sábado, 15 de março de 2008

3ª PARTE DA SÉRIE “O BRASIL E AS GUERRAS MAIS RECENTES DOS EUA”

Hoje avançaremos um pouco mais na série de textos sobre as guerras mais recentes dos Estados Unidos da América (EUA).

Antes, uma rápida retrospectiva. Esta série foi iniciada em 11 de março. A crise desencadeada pela Colômbia ao invadir militarmente o Equador com o apoio explícito do Presidente Bush fez o assunto “guerra” ficar em evidência e tomar as primeiras páginas de jornais e de revistas na América do Sul.

Julguei, então, conveniente recordarmos com mais detalhes o comportamento bélico dos EUA nas últimas décadas. É importante essa análise para melhor identificarmos o que é "fantasia anti-americana" e o que é hipótese concreta de conflito neste continente, em futuro próximo, com envolvimento norte-americano.

Como a abordagem desse tema seria demasiado extensa para somente um artigo, dividi o texto em partes, que tenho postado e postarei aos poucos.

Na 1ª Parte, em 11 de março, tratei do imenso uso militar da propaganda pelos EUA desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Os subtítulos foram: “OS EUA E A MÍDIA” e “O TERROR ATÔMICO SUAVIZADO NA MÍDIA”.

Em continuação, no dia seguinte, na 2ª Parte, tratei da guerra dos Estados Unidos contra o Panamá, no final de 1989. O título foi: O TERROR NO PANAMÁ POR “JUSTA CAUSA”.

Agora, relembrarei muito rapidamente outros pequenos eventos guerreiros dos EUA naquela época, que talvez estejam caindo no esquecimento.

ATAQUES DOS EUA CONTRA GRANADA, SOMÁLIA, SUDÃO E OUTROS

GUERRA CONTRA GRANADA

Nos anos oitenta, com operações como aquela no Panamá em 20/12/1989, os EUA libertaram-se do trauma da derrota e da humilhante e filmada retirada desesperada do Vietnam. Voltaram a ficar com o ego nas alturas, arrogantes, presunçosos, julgando-se superguerreiros, super-heróis, onipotentes, os únicos responsáveis pela implantação, à força ou não, da ‘freedom’ e da ‘democracy’ no mundo.

Antes da guerra que venceram contra o Panamá, o ego norte-americano já havia melhorado em 1983 com uma outra vitória. Derrotaram sem nenhuma baixa do lado norte-americano a Ilha de Granada.

Uma pequena descrição sobre aquele pequeno país:

Situado no mar do Caribe, a menos de 150 km da costa da Venezuela e de suas grandes reservas de petróleo, o país tem 90% de seu território (cerca de 344 km²) e de sua população (aproximadamente 90.000 habitantes) concentrados na ilha de Granada. Outras pequenas ilhas, conhecidas como Granadinas, são em sua maioria desabitadas. A ilha principal é montanhosa, possui lagos vulcânicos e uma densa floresta. O clima é tropical, quente e húmido. Granada sofre ocasionalmente o efeito de furacões.

A população é formada por afro-americanos (82%), eurameríndios (13%), indianos (3%) e europeus meridionais (2%).

A economia de Granada se baseia na produção agrícola (noz moscada, cacau, bananas) e no turismo. A agricultura representa mais da metade das exportações. Uma grande parte da população está direta ou indiretamente empregada na agricultura. Há poucas indústrias, principalmente alimentícias. A mão-de-obra em geral é pouco qualificada.

Na ilha de Granada, no início da década de oitenta, visando incrementar o turismo, estava sendo construído um aeroporto por empresas inclusive russas, contra a vontade e sem a participação norte-americana.

O violento ataque de surpresa norte-americano ocorreu em 23/10/1983. Venceram sem uma baixa sequer. O aeroporto foi destruído. A desculpa para o mundo não foi criativa. Atacaram aquele minúsculo país “para evitar a expansão do comunismo”.

GUERRA CONTRA A SOMÁLIA E O HAITÍ

Outra rápida lembrança: após serem derrotados na Somália em 1992 (helicópteros abatidos e suas tripulações arrastadas e despedaçadas pelas ruas), o presidente Bill Clinton determinou a invasão do Haiti em 1994 para devolver o poder ao presidente Jean-Baptiste Aristides, o qual veio a ser removido do poder em 2003, também com apoio norte-americano.

GUERRA CONTRA O SUDÃO

Em 20/08/1998, os EUA atacaram de surpresa, à noite, o Sudão.

Contra aquele país africano, o presidente Clinton autorizou o lançamento na capital do país, Cartum, de dezenas de mísseis de cruzeiro “Tomahawk” (cerca de 40).

Houve o equívoco (reconhecido até por entidades norte-americanas após examinarem os alvos atacados) de pensarem que um laboratório farmacêutico Al-Shifa, feito pela Alemanha para produzir remédios baratos contra a tuberculose e malária, fosse “fábrica de armas químicas para terroristas”, conforme fora antes erradamente informado pela CIA.

Não era. Não pediram desculpas aos sudaneses, nem ao mundo, pelo erro. Milhares de sudaneses morreram após, vítimas daquelas doenças.

Na mesma noite daqueles ataques ao Sudão, cerca de quinze mísseis de cruzeiro Tomahawk e aviões de combate foram empregados no ataque de surpresa a áreas no Afeganistão habitadas por grupos islâmicos (“bases terroristas”).

Alguns mísseis, “por erro”, também atingiram região vizinha do Paquistão.

Há hipóteses de o atentado terrorista de 11/09/2001 nos Estados Unidos, três anos após, ter sido uma retaliação por conta daquele ataque de surpresa ao Afeganistão.

Na época, muitos na imprensa norte-americana expressaram que a real motivação do presidente Clinton para ordenar aqueles ataques não era a muito declarada “guerra ao terror”. Era para desviar a atenção do escândalo do seu “affair” com Mônica Lewinsky, estágiária na Casa Branca.

A seguir, na próxima postagem, tratarei da primeira guerra contra o Iraque, no início da década de 90.

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