quarta-feira, 9 de junho de 2010

FILHO DE PERNAMBUCO INVESTIU MAIS DE R$ 24 BI EM OBRAS NO CEARÁ

"Numa demonstração de que o governo federal tem atuado firmemente no estado do Ceará, o presidente Lula, em entrevista exclusiva e por escrito ao jornal O Povo, de Fortaleza (CE), informou que no período 2007 a 2010, foram destinados R$ 24,2 bilhões para obras do PAC no estado. Do total de 98 obras, algumas estão em projeto/licenciamento, outras em licitação ou execução, e algumas já foram concluídas.

ENTREVISTA EXCLUSIVA CONCEDIDA POR ESCRITO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, AO JORNAL O POVO, DO CEARÁ

Jornalista: O senhor participa, no Ceará, de aula inaugural do programa Projovem Urbano. Qual autocrítica o governo faz das iniciativas adotadas para o segmento ao longo dos últimos sete anos e meio, considerando-se que a violência urbana tem o jovem como um dos seus atores mais presentes. Como efeito e como causa.

Presidente:
Durante muitas décadas, o Estado brasileiro foi omisso, deixando a juventude fora de suas prioridades. Todo jovem precisa ter oportunidade para não se desviar e cair na marginalidade e nós, para recuperar o tempo perdido, estamos atacando o problema com mais educação e mais emprego. Desde 2003, 12,7 milhões de pessoas entraram para o mercado formal de trabalho no País, um recorde histórico. Boa parte dessas novas vagas foi preenchida por jovens. Mesmo quando contamos apenas até 2008, são cerca de 3,3 milhões de novos postos de trabalho com carteira assinada gerados no Brasil para a faixa de 18 a 29 anos. Foi uma mudança da água para o vinho. E os jovens sabem disso. Continuamos aumentando as chances de entrada no mercado, com o ensino profissional. Recentemente, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostrou que os cursos profissionalizantes aumentam em até 48% a chance de conseguir emprego, e com salário 12% maior. Veja que, em quase 100 anos, o Brasil construiu 140 escolas técnicas e apenas no nosso período de governo estamos construindo mais 214. Dessas, 119 já estão em funcionamento. E esses jovens podem prosseguir com os estudos no nível superior, em função dos grandes investimentos que estamos fazendo no setor. Nós aumentamos o número de vagas de entrada nas universidades federais de 113 mil, em 2003, para 227 mil, em 2009. Estamos construindo 14 novas universidades e 124 extensões universitárias, sobretudo no interior. E com o Prouni, fornecemos bolsas de estudos para 704 mil jovens carentes cursarem faculdades particulares. Mas nós estamos atentos também à parcela da juventude que está fora da escola e do mercado de trabalho e, por isso, instituímos o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), que é executado em parceria com vários ministérios e oferece a conclusão do ensino fundamental e capacitação profissional. Além de atacar a essência do problema, com a grande ampliação das oportunidades de conquistarem uma profissão, nós estamos tomando várias outras iniciativas. Em 2005, criamos o Conselho e também a Secretaria Nacional de Juventude. De 2003 até o final de 2010, pelo menos 11 milhões de jovens terão sido atendidos pelos programas citados e pelo Pronasci, Pontos de Cultura, Pronaf Jovem, Programa Segundo Tempo, Bolsa Variável do Jovem (do Programa Bolsa Família), e tantos outros que nem daria pra citar aqui. Realizamos, em 2008, a 1ª Conferência Nacional de Juventude, processo que mobilizou mais de 400 mil pessoas e resultou na aprovação de 22 prioridades da Política Nacional de Juventude. Embora ainda haja muito a ser feito, estou certo de que tivemos avanços importantes. O compromisso do Brasil, agora, é o de dar continuidade e aprimorar essas iniciativas, que precisam ser consolidadas para que o país continue reduzindo a grande dívida que acumulou com os seus jovens ao longo do tempo.

Jornalista: O senador Tasso Jereissati, do PSDB, tem desafiado aliados do governo e, até, jornalistas, a apontarem uma obra do PAC que tenha sido concluída no Ceará, alegando que não existe uma só para ser citada. O senhor poderia respondê-lo?

Presidente:
O povo do Ceará é inteligente – se as obras do PAC não existissem de fato, ele perceberia e não estaria apoiando cada vez mais o nosso governo, conforme mostram todas as pesquisas de opinião. O Estado tem nada menos que 98 obras do PAC em diversas fases: em projeto ou licenciamento, em licitação, em execução e concluídas. Em relação às obras concluídas, posso citar a Termoceará, usina a Gás Natural da Petrobras, com recursos de R$ 104,6 milhões; 8 Parques Eólicos (que aproveitam a energia dos ventos): Beberibe, Canoa Quebrada Rosa dos Ventos, Foz do Rio Choró, Lagoa do Mato, Paracuru, Praia Formosa, Praias de Parajuru e Taíba Albatroz; Linhas de Transmissão Milagres-Tauá e Milagres-Coremas; Terminal de Gás Natural Liquefeito em Pecém; Usina de Biodiesel da Petrobras, em Quixadá; financiamentos liberados para a casa própria, no total de R$ 1,7 bilhão; o novo Terminal de Cargas e a Nova Torre de Controle do Aeroporto de Fortaleza, um investimento de R$ 25,6 milhões; os eixos de Integração Orós-Feiticeiro e Curral Velho-Pacajus; a meta original do programa Luz para Todos, de 112 mil ligações na zona rural, não só foi atingida como superada – hoje, já são 137 mil ligações concluídas. Muitas outras obras estão em fase de conclusão e serão entregues ainda este ano aos cearenses. No total, são R$ 24,2 bilhões de recursos do PAC para o Ceará no período 2007-2010 e R$ 24,4 bilhões após 2010, de empreendimentos exclusivos e também regionais. Entre os regionais, isto é, que contemplam outros estados além do Ceará, citamos a Ferrovia Transnordestina e o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional, chamado também de Transposição do São Francisco. Os dois empreendimentos estão em obras. Estamos também viabilizando pleitos históricos dos cearenses, como a Siderúrgica do Pecém e a Refinaria Premium II. Os descrentes, que quando governaram não realizaram obras significativas, ainda beberão no Ceará da água que chegará ao Estado, graças à Transposição do São Francisco, e andarão nos trens da Ferrovia Transnordestina. O pior cego é aquele que não quer ver.

Jornalista: Costuma-se ouvir, aqui no Ceará, que o fato de o senhor ter nascido em Pernambuco determina uma maior concentração de investimentos federais naquele estado. Há alguma relação entre as situações? O senhor admite que Pernambuco tem sido melhor tratado no Nordeste?

Presidente:
Não, isso é ciúme sem o menor motivo. Eu já disse várias vezes e vou repetir: tenho muito orgulho de ser caeteense, pernambucano e nordestino, mas esse fato conta muito apenas do ponto de vista pessoal, afetivo. No exercício da Presidência, no entanto, eu tenho que olhar por todos os estados e por todos os brasileiros. Não posso privilegiar um município, um Estado ou uma Região porque sou natural dali ou então porque os governantes são da base de apoio do governo. Só não trato a todos de maneira igual porque aí também seria injustiça. Eu privilegio aqueles brasileiros e aqueles locais que estão mais atrasados em relação aos demais. Eu busco o equilíbrio, atuo procurando reduzir as desigualdades sociais e regionais. Nesse ponto, levo em conta os ensinamentos de Dona Lindu, minha mãe. Ela dizia que gostava de todos os filhos de maneira igual, mas que procurava dar mais atenção, alimentar melhor e botar para dormir com ela aquele que estivesse mais fraquinho, mais necessitado de cuidados. É essa a filosofia que sigo para o Nordeste como um todo. Realmente, é uma estratégia de governo elevar as regiões que foram menos favorecidas durante anos, como o Nordeste, a um novo patamar na escala de oportunidades deste país. Já não era mais possível o Nordeste continuar sendo considerada a parte pobre do nosso País, como se tivesse cidadãos de segunda categoria. Por isso, estamos fazendo investimentos como nunca foram feitos nesta Região, em todas as áreas. Se você pegar os dados de emprego, vai perceber que, nos últimos doze meses, foram gerados mais de 363 mil empregos com carteira assinada no Nordeste, número inferior apenas ao da região Sudeste. No Ceará, foram abertas 84 mil vagas nesse período, o segundo maior saldo da região, superando Pernambuco e ficando atrás apenas na Bahia.

Jornalista: O palanque dos partidos aliados no Ceará enfrenta um problema relacionado às conveniências locais, quando parecem ameaçar as conveniências nacionais. O PT pode abrir mão da candidatura do deputado federal José Pimentel ao Senado para acomodar o interesse de aliados do porte do PSB do governador Cid Gomes e do PMDB do deputado Eunício Oliveira?

Presidente:
Eu acho que todos esses nomes têm legitimidade e história para concorrer ao Senado. Em princípio, considero que não haverá dificuldade, uma vez que você citou dois nomes, Eunício Oliveira e José Pimentel, e estamos falando de duas vagas. A questão deve ser encaminhada e resolvida pelas lideranças e direções partidárias. O jogo ainda não acabou e estou convencido de que antes do apito final será encontrada a melhor solução, de tal modo a manter unida a nossa base de apoio no Estado. Dessa forma, seremos competitivos e conseguiremos eleger os que estão comprometidos efetivamente com o projeto político que nós estamos implementando e que conta com amplo apoio da população.

Jornalista: De que forma o senhor avalia a saída do deputado federal Ciro Gomes da disputa presidencial em 2010 e como reage às especulações de que interveio junto a partidos aliados para que a candidatura dele não se viabilizasse?

Presidente:
Isso não existe. O PSB é um partido sério, formado por gente íntegra, comprometida com as mudanças e com o progresso econômico e social do nosso país. É um partido independente – eu posso garantir que seus dirigentes não se subordinariam a qualquer tipo de imposição que pudesse ter havido. Ciro Gomes é um brasileiro formidável, foi um ministro muito eficiente e leal e reúne todas as condições para pleitear a Presidência. Ele é jovem e tem ainda um grande futuro pela frente. O que aconteceu foi que o PSB se reuniu e decidiu soberanamente que este ano o mais correto politicamente é apoiar a candidata que deve ser escolhida pelos partidos da base aliada. Na verdade, estavam em jogo duas propostas: uma delas considerava melhor que a base aliada tivesse dois candidatos para enfrentar a oposição e forçar um segundo turno; e a outra, de que a base aliada deveria unir-se em torno de um só candidato desde o começo e não se dividir. A evolução dos acontecimentos deixou claro que essa última alternativa é a melhor. Não se trata de uma questão pessoal, mas de estratégia política.”

FONTE: publicado no Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/) [título colocado por este blog].

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