Por Emir
Sader
“A
direita odeia a América Latina. Antes de tudo porque sua mentalidade colonial e
seus interesses a vinculam aos países do centro do capitalismo, aos Estados
Unidos em particular, que têm uma relação histórica de conflitos com o nosso
continente. A direita nunca esconde sua posição subserviente em relação aos EUA.
Adorava quando os países latino-americanos eram quintal traseiro do império,
quando, por exemplo, na década de 90 do século passado, não expressavam nenhum
interesse diferente dos de Washington e buscavam reproduzir suas políticas.
A direita não entende a América Latina, nem pode entender, porque sua cabeça é a da anulação diante do que as potências imperiais enviam para nossos países, de aceitação resignada e feliz aos interesses dessas potências.
Para começar, compreender a América Latina como continente é entender o que a unifica como continente: o fenômeno histórico de ter sido colonizada pelas potências europeias e ter sido transformada posteriormente em região de dominação privilegiada dos EUA.
Daí a incapacidade da direita de entender o significado do nacionalismo e dos líderes nacionais, porque, para a direita, não há dominação e exploração imperialista, menos ainda o conceito de nação. Esses líderes seriam, então, demagogos populistas, que se valeriam de visões fictícias para fabricar sua liderança carismática, fundada no apoio popular.
A própria existência da América Latina como continente é questionada pela direita. Ressalta as diferenças entre o México e o Uruguai, o Brasil e o Haiti, a Argentina e a Guatemala, para tentar passar a ideia de que se trata de um agregado de países sem características comuns.
Não mencionam as diferenças entre a Inglaterra e a Grécia, Portugal e a Alemanha, Suécia e Espanha que, no entanto, compõem um continente comum. Por quê? Porque tiveram e têm um lugar comum no sistema capitalista mundial: foram colonizadores, hoje são imperialistas. Enquanto que os países latino-americanos, tendo diferenças culturais muito menores do que os países europeus entre si, fomos colonizados e hoje sofremos a dominação imperialista.
Esses elementos de caracterização são desconhecidos pela direita, para a qual o mundo é composto por países modernos e países atrasados, sem articulação como sistema, entre centro e periferia, entre dominadores e dominados.
Assim a direita nunca entendeu e se opôs sempre tenazmente aos maiores líderes populares do continente, como Getúlio, Perón, Lazaro Cárdenas e, hoje, se opõe frontalmente a Hugo Chávez, a Lula, aos Kirchner, a Mujica, a Evo, a Rafael Correa, a Dilma, a Maduro, além, é claro, a Fidel e a Che. Não compreendem por que foram e são os dirigentes políticos mais importantes do continente, porque têm o apoio popular que os políticos da direita nunca tiveram.
Ainda mais agora, quando a América Latina consegue resistir à crise, não entrar em recessão, continuar diminuindo a desigualdade e projetar líderes como Chávez, Lula, Evo, Rafael Correa, Mujica, Dilma, a incapacidade de dar conta do continente aumenta por parte da velha mídia. Sua ignorância, seus clichês, seus preconceitos a impedem de entender essa dinâmica própria do continente.
Só resta à direita odiar a América Latina, porque odeia os movimentos populares, os líderes de esquerda, a luta anti-imperialista, a crítica ao capitalismo. Odeiam o que não podem entender, mas, principalmente, odeiam porque a América Latina protagoniza um movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa.”
A direita não entende a América Latina, nem pode entender, porque sua cabeça é a da anulação diante do que as potências imperiais enviam para nossos países, de aceitação resignada e feliz aos interesses dessas potências.
Para começar, compreender a América Latina como continente é entender o que a unifica como continente: o fenômeno histórico de ter sido colonizada pelas potências europeias e ter sido transformada posteriormente em região de dominação privilegiada dos EUA.
Daí a incapacidade da direita de entender o significado do nacionalismo e dos líderes nacionais, porque, para a direita, não há dominação e exploração imperialista, menos ainda o conceito de nação. Esses líderes seriam, então, demagogos populistas, que se valeriam de visões fictícias para fabricar sua liderança carismática, fundada no apoio popular.
A própria existência da América Latina como continente é questionada pela direita. Ressalta as diferenças entre o México e o Uruguai, o Brasil e o Haiti, a Argentina e a Guatemala, para tentar passar a ideia de que se trata de um agregado de países sem características comuns.
Não mencionam as diferenças entre a Inglaterra e a Grécia, Portugal e a Alemanha, Suécia e Espanha que, no entanto, compõem um continente comum. Por quê? Porque tiveram e têm um lugar comum no sistema capitalista mundial: foram colonizadores, hoje são imperialistas. Enquanto que os países latino-americanos, tendo diferenças culturais muito menores do que os países europeus entre si, fomos colonizados e hoje sofremos a dominação imperialista.
Esses elementos de caracterização são desconhecidos pela direita, para a qual o mundo é composto por países modernos e países atrasados, sem articulação como sistema, entre centro e periferia, entre dominadores e dominados.
Assim a direita nunca entendeu e se opôs sempre tenazmente aos maiores líderes populares do continente, como Getúlio, Perón, Lazaro Cárdenas e, hoje, se opõe frontalmente a Hugo Chávez, a Lula, aos Kirchner, a Mujica, a Evo, a Rafael Correa, a Dilma, a Maduro, além, é claro, a Fidel e a Che. Não compreendem por que foram e são os dirigentes políticos mais importantes do continente, porque têm o apoio popular que os políticos da direita nunca tiveram.
Ainda mais agora, quando a América Latina consegue resistir à crise, não entrar em recessão, continuar diminuindo a desigualdade e projetar líderes como Chávez, Lula, Evo, Rafael Correa, Mujica, Dilma, a incapacidade de dar conta do continente aumenta por parte da velha mídia. Sua ignorância, seus clichês, seus preconceitos a impedem de entender essa dinâmica própria do continente.
Só resta à direita odiar a América Latina, porque odeia os movimentos populares, os líderes de esquerda, a luta anti-imperialista, a crítica ao capitalismo. Odeiam o que não podem entender, mas, principalmente, odeiam porque a América Latina protagoniza um movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa.”
FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site
“Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1204). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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