Em 10 de fevereiro último, escrevemos um artigo sob o título “Por que a grande mídia brasileira é tucanopefelista?”. Naquele texto, mostramos que uma simples retrospectiva do governo PSDB/DEM-PFL/FHC no Brasil evidenciaria a resposta.
Recordo aqui somente alguns trechos do nosso artigo.
Na era FHC/PSDB/PFL, o Brasil viveu um ambiente de propaganda com evidente interesse das grandes potências industrializadas, principalmente dos EUA.
Foram massificadas no Brasil concepções julgadas muito mais “modernas”. Diziam serem diretrizes “novas” que nos levariam para o primeiro mundo.
Exemplos:
• Economia totalmente aberta, com livre circulação de capitais financeiros, serviços e mercadorias, sem barreiras tarifárias;
• Total desregulamentação do mercado financeiro;
• Regulamentação econômica tipo 'laissez faire';
• Estado-mínimo, não-regulador da atividade econômica, não-promotor do desenvolvimento, voltado apenas para o social;
• Reforma admnistrativa do Estado para adequá-lo à Nova Ordem Mundial;
• Estado-enxuto (que a globalização fez substituir o obsoleto Estado-Nação), onde o planejamento estratégico e o comando da economia também são funções do mercado e devem passar para os "investidores privados". No ponto em que o Brasil chegou ao final do governo FHC, os acima citados “investidores privados" brasileiros passaram a ser, principalmente, as multi e transnacionais estrangeiras que aqui operavam.
Aquelas “modernas idéias” eram repetidas incansavelmente nas principais redes de televisão, nos jornais e revistas de grande tiragem, mas também em pequenos jornais de bairro. Até em discursos e entrevistas presidenciais, ouvíamos de FHC, em forma explicativa, superior, didática, professoral. Quem não aprendia era "neobobo" ou "jurássico".
Um ex-Ministro (C&T e Reforma do Estado) daquela época, Luis Carlos Bresser-Pereira, mais recentemente expressou como via os rumos do Brasil na década do governo PSDB/PFL: “A idéia de nação desapareceu. Os critérios para a administração do governo federal foram aqueles ditados por Washington e Nova York e têm como gestor o FMI (Fundo Monetário Internacional)” (publicado pela Folha de S. Paulo (FSP), em 01/05/2004).
Havia a explícita manipulação da imprensa brasileira pelos EUA. Essa não é uma afirmação sem base deste blog. São palavras de autoridade norte-americana que então trabalhava na Embaixada dos EUA no Brasil.
O ex-chefe no Brasil do “Federal Bureau of Investigation” (FBI) no período 1999-2003 declarou que “uma das importantes funções que a Embaixada dos EUA no Brasil tinha era influenciar, manipular, conduzir, controlar a imprensa brasileira, inclusive comprando-a para atender os nossos interesses” (depoimento dele à “Carta Capital” nos 283 e 284, de 24 e 31/03/2004).
O resultado daquela lavagem cerebral foi o estado de espírito reinante na elite econômica, na mídia e em nossos dirigentes do PSDB/PFL. Havia total aderência às doutrinas emanadas pelo governo norte-americano, direta ou indiretamente (FMI etc). Uma mistura de fascinação, obediência, temor, subserviência, timidez e reverência.
Aquela doença que acometeu o Brasil na era PSDB/PFL/FHC continuou presente na nossa grande imprensa. O jornal Folha de S. Paulo publicou: “afrontar os interesses dos EUA, ser antiamericano, é patriotismo nacionalisteiro, coisas de um país de 2ª classe como o Brasil” (F. Rodrigues, FSP, 17/05/2004).
Aquela campanha da imprensa deu certo?
Para os EUA (e para os outros países industrializados que vieram na esteira, aproveitando a nossa abertura), tudo aquilo implantado no Brasil pelos governos Collor e tucanopefelento, bem como na Argentina e na América Latina em geral na década de 90 deu muito certo. Certo para os EUA.
Para os norte-americanos, acarretou muitos novos empregos de alta qualificação. Segundo estudo da UFRJ publicado em 2004, o Brasil exportou para os EUA naquela década 12 milhões de empregos. Em contrapartida, as empresas estrangeiras aqui criaram no mesmo período apenas 1,5 milhões de empregos.
Esses interesses externos não mudaram, muito menos desapareceram. Assim, as campanhas de interesse dos EUA e das grandes potências na nossa mídia continua, e muito forte. O apoio ao PSDB/PFL-DEM, que lhes foram muito convenientes, será cada vez mais intenso, até o retorno desses partidos ao poder.
Ontem à noite, 13/04/08, o jornalista Luis Nassif postou em seu blog o artigo abaixo reproduzido. Nele, vemos que a grande mídia argentina também é tucanopefelenta, e que essa doença se alastra pela América Latina, na luta pelo retorno ao poder dos neoliberais pró-EUA.
“A ULTRA-DIREITA É COISA NOSSA”
“No sábado à noite fui a um jantar com um grupo de amigos argentinos (recém-chegados de lá) e alguns brasileiros, com vinculação com o país. O relato que me fazem da situação política por lá é muito similar ao caso brasileiro.
Há uma nova elite que emergiu das privatizações. Têm a elite rural (que tem voz mais ativa que no Brasil). E uma aliança, que pegou fogo, entre a mídia tradicional cartelizada (basicamente em torno do El Clarin) e uma ultra-direita minoritária, porém vociferante, tentando a todo custo desestabilizar o governo.
As palavras de ordem são as mesmas dessa direita inculta brasileira. Levantam o fantasma de Fidel, das FARCs, de Chávez, atacam os programas sociais, praticam o macartismo mais inconseqüente contra quem não se alinha com eles.
Esse fenômeno do neoliberalismo concentrador, seguido de um populismo ou mesmo governos conservadores, mas com políticas sociais relevantes e, agora, a reação invocando fantasmas da guerra fria, está se alastrando por toda a América Latina.
É um elemento relevante para se analisar, na hora de prospectar o cenário político para 2010.
Não vai haver espaço para conciliação.”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário