quinta-feira, 22 de maio de 2008

O AVIÃO (REAL) DE 2006 E O "AVIÃO" (FICTÍCIO) DE 2008

Ontem, postamos o artigo “Frustração da oposição: o avião não caiu”, cujo 1º parágrafo é: “A oposição esteve alvoroçada. Uma falsa notícia de impacto de um avião de passageiros da empresa Pantanal contra um prédio de São Paulo motivou imediatas críticas públicas de deputados e senadores do PSDB e DEM, “revoltados” com o “caos aéreo” e com a má gestão governamental do setor.”

Hoje, li um muito interessante artigo do jornalista Luiz Carlos Azenha, postado em seu blog em 21/05 com o título acima. Vale a pena abordar o assunto novamente, pois Azenha retrata a tragicômica atuação da mídia no Brasil.

Ele compara a notícia do falso acidente de anteontem com a explicação que foi dada pela “TV Globo” em 2006, por ela não ter noticiado, na véspera do 1º turno da eleição para presidente da República, o real acidente com o avião da GOL –“abatido” por pilotos norte-americanos que voavam em outro avião “apagados” (transponder e TCAS desligados) e na “contra-mão”. Era o maior acidente aeronáutico da história do Brasil e um dos maiores do mundo.

A TV Globo, naquela noite, na desesperada tentativa de tirar votos de Lula na véspera de eleição, preferiu silenciar sobre o acidente e dedicar grande parte do Jornal Nacional à foto do dinheiro que supostamente seria no futuro utilizado por pessoas “supostamente ligadas ao PT” para comprar um suposto dossiê sobre as reais falcatruas de reais e identificados políticos e governantes da oposição que fraudaram os cofres públicos na compra de centenas de ambulâncias hiperfaturadas.

Sobre esse assunto das ambulâncias, por coincidência, o jornalista Lustosa da Costa do Diário do Nordeste hoje publicou:

"Sanguessugas"
"Quando a imprensa tentou atribuir ao governo Lula o escândalo das ambulâncias, apareceu dossiê mostrando o então ministro José Serra, discursando no galpão de fornecedora de tais carros ao Ministério da Saúde, o que era objeto da investigação. Aí, a mídia inverteu a questão. O crime não eram mais as bandalheiras do tucanato, na compra dos carros, mas sim a tentativa de denunciá-las e, mais que isto, prová-las. Foi a primeira guerra de dossiês feita pela imprensa para mostrar que ninguém pode apontar crimes e erros dos tucanos, a não ser se arriscando à condenação eterna."

A Tv Globo e o restante da grande mídia, com aquela tentativa de novo escândalo contra o governo Lula usando a foto de um monte de dinheiro, conseguiram apenas levar a eleição para o 2º turno.

A TV Globo e a mídia em geral agiram assim, mesmo sabendo que transportar dinheiro dentro do país não é crime e que comprar “dossiê” também não é crime. Comprar muitas centenas de ambulâncias superfaturadas com o dinheiro público é crime grave, mas isso foi abafado pela imprensa.

Escreveu o Azenha ontem:

“Ali Kamel, explicando o motivo pelo qual o Jornal Nacional não noticiou o desaparecimento de um avião da Gol na mesma edição em que dedicou oito dos 37 minutos às fotos do dinheiro do dossiê, na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006:

As primeiras informações sobre o desaparecimento de um avião nos chegaram quando o JN já estava havia muito no ar (o telejornal teve início às 20h). Imediatamente, nossas equipes saíram à cata de informações, que eram escassas e sem confirmação. Seria um avião de passageiros que estava desaparecido ou atrasado? Ele era da Gol ou da Embraer? Ele sumiu em Mato Grosso, indo para Brasília, ou no Pará, indo para Manaus? Em nossas redações, foi aquela correria, mas todos tínhamos uma convicção: só poríamos a informação no ar quando tivéssemos certeza dela."

Azenha a seguir compara esse “criterioso” comportamento da TV Globo em 2006 com a maneira como ela noticiou anteontem um simples incêndio sem vítimas numa pequena fábrica de colchões:

“Narração da Globonews na tarde de 20/05/2008 sobre acidente de avião que não aconteceu:

Vemos que é uma área com grande concentração de prédios, prédios altos, uma área comercial da zona sul de São Paulo e o avião se chocou há pouco. Lembramos que ainda não temos informações sobre o que teria provocado esse acidente e nem sobre o número de vítimas. Imagens da fumaça ainda se espalhando pelo céu de São Paulo. Hoje faz um tempo bom em São Paulo, céu claro, portanto está descartada a possibilidade de problema de visualização por parte do piloto.”

A grande tragédia é a grande mídia brasileira.

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