sábado, 2 de maio de 2015

NOVOS BANCOS "INTERNACIONAIS", PORÉM INDEPENDENTES DOS EUA





Bancos internacionais, mas independentes do império


"Os EUA estão desconfortáveis com o novo 'Banco de Investimentos e Infraestrutura da Ásia', pois ele poderá ocupar um vácuo deixado pelo Banco Mundial.

Por Antonio Gershenson, no "La Jornada", do México

No dia 24 de outubro de 2014, foi criado oficialmente o "Banco de Investimentos e Infraestrutura da Ásia" (AIIB, por suas iniciais em inglês), órgão que, segundo a imprensa internacional, surge do especial interesse da China em sua criação, o mesmo país que também formou novos bancos recentemente com outros parceiros. Muito já se falou, principalmente, sobre o Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e na reunião desses e de outros países emergentes no Brasil, em 2014. Também há iniciativas semelhantes impulsionadas pelas novas instâncias regionais da América Latina. Mas agora existe uma grande diferença: nenhum dos outros projetos abraça mais de dez países. No caso do AIIB, se trata de 21 países asiáticos, e deixa de fora alguns economicamente fortes, como Japão (do primeiro mundo), Indonésia, Coreia do Sul, Arábia Saudita e Austrália (também do primeiro mundo).

Índia e Paquistão são países importantes que já participaram em reuniões anteriores com China, Rússia e outros países, com os bancos entre seus objetivos. A lista completa dos integrantes do AIIB inclui: Bangladesh, Brunei, Cambodja, China, Índia; Cazaquistão, Kuwait, Laos, Malásia, Mongólia, Myanmar, Nepal, Omã, Paquistão, Filipinas, Qatar, Cingapura, Sri Lanka, Tailândia, Uzbequistão e Vietnã.

Os chefes de Estado dos países-membros assinaram um primeiro documento para constituir o banco com sua participação. Funcionários dos Estados Unidos mostraram certo desconforto, sobretudo pelo risco de que se invada o campo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, como fizeram os outros bancos multinacionais mencionados.

Não se deve ignorar nenhuma parte importante das mudanças em nível mundial. Desde princípios de 2012, nós vínhamos falando nessas mudanças, cujos elementos vêm sendo confirmados conforme previsto, como o estancamento da União Europeia e o maior crescimento de países como China e Índia, e que agora também podemos incluir a Mongólia.

Em julho de 2014, no Brasil, uma reunião dos BRICS contou com numerosos eventos adicionais. Em setembro, na Ásia Central, se reuniu a "Organização para a Cooperação de Shanghai", sem seis países, entre eles Rússia e China, mas com mais participantes, alguns em processo de integração ao organismo, como Índia, Mongólia e Paquistão, que também representaram um avanço.

Esse conjunto de iniciativas, às quais se inclui a criação do AIIB, são alguns passos no processo de maior independência na relação com os países que dirigem a maioria das empresas transnacionais. É evidente que a política mexicana vai num sentido contrário, o de aumentar essa dependência, em vários aspectos, mas principalmente nos setores energético e mineiro.

Esse movimento internacional tem repercussão também nos Estados Unidos. Nas últimas eleições, foi aprovada a proibição do "fracking" em Denton, no estado petroleiro do Texas, onde essa técnica de perfuração usada pelas transacionais é utilizada e causa enorme desperdício de água para a população, em nome da busca por gás e petróleo. Uma conquista que já havia sido alcançada em outros três estados do nordeste do país, e que será plebiscitada em vários outros.

O governo mexicano, não só pela forma como a violência afeta a imagem do país em nível nacional e internacional, mas também pelos problemas econômicos – entre outros, as sucessivas baixas nos preços do petróleo em exportação –, se encontra numa situação difícil, e ainda assim continua com sua política favorável às grandes empresas, sobretudo as estrangeiras.

O preço do barril anda pela casa dos 74 dólares, quando superava os 100 dólares há alguns meses atrás. Como o governo que já hipotecou recursos e investiu dinheiro previamente sem calcular os resultados, fica difícil cobrir suas carências apenas com discursos.

E se isso já não é suficiente, sua produção de petróleo continua baixando. Enquanto isso, os movimentos populares se mantêm mobilizados. É normal que de vejam sem solução contra uma autoridade que busca responder com ainda mais violência, como se a já usada fosse pouco.

Estamos para ver como irão evoluir os temas mas devemos estar atentos, e deixar claro quais são os fatos importantes das mudanças globais que mencionamos no começo, e como elas afetam cada país envolvido."

FONTE: escrito por Antonio Gershenson, no "La Jornada", do México. Transcrito no portal "Carta Maior"  (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Bancos-internacionais-mas-independentes-do-imperio/7/33323).

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