segunda-feira, 18 de março de 2013

A MENTIRA GLOBALIZADA


“No estudo da História Universal, descobrimos omissões e mentiras que sempre favoreceram os poderosos nas suas conquistas e "descobertas" de territórios e povos, que não estavam perdidos até sofrerem as invasões "civilizadoras".

Por Zillah Branco, especial para o portal “Vermelho”

No século 20 e 21, o pretexto usado para destruir o equilíbrio cultural e social de povos mais tranquilos que o padrão ambicioso e cruel dos invasores foi a "pacificação" ou a defesa dos "direitos humanos".

Tudo mentira, fundamentados no conceito adotado pela doutrina fascista de que "uma mentira repetida muitas vezes parece ser uma verdade". E, com as técnicas da publicidade moderna, a velocidade de divulgação das mentiras, por todo o planeta e através de caminhos abertos pela comunicação social que penetram no sistema de ensino e na formação cultural, não há barreira possível aos seus efeitos nefastos fora de uma permanente luta revolucionária em defesa da verdade e da realidade humana.

Na Europa, desvendou-se a grosseira mentira das grandes empresas alimentares multinacionais que transformam as mulas proibidas de manterem o transporte tradicional em países subdesenvolvidos (agora chamados "em desenvolvimento", outra mentira) em bovinos, para comporem os produtos elaborados com carne moída. Nada contra a carne dos equinos, mas sim contra a mentira no sistema comercial. Pouco se diz da outra mentira, mais antiga, dos hambúrgueres feitos com minhocas, que passam como de vacas, ou da improvável vigilância sanitária dos novos "bovinos sem pernas ou com cabeça de equino".

Para que a opinião pública esqueça esse problema de interesse mais financeiro que de saúde, a União Europeia fez nova acusação, agora contra a indústria de cosméticos, por testar os seus produtos em animais. Surpresa! Não são as cobaias sempre usadas pela indústria farmacêutica para testar os medicamentos? O número de mentiras já se confunde no cruzamento de redes. Em geral, deixam de ser discutidas porque a velocidade das notícias e a enxurrada de informações afogam o conhecimento público. Em último caso, inventam mais uma guerra, um ato terrorista de arrepiar, uma nova moda de esporte de risco, a produção de um cão cruzado com leão para garantir (!!!) a segurança de alguns (e ameaçar a de outros menos protegidos).

A lista de mentiras atuais é enorme, se pensarmos no sistema bancário que tem todo o tipo de taxas e juros adaptados às conveniências imediatas da instituição e seus amigalhaços. Já é bem conhecido o enriquecimento dos intermediários entre os créditos bancários e os Estados "ajudados" pelo FMI ou pela União Europeia. Circulando em torno do dinheiro, como abelhas à volta do mel, há uma corja de vampiros que trabalham politicamente para que os governos financiem os bancos que emprestarão com juros mais baixos às instituições internacionais que vão cobrar juros ainda maiores aos povos para "salvar" o país pobre. Os "endividados" são sempre os países pobres, o povo trabalhador, não os gestores da vida econômica que consomem os recursos nacionais em elevadíssimos salários acompanhados de despesas supérfluas astronômicas.

Mas também podemos citar os "erros" administrativos cometidos pelos Estados que se multiplicam sempre a favor dos mandantes, corroendo salários, impostos, taxas, e todas as operações financeiras que afetam a população. Há empresas concessionárias de serviço público que cobram uma taxa inicial, com a função de matrícula do consumidor, que depois fica incorporada nas mensalidades onerando a conta como se fosse consumo. Quem não sofreu cobranças multiplicadas por "engano" que, no melhor dos casos, quando descobertas ficam resolvidas com um pedido de desculpas. É verdade que esses bilhões de erros alimentam os empregos de profissionais alienados, muitos deles financiados pela rede mafiosa. E o problema do desemprego, que na verdade é criado pelo mesmo sistema que faz girar o capital, enriquecendo a elite financeira e a corja política que é a sua parasita natural, aparece como ameaça à população que vive do seu trabalho. Tudo aparece como culpa de quem consegue ter um emprego para que a elite enriqueça sem escrúpulos, fazendo o povo desacreditar os profissionais empregados que dão a cara na função pública.

E passamos à especialização da mentira com que os governantes antidemocráticos, como os de Portugal agora, por exemplo, terminam a sua formação de economistas, administradores, juristas, pela cartilha do neocapitalismo. Veem o Estado como uma empresa sempre mal gerida porque tem de atender a vários interesses, desde os eleitores que cobram um lugar com bom salário, à população que precisa de escola, médico, previdência social etc, etc, até aos seus apadrinhados. E deduzem que daí surgem os problemas de má gestão governativa e sem capacidade para fiscalizar os desmandos da sociedade que deixa de produzir e de criar empregos. É uma historinha mal contada, mas que está nos compêndios em linguagem empolada e com muita teoria à mistura.

O antigo líder sindical Manuel Carvalho da Silva, da CGTP em Portugal, hoje professor universitário da matéria que conheceu primeiro na realidade dos movimentos sociais e depois no estudo teórico, explica em uma frase simples: o desemprego que cresce na Europa traduz-se no fechamento das empresas nacionais e, consequentemente, na queda da produção que aprofunda a crise. Essa política de austeridade imposta pela UE e o FMI impede qualquer saída democrática aos países. Lembra que, para controlar a crise do sistema em 1929, o Presidente Roosevelt dos Estados Unidos criou empregos no Estado para absorver a mão de obra despedida das empresas em falência. Ao contrário, na Europa agora o Estado despede, sugere aos jovens a emigração para os países em desenvolvimento, substitui as empresas nacionais pela multinacionais que compram os países mais pobres que estão em "saldo".

Combine-se essa afirmação de Manuel Carvalho com a do ex-primeiro ministro alemão, Shroeder, de que a situação europeia hoje "assusta pela semelhança com a dos anos que precederam a Segunda Grande Guerra", e vemos que, com ideologias diferentes, a lógica dos que analisam com honestidade a situação criada pela elite, que domina a União Europeia casada com a do Império norte-americano, é a mesma e aponta o risco de uma terceira guerra.

Parece absurdo? O planeta está sendo governado por uma elite que põe no chinelo o famoso Maquiavel que definiu o caminho frio e cínico a ser seguido por uma elite soberana em busca de êxito sem estar preocupado com os direitos e necessidades dos seres humanos que compõem os povos. Qual a função das mentiras oficiais que atiram areia aos olhos e transformam as pessoas em alienados dóceis ao comando?”

FONTE: escrito pela socióloga Zillah Branco, especial para o portal “Vermelho”.  (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=208622&id_secao=10
) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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