Do portal “Conversa Afiada”
“PiG (*) do México quer que a PEMEX copie a Petrobrax do FHC, Cerra e Aécio.
Fernando Siqueira: COMO NO BRASIL, MÍDIA PREDATÓRIA DO MÉXICO AGE PELA PRIVATIZAÇÃO DO PETRÓLEO
O “Conversa Afiada” reproduz, do portal “Viomundo” do Azenha, importante depoimento de Fernando Siqueira:
Fernando Siqueira: A PEMEX E OS MITOS FORJADOS CONTRA A PETROBRÁS
VICE-PRESIDENTE DA AEPET RECHAÇA SUPOSTAS VANTAGENS DA ABERTURA DO SETOR DO PETRÓLEO, INICIADA POR FHC
Do site da CUT
“Em visita ao México, o vice-presidente da ‘Associação dos Engenheiros da Petrobrás’ (AEPET), Fernando Siqueira, desmentiu mitos sobre as supostas vantagens da abertura do setor de petróleo no Brasil, iniciada por Fernando Henrique, e esquentou o debate naquele país cujo atual presidente, Pieña Nieto, tenta privatizar a PEMEX (Petróleos Mexicanos). A visita foi a convite da ‘Associação dos Engenheiros da PEMEX’.
Por Fernando Siqueira
Em 2008, a ‘Associação dos Engenheiros da PEMEX’, face à iminente privatização da petroleira pelo Presidente Calderón, que propagava na mídia o sucesso da abertura do setor petróleo no Brasil, convidou a AEPET para mostrar a realidade para os mexicanos.
Assim, estivemos, eu e o engenheiro Murilo Marcato, por uma semana, naquela capital.
Fizemos conferências em vários lugares, como a Universidade Federal, a Câmara Federal, a ‘Associação dos Engenheiros da PEMEX’ e vários outros.
Daí, resultou entrevista no segundo jornal do País, o “La Jornada”, de quatro páginas. Essa entrevista levou a CNN en Español a nos entrevistar por 25 minutos.
Nessa entrevista, concluímos com a frase: “Não é a PEMEX que deve imitar a Petrobrás, mas a Petrobrás é que deve imitar a PEMEX e voltar a ser a executora única do Monopólio Estatal do Petróleo, da União”.
Esses fatos repercutiram fortemente, tendo a CNN levado ao ar a entrevista por cinco vezes no dia seguinte. Isto ajudou a paralisar o processo de privatização da PEMEX, fazendo com que Calderón mudasse de estratégia, passando a fazer contratos ilegais com empresas estrangeiras, entre elas a “Schlumberger”.
Assim, fizemos duas conferências na cidade de Guadalajara, além de uma conferência de duas horas no Senado Federal, coordenada pelo Senador Manuel Bartlett Diaz, que presidiu o evento.
MITOS E REALIDADES SOBRE A PETROBRÁS
Assim como o chamado PIG – Partido da Imprensa Golpista, que defende o interesse do capital estrangeiro no Brasil –, no México também prevalece essa mídia predatória, que, integrada com a brasileira, copiou e faz marketing com os mitos lançados no Brasil.
Por esta razão, os mexicanos convidaram a AEPET para, a exemplo de 2008, rebatermos os argumentos do novo presidente, Pieña Nieto, que afirma que foi boa a abertura do monopólio do petróleo no Brasil, e utiliza os mitos da mídia. Desmentimos esses mitos em Guadalajara, no Senado e na TV CNN em Español, que nos entrevistou por 30 minutos através da competente âncora Carmen Aristegui (a mesma de 2008).
Os Mitos que desmentimos:
1) “A abertura do setor petróleo foi boa para Brasil”.
Falso: A Lei 9478/97, de Fernando Henrique Cardoso, foi muito má para a Petrobrás e péssima para o Brasil.
Para a Petrobrás, porque teve 36% de suas ações vendidas na Bolsa de Nova York. Assim, a Petrobrás teve que submeter-se à lei americana “Sarbanes–SOxley”, que é uma lei muito rigorosa, promulgada depois de uma série de quebras de companhias americanas importantes, como Enron e Worldcom. O objetivo desta Lei foi evitar novas quebras.
Então, a Petrobras perdeu a autonomia de poder fazer seu orçamento e seu próprio planejamento. Perdeu, também, sua liberdade de escolher seus melhores investimentos. Todos os meses, os presidentes de Petrobrás têm sido obrigados a ir a Nova Iorque para prestar contas e submeter-se a questionamentos de acionistas estrangeiros. Muitos deles associados às companhias competidoras da Petrobrás.
Para o Brasil, porque, por essa Lei, em seu artigo 26, todo o petróleo produzido passou a ser propriedade de quem o produz. Hoje, as companhias estrangeiras produzem 5% da produção do País e 100% dessa produção é delas.
Se o presidente Lula não tivesse mudado a lei, com o pré-sal, as estrangeiras iriam aumentar sua participação na produção até que se tornassem donas de todo o petróleo do Brasil.
Essa era a intenção do presidente Fernando Henrique: desnacionalizar a Petrobrás e o petróleo brasileiro. Tentou até mudar o nome para Petrobrax, para facilitar a pronúncia para seus futuros donos anglo-saxões. Diante da forte reação nacional, teve que desistir da ideia.
2) “A Lei de FHC, fez a participação do petróleo no PIB passar de 3% a 12%”
Falso: A causa foi o aumento do preço do petróleo: nessa época, o preço do barril era de 10/12 dólares; hoje, está em cerca de 115 dólares por barril.
3) “A abertura permitiu o descobrimento de pré-sal”.
Falso: A Petrobrás iniciou as pesquisas do pré-sal na década de 1960, a partir da teoria das placas tectônicas. Como a profundidade do oceano é muito grande, de mais de 2.000 m, os investimentos eram muito altos e o risco também.
Assim, a Petrobrás teve que esperar o avanço da tecnologia da sísmica para ter a segurança de que a perfuração chegaria ao objetivo com precisão.
Quando a sísmica avançou em seu desenvolvimento tecnológico e alcançou a terceira e a quarta dimensões, isto permitiu eliminar as distorções e adquirir mais segurança na perfuração além de mais conhecimento das características dos reservatórios petroleiros.
Assim, em 2006, se iniciou a perfuração do primeiro poço do pré-sal e se descobriu a maior província petrolífera do mundo atual.
Cabe recordar que esta área do pré-sal esteve durante 13 anos sob o controle das companhias estrangeiras por conta dos contratos de risco do governo de Ernesto Geisel. Portanto, se não fosse a Petrobrás, jamais se teria descoberto o pré-sal.
4) “A abertura permite a introdução de novas tecnologias”
Falso: As companhias petrolíferas contratam empresas independentes que se encarregam de resolver os três principais gargalos tecnológicos. Não são as companhias petroleiras estrangeiras que criam a tecnologia, pois elas a adquirem de companhias especializadas que prestam seus serviços a qualquer petroleira privada ou estatal.
Quem primeiro demandou essa tecnologia foi a Petrobrás que, assim, ajudou as empresas nesse desenvolvimento tecnológico sendo, portanto, a que mais conhece. De sorte que realizam a perfuração companhias especializadas nesse serviço. É importante recordar que as companhias estatais têm sobre si o controle da sociedade e não incorrem em riscos que comprometam a segurança.
A título de exemplo, se pode citar a perfuração no campo de Macondo, aqui, no Golfo do México, em que a perfuradora “Transocean” perfurou um poço para a “British Petroleum”. Esta última ordenou que a “Transocean” deixasse de fazer a cimentação completa do poço por economia. Essa falta de cimentação adequada levou a um acidente que afundou a plataforma e, inclusive, provocou a morte de onze trabalhadores.
A “Transocean” também perfurou para a “Chevron”, no campo de Frade, no Brasil, e teve sério acidente.
A “Chevron” também lhe mandou economizar no investimento e não realizou o revestimento necessário para isolar o primeiro nível do reservatório petrolífero, condição necessária para avançar ao segundo reservatório, mais abaixo.
Existia o risco de que esse último tivesse uma pressão mais alta, o que ocorreu, provocando a ruptura do reservatório do primeiro nível, com grande derrame que não puderam controlar até este momento.
A “Transocean” teve que aumentar o peso da lama de perfuração e ultrapassou a resistência mecânica do reservatório superior, o que causou o rompimento do invólucro externo do reservatório, provocando um derrame permanente de petróleo.
Por outro lado, a “Transocean” já perfurou mais de 25 poços para a Petrobrás no pré-sal sem que houvesse qualquer acidente.
A diferença consiste em que a Petrobrás, sendo empresa estatal, controlada pela sociedade, não põe em risco a segurança. Não busca somente o lucro, como as petroleiras privadas. Ela se preocupa muito mais com a estratégia nacional, com o meio ambiente e com o bem-estar da sociedade. Os outros gargalos tecnológicos são a completação submarina e a linha flexível.
Em ambos os casos, a Petrobrás ajudou no desenvolvimento da tecnologia, mas são essas companhias que fabricam e vendem, para ela e para todas as petroleiras.
5) “As empresas estrangeiras geram mais empregos no País”
Falso: A Petrobrás é a empresa que mais compra e contrata serviços no País. Ela já chegou a comprar 95% dos materiais e equipamentos no País. E, repassando tecnologia, ajudou a criar 5.000 empresas fornecedoras de equipamentos do setor petróleo, as quais foram destruídas pelos governos Collor (redução de 30% das tarifas de importação) e Fernando Henrique (emissão do decreto 3.161, o Repetro, que isenta as empresas estrangeiras de imposto de importação e não isenta as nacionais).
ATAQUES
Além de desmentir os mitos, mostramos um pouco da semelhança entre a criação e os ataques à PEMEX e à Petrobras. Um mês e onze dias após a nacionalização do petróleo mexicano pelo presidente Lázaro Cardenas, o presidente Getúlio criou o “Conselho Nacional do Petróleo” e nomeou o general Horta Barbosa para presidi-lo.
Barbosa foi levado à demissão, por pressão da “Standard Oil”. Mostramos trechos do discurso de Horta Barbosa no Clube Militar, que gerou o maior movimento cívico do País: a campanha “O Petróleo é nosso”. Mostramos, ainda, a carta-testamento de Getúlio Vargas, que explicita o nível de pressões das multinacionais.
Falamos que, em 2001, o “Credit Suisse First Boston” apresentou ao presidente Collor um plano para privatizar a Petrobras por partes: vender as suas subsidiárias (o que ocorreu) e depois dividir a holding em unidades de negócio, transformá-las em subsidiárias para privatizar.
A AEPET lutou muito contra essa divisão e FHC a adiou para 1999. Mas, em 1992, a PEMEX foi dividida em sete subsidiárias, com 7 subadministradores, o que gerou grande confusão na gestão da Companhia.
Hoje, a PEMEX tem 42 subadministradores e a Petrobrás 40 unidades de negócio, que começaram a ser privatizadas pela REFAP.
A AEPET subsidiou o Sindipetro-RS, o qual entrou com uma ação e ganhou a liminar, interrompendo o processo; assim como a PEMEX, a Petrobrás sofre interferências indesejáveis do Governo Central.
A PEMEX está em pior situação, pois o Governo controla o seu orçamento, estrangula a companhia e fica com 70% da renda do petróleo.
Mostramos um pouco da geopolítica do petróleo, a sua importância estratégica e a dependência e insegurança energética dos países desenvolvidos; mostramos um pouco da formação e o potencial do pré-sal, a Lei de FHC que entregava todo o petróleo a quem produzisse e o esforço do Governo Lula para rever essa legislação que lesa a Pátria.
Por fim, mostramos os telegramas do Wikileaks trocados entre as multinacionais e suas matrizes, e do consulado americano para a Casa Branca, que falam, entre outras coisas, o seguinte:
1) “O contrato de partilha é ruim para nós. A propriedade do petróleo sai do nosso controle e volta para a União, que é a dona”;
2) “A Petrobrás, sendo a operadora única, prejudica as nossas empresas de fabricação de equipamentos de petróleo. A Petrobrás compra no Brasil”. (Esclareci que a Petrobrás, como operadora, inibe os dois maiores focos de corrupção na produção de petróleo: o superdimensionamento dos custos de produção – as produtoras são ressarcidas em petróleo – e a medição do petróleo produzido);
3) “Vamos intensificar o lobby no Congresso Nacional para rever tudo isto, usando o IBP, a FIESP e a ONIP; mas temos que ter muito cuidado para não despertar o nacionalismo dos brasileiros”.
Essa última gerou uma fala de um dos integrantes da mesa do Senado que concluiu a sua intervenção: “Vamos, a partir de agora, trabalhar para despertar o nacionalismo dos mexicanos para defendermos nossas riquezas minerais”.
Conclusão importante foi a exortação geral pela criação de uma frente parlamentar e tecnológica latino-americana, liderada por Brasil e México, para defender os nossos recursos naturais e a nossa tecnologia. O senador Manuel Bartlett, anfitrião e presidente do evento, gostou muito quando lhe dissemos que o senador Roberto Requião se colocou à disposição para liderar a frente parlamentar no Brasil.
Todos os eventos tiveram grande repercussão.”
Em tempo: Aécio lançou sua candidatura com o relançamento da “Chevron”, aquela empresa americana que receberia o pré-sal de presente do ‘Cerra’, de acordo com WikiLeaks. E o Eduardo ‘Campriles’, autor de notável carta aos brasileiros, quando promete o pré-sal à “Chevron”, será recebido num ‘garden-party’ na ‘Big House’. Porém, se ele for para Direita, morre.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.”
FONTE: escrito por Fernando Siqueira no site da CUT. Transcrito nos portais “Viomundo” e “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/05/07/siqueira-petrobrax-ia-quebrar-o-brazil/).
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