sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
OBAMA ANUNCIA GUERRA, NAS ENTRELINHAS
TUDO QUE RELUZ É... PETRÓLEO
Por Pepe Escobar, no “Asia Times Online”
“ALL THAT GLITTERS IS ... OIL”
“No discurso “O Estado da União”, quarta-feira (25), o presidente dos EUA Barack Obama disse “Que ninguém duvide: os EUA estamos determinados a evitar que o Irã chegue à bomba atômica, e não excluirei de sobre a mesa nenhuma opção para atingir aquele objetivo”. [1]
No mundo real, a frase significa que "Washington quer ir à guerra" – a guerra econômica já está em curso – contra um país que assinou o “Tratado de Não Proliferação Nuclear” e não está construindo armas atômicas, como já declararam a “Agência Internacional de Energia Atômica” e a mais recente “US National Intelligence Estimate”.
Obama também disse que “o regime de Teerã está mais isolado do que nunca; seus líderes sofrem sob o peso de sanções paralisantes, e, enquanto fugirem às suas responsabilidades, a pressão não diminuirá”.
“Isolado?” Não, não. O Irã não está isolado. Leiam “O mito do Irã ‘isolado” http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/pepe-escobar-o-mito-do-ira-isolado.html. Nem, tampouco, é a liderança iraniana quem sofre sob o peso de sanções paralisantes: quem sofre é a absoluta maioria de 78 milhões de iranianos pobres.
Em declaração antes do discurso, Obama “aplaudiu” a decisão da União Europeia de impor embargo contra o petróleo do Irã, e acrescentou que “Aquelas sanções demonstram, mais uma vez, a unidade da comunidade internacional”.
OK. Mas a tal “unidade da comunidade internacional” é composta [somente] de EUA, países da OTAN, Israel e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, também conhecido como “Clube Contrarrevolucionário do Golfo”); o resto do mundo é miragem.
VENHA PARA O PROGRAMA PETRÓLEO-POR-OURO
Dois países BRICS, Índia e China, juntos, compram, pelo menos, 40% do petróleo que o Irã exporta, 1 milhão de barris/dia. 12% do petróleo de que a Índia necessita. E a China comprou, ano passado, 30% mais petróleo do Irã que em 2010, média de 557 mil barris/dia.
A “comunidade internacional”, de verdade, já está tomando conhecimento de que a Índia começará a pagar em ouro pelo petróleo iraniano – não com rúpias-, através do banco estatal UCO indiano e do banco estatal Halk Bankasi, turco. Pequim – que já negocia com o Irã em yuans – pode também mudar-se para o ouro. Desnecessário lembrar que ambas, Delhi e Pequim, são grandes produtoras de ouro, com muito ouro nos cofres.
O “Ano do Dragão” começará com muito barulho: pode bem ser o “padrão-ouro do Ano do Dragão”.
Todos recordam o fracassado programa da ONU “petróleo-por-comida”, que matou de fome os iraquianos nos anos antes da invasão/ocupação dos EUA, em 2003. Iraquianos médios pagaram preço terrível pelas sanções de ONU/EUA, e o programa “petróleo-por-comida” só beneficiou o sistema de Saddam Hussein.
Agora, o negócio é muito mais sério; é o programa “petróleo-por-ouro”, iniciativa de BRICS + Irã, que beneficiará a liderança da República Islâmica e, talvez, alivie os efeitos das sanções sobre a população iraniana. Consequências globais: a cotação do ouro sobe; o petrodólar cai; os mercadores de petróleo abrem garrafas de Moet em cataratas.
Outro país BRICS, a Rússia, já negocia com o Irã em rials e rublos. E a Turquia, aspirante a membro do grupo BRICS – e que também é membro da OTAN – não acompanhará as sanções de EUA/União Europeia, se não forem impostas pelo Conselho de Segurança da ONU (não-não, porque Rússia e China, membros permanentes, vetarão).
Em dois meses, o primeiro-ministro Vladimir Putin – que enfurece/apavora Washington e Bruxelas como um “neo Vlad, o Impalador” – estará de volta à presidência da Rússia. É quando os poodles atlanticistas saberão o que é jogo à vera.
Enquanto isso, Teerã jamais se curvará às sanções ocidentais – muito menos com vários mecanismos laterais/subterrâneos já implantados para vender seu petróleo e que envolvem três países BRICS mais dois aliados dos EUA, Japão e Coreia do Sul, os quais, provavelmente, conseguirão que o governo Obama os isente de cumprir as sanções.
Dado que isso tudo jamais teve algo a ver com inexistente arma nuclear, a liderança em Teerã só terá de seguir um parâmetro supremo de estratégia: “não caia em provocações ou em arapucas de operações clandestinas sob falsas bandeiras, que serviriam como casus belli para um ataque de guerra do eixo EUA/Grã-Bretanha/Israel.”
E tudo isso, enquanto tendências no horizonte – sobrecarregado – apontam para o que se pode chamar de “Zona Asiática de Exclusão do Dólar”, a qual, para muitas mentes espertas no mundo em desenvolvimento, pode pavimentar a estrada para uma moeda lastreada em energia, a ser usada pelos BRICS e pelo Grupo dos 77 (G-77) para resistir ao cada vez mais desesperado – e sem rumo – ocidente atlanticista.
De volta ao congresso dos poodles europeus, basta examinar a declaração conjunta distribuída por aqueles fenômenos de mediocridade – o primeiro-ministro britânico David Cameron, a chanceler alemã Angela Merkel e o neonapoleônico “libertador da Líbia”, o francês Nicolas Sarkozy.
O trio-lá disse que “Nada temos contra o povo iraniano.” Os iraquianos ouviram exatamente a mesma frase de outro grupo de mediocridades em 2002 e 2003. Em seguida, o Iraque foi invadido, ocupado e destruído.”
NOTA DOS TRADUTORES:
[1] 24/1/2012, “State of the Union” 2011. (em inglês).
FONTE: escrito por Pepe Escobar, no “Asia Times Online”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu”. Transcrito no blog “redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/tudo-que-reluz-e-petroleo.html) [título e imagens do Google adicionados por este blog ‘democracia&política’]. [Postagem por sugestão do leitor Probus].
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2 comentários:
Pois é Maria Tereza, se os GENOCIDAS ianques lessem mais HISTÓRIA...
27/01/2012: “Embargo: a volta do chicote no lombo de quem bateu”
Por Pepe Escobar, Asia Times Online
“The Iranian oil embargo blowback”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Se aquela patética coleção de poodles europeus – que o analista Chris Floyd chama deliciosamente de Europuppies – conhecessem alguma coisa da cultura persa, saberiam que a volta do chicote da guerra econômica, que declararam sob a forma de embargo ao petróleo do Irã, não tardaria e viria dura como rock-pauleira.
http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/pepe-escobar-embargo-volta-do-chicote.html
Probus,
Ótimo artigo. Obrigada. Amanhã transcreverei.
Maria Tereza
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