: sondas) e com os projetos de engenharia agora detalhados, em 2012, foi possível traçar metas melhor fundamentadas e, portanto, com maior grau de realidade com base em projetos típicos.

Tópico 3: Para cumprir o aumento da produção se deixou de fazer manutenção devida nas plataformas, o que acabou gerando brutal queda na produtividade de algumas, que chegaram a ser interditadas pela ANP.

Resposta: É incorreto dizer que houve queda brutal na produtividade. O declínio natural dos campos no Brasil situa-se em torno de 11%, nível adequado quando comparado com campos similares no mundo. Além disso, o histórico dos investimentos na bacia de Campos mostra que a área recebeu altos e crescentes investimentos nos últimos anos (saindo de R$ 4 bilhões em 2000, para mais de R$ 14 bilhões em 2011), o que invalida a afirmativa de que esses campos foram deixados de lado.

Tópico 4: A construção da Renest e do Comperj. Obras atrasaram e os preços se elevaram brutalmente. A Renest, que estava estimada em US$ 2 bilhões, está em quase US$ 20 bilhões, e o Comperj de US$ 8 bilhões, está orçada em mais de US$ 18 bilhões.

Resposta: Parte do aumento dos custos se refere a mudanças no escopo em função do detalhamento e execução do projeto, como ampliação de capacidades. No entanto, as maiores razões para o maior investimento residem na variação cambial, na elevação dos custos de construção de refinarias que ocorreu em todo o mundo entre os anos de 2006 a 2009, e nos reajustes contratuais ocorridos a cada ano devido à inflação. Além disso, a afirmação de atrasos e elevação de preços não pode ser separada do contexto de que a Petrobras passou 30 anos sem construir uma nova refinaria, e nunca antes com projeto nacional. As próximas refinarias incorporarão esse aprendizado recente.

Tópico 5 A compra da refinaria de Pasadena no valor total de US$ 1,1 bilhão.

Resposta: O valor da compra deve ser comparado com as condições de mercado e margens de refino do momento da compra, e não com as condições atuais. O cenário era de margens de refino crescentes, a demanda mundial também estava em crescimento e não havia previsões sobre a crise de 2008, nem de seus desdobramentos no segmento de refino. O valor de aquisição estava alinhado às transações no refino à época, conforme avaliação (fairness opinion) de instituição financeira de renome internacional. A compra da refinaria de Pasadena não se tratou de uma aquisição tradicional de ações de uma sociedade, em que as partes compradora e vendedora negociam um “preço de venda”, mas sim de operação decorrente do exercício de uma “put option” (obrigação de compra compulsória), validada em contencioso, em que o preço devido pela “Petrobras América” à ASTRA, sócia no empreendimento, foi fixado por um painel arbitral (e confirmado judicialmente) no valor de US$ 820 milhões. Cabe ressaltar que a Petrobras, durante todo o processo arbitral, empenhou seus melhores esforços na defesa dos seus interesses e dos de seus acionistas e obteve redução significativa no montante originalmente pleiteado pela ASTRA, que superava em muito o valor final da sentença arbitral.

Tópico 6: Os atrasos nas entregas de sondas e plataformas

Resposta: Os atrasos até agora registrados foram em sondas e plataformas fabricados no exterior, por empresas que fornecem para outras companhias de petróleo no mundo.

Tópico 7: O conteúdo local que acabou limitando o ritmo de investimentos da Petrobras. Os fornecedores também não conseguiram acompanhar o ritmo acelerado imposto anos atrás.

Resposta: O Conteúdo Local é uma exigência estabelecida nos Contratos de Concessão de Blocos licitados, e vale para todas as empresas que atuam no Brasil, não apenas para a Petrobras.

No entanto, entendemos que o Conteúdo Local viabiliza uma série de ganhos operacionais quando a indústria se desenvolve e se instala no Brasil, como assistência técnica mais próxima e eficiente, maior suporte pós venda e, consequentemente, maior disponibilidade operacional dos ativos, redução de estoques, redução do tempo de transporte e de prazo de entrega.

Nesse sentido, a gestão da Petrobras sempre buscou aproveitar ao máximo a capacidade competitiva da indústria nacional de bens e serviços para o atendimento das demandas com prazos e custos adequados às melhores práticas do mercado internacional.

Eventuais atrasos não estão restritos aos investimentos feitos no país. Por exemplo, as 14 sondas de perfuração para lâmina d’água superior a 2.000 metros que entraram em operação em 2012 e que tiveram atrasos em sua entrega superiores a 2 anos foram importadas, com conteúdo local zero (construídas na China, Coréia do Sul e Emirados Árabes Unidos).

Tópico 8: A defasagem dos combustíveis, depois de a Petrobras se beneficiar com o não repasse das quedas dos preços internacionais em 2008/9, agora está pagando um preço muito alto

Resposta: Observando o histórico de defasagens de preços, para mais e para menos, fica claro que houve momentos de perdas, mas também de ganhos para a Petrobras, que praticamente se compensam até 2011. Isso está alinhado com a política sempre informada pela Petrobras de não reajustar os preços seguindo a volatilidade do mercado, mas sim orientando-se pela ótica de longo prazo e de sustentabilidade do seu mercado.

Tópico 9: Com aumento do consumo, aumentam importações de diesel e gasolina. Mas tanto a Renest como o Comperj, que só começam em fins de 2014 e 2015, não vão produzir gasolina. Ou seja, os gastos com importação vão continuar

Resposta: O projeto da Rnest e Comperj maximizam diesel, que é o principal peso nas defasagens de preço das importações da Petrobras e é o produto historicamente de déficit no Brasil. Além disso, a visão de longo prazo da Petrobras, até 2020, aponta para um mercado mundial com maior disponibilidade de gasolina, dado que se projeta a “dieselização” da frota mundial. (esse termo diz respeito ao movimento gradativo dos consumidores pelo uso de automóveis movidos a diesel, em detrimento dos veículos movidos a gasolina.) Ou seja, o cenário de futuro da gasolina é de preços baixos no mundo, além da acirrada competição com o etanol no Brasil. O diesel, por sua vez, continuará altamente demandado no Brasil e no mercado mundial, o que justifica o alto rendimento em diesel das novas refinarias em construção.”

FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/01/26/investimentos-respostas-ao-jornal-o-globo/). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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