quinta-feira, 17 de abril de 2014

POR QUE PASADENA SE TORNOU UM MAU NEGÓCIO




Por que Pasadena se tornou um mau negócio

Por Luis Nassif

"O depoimento da presidente da Petrobras Graça Foster ao Senado – sobre o caso Pasadena – ainda não permite entender completamente a operação.

Sua explicação para a compra da refinaria bateu com a do ex-presidente José Sérgio Gabrielli. O mercado brasileiro estava estagnado, o norte-americano era o maior do mundo e a refinaria ficava em um dos principais "hubs" petrolíferos dos Estados Unidos.

Havia uma diferença de preços entre o petróleo pesado – extraído pela Petrobras – e os derivados; era de US$ 10 por barril.

Posteriormente [com a crise mundial de 2008 até hoje], houve mudança radical no mercado internacional, com expressiva queda de consumo nos Estados Unidos, fim do diferencial entre óleo pesado e derivados e a descoberta do pré-sal alterando completamente a estratégia da Petrobras.

A partir daí, Pasadena tornou-se desinteressante.

Para completar, houve litígio com o sócio belga, a "Astra", que não se interessou em fazer os investimentos necessários para o aumento da eficiência da refinaria. Resultou daí o exercício, pela "Astra", da cláusula “put”, pelo qual ofereceu sua metade à Petrobras.

Os novos dados trazidos por Graça Foster foram os seguintes:

O investimento prévio da "Astra" na Pasadena não foi de US$ 42,5 milhões – como se divulgou – mas de,“no mínimo”, US$ 359 milhões.

Além da Pasadena, a Petrobras adquiriu participação em uma "trading" da "Astra", que detinha conhecimento sobre o mercado norte-americano, contratos firmados e licenças aprovadas. Por 50% da "trading", a Petrobras pagou US$ 170 milhões. Pelos 100% US$ 341 milhões. Antes do pronunciamento, pensava-se que esses recursos se referiam aos estoques da petróleo da refinaria.

No total, a Petrobras pagou US$ 554 milhões pelos 100% da Pasadena e US$ 341 milhões pela "trading". Também pagou custas judiciais e investimentos adicionais da "Astra". No total, US$ 1,25 bilhão.

Pelas explicações de Graça Foster, foram as mudanças no mercado internacional que tornaram a Pasadena um mau negócio.

Mas, na carta enviada ao "Estadão" – que deflagrou a atual onda de denúncias contra Petrobras e especificamente contra a operação Pasadena -, Dilma Rousseff dizia que, na apresentação feita ao Conselho de Administração faltaram duas informações relevantes: as cláusulas put (pela qual um sócio tem o direito de vender sua parte para o outro) e a cláusula Marlim (que garantia uma remuneração mínima à Astra sobre os investimentos novos, que acabaram não sendo feitos).

Cláusula put é comum nesse tipo de operação.

Na exposição, Graça explicou que a informação que faltou foi a chamada “put price”, isto é, as regras para a fixação de preço no caso de exercício da cláusula put.

As duas cláusulas precisavam ser informadas ao Conselho. Mas, nas condições de mercado da época, dificilmente teriam sido impeditivas para a aprovação da compra.

Finalmente, revelou que,nos dois primeiros meses do ano, a Pasadena deu um lucro líquido de US$ 58 milhões ao mês para a Petrobras.

Parte desse lucro alto se explica. Antes disso, todo o investimento em Pasadena foi lançado a prejuízo. Com isso, do lucro atual não se abate parte do investimento, a título de depreciação. Mesmo assim, mantidas as atuais condições de mercado (se Graça Foster não se confundiu nos números), em dez meses a Pasadena poderia zerar o prejuízo."

FONTE: escrito por Luis Nassif no seu blog no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/porque-pasadena-tornou-se-um-mau-negocio).

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