Por Mauro Santayana, no “Rede Democrática”
“Depois de pegar emprestados bilhões de reais a
juros subsidiados com o BNDES nos últimos anos, a Telefónica Brasil (VIVO) aprovou o pagamento de um bilhão,
seiscentos e cinquenta milhões de reais em dividendos, relativos apenas ao
lucro auferido nos três primeiros trimestres de 2012. Setenta e quatro por
cento dessa quantia, ou o equivalente a quase 500 milhões de euros, vai direto
para a matriz, na Espanha.
Quanto ao cabide de empregos do Conselho da
Telefónica – lembram que essa foi uma das
desculpas para a privatização das estatais, inclusive Telebras, na década de 90
? – continua lindo.
Mal saiu Iñaki Undargarin, ex-jogador de basquete e
genro do Rei Juan Carlos, o Caçador de
Elefantes, acusado de corrupção e contratado por um milhão e quinhentos mil
euros (quase 4 milhões de reais) por ano, como “conselheiro” para a América
Latina, já entrou Rodrigo Rato, ex-presidente do FMI e sob investigação por
fraude no banco estatal espanhol Bankia, que vai receber belíssima soma para
atuar como “consultor externo” da multinacional espanhola, que, no Brasil, é
comandada, há anos, por um ex-diretor da ANATEL.
Segundo “O Estado de S. Paulo”, as empresas de
telefonia que operam no Brasil tiveram expansão de sua receita em 8,3% ao ano,
desde 2005, e só reinvestiram 3% ao ano, no mesmo período.
Mais grave ainda é a revelação de que, desde a
privatização do sistema Telebrás, em 1998, as empresas investiram 390 bilhões,
contra uma receita calculada em quase dois trilhões de reais. Esse número é
obtido pela informação dos dois principais dirigentes da Oi e da Vivo, de que
foram investidos mais ou menos 20% da receita total. Se os investimentos foram
de 390 bilhões, basta multiplicar por cinco, para obter a receita total destes
14 anos. É bom lembrar que boa parte dos investimentos foram bancados pelo
BNDES, a juros de mãe amorosa.
O Brasil é o paraíso dos investidores estrangeiros, nesse sistema de colonialismo dissimulado. Há poucos dias, outro jornal, “O Globo”, divulgava que as montadoras de automóveis lucram 3 vezes mais em nosso país do que nos Estados Unidos. A margem de lucro dessas empresas, no Brasil, é de 10%, enquanto nos Estados Unidos não passa de 3%. E não só nos Estados Unidos os carros são muito mais baratos. Há modelos que custam duas vezes mais no Brasil do que na França, e 30% mais barato ali mesmo, na Argentina.
O Brasil é o paraíso dos investidores estrangeiros, nesse sistema de colonialismo dissimulado. Há poucos dias, outro jornal, “O Globo”, divulgava que as montadoras de automóveis lucram 3 vezes mais em nosso país do que nos Estados Unidos. A margem de lucro dessas empresas, no Brasil, é de 10%, enquanto nos Estados Unidos não passa de 3%. E não só nos Estados Unidos os carros são muito mais baratos. Há modelos que custam duas vezes mais no Brasil do que na França, e 30% mais barato ali mesmo, na Argentina.
A defesa do interesse nacional recomenda medidas
mais fortes de parte do Estado. O governo, no entanto, caminha lentamente. A
restauração da Telebrás, iniciada timidamente, timidamente se desenvolve. Há
visível desinteresse do Ministro Paulo Bernardo em dar à velha empresa nacional
os instrumentos de sua reorganização e funcionamento, para a universalização da
banda larga no país.
A privatização das empresas estatais brasileiras
foi decidida, como todos sabemos, em Washington, com a articulação dos
economistas neoliberais, no famoso “Consenso”, que não ouviu os povos, nem
examinou criteriosamente os efeitos da globalização exacerbada da economia.
Como se recorda, o objetivo, claro e desaforado, da
nova ordem que propunham era o de acabar com a democracia política e sua
substituição por um governo de gerentes a serviço do sistema financeiro
mundial. Nesse sentido, chegou-se a um “Acordo Mundial de Investimentos” que,
simplesmente, colocava o dinheiro sem pátria acima dos estados nacionais.
Muitas das cláusulas desse acordo foram cumpridas pelo governo neoliberal de
então [FHC/PSDB/DEM/PPS]. E só a reação da França e do Canadá impediu que o
tratado espúrio fosse assinado, oficialmente, pelos governos vassalos daquela
época, entre eles, o do Brasil.
Hoje, os mais lúcidos economistas do mundo
demonstram o erro cometido pelos países que privatizaram suas grandes empresas.
Entre eles, dois prêmios Nobel – Joseph Stiglitz e Paul Krugman.
Se a privatização fosse realmente uma vantagem, os
Estados Unidos já teriam privatizado a TVA – fundada por Roosevelt, em 1933 – e a Amtrak.”
FONTE: escrito por Mauro
Santayana, no “Rede Democrática”. Transcrito
no blog “Escrivinhador” (http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/teles-privatizadas-continuam-o-saque.html#more-17441). [Imagens do Google e título modificado adicionados por este blog
‘democracia&política’].
Nenhum comentário:
Postar um comentário