Estamos assistindo o surgimento de várias aparentes incongruências.
A "atual" política indigenista, com as suas demarcações e homologações de áreas indígenas, não são condutas do governo Lula. São dele e de todos os outros governos que lhe precederam.
A grande mídia brasileira sempre foi favorável a ela e às suas criações de vastos territórios indígenas, especialmente na Amazônia. Por quê? Porque isso envolve o interesse de grandes potências, especialmente dos EUA e demais países do G-7.
Não se trata, em princípio, de risco iminente de invasão estrangeira. O objetivo principal dos EUA e das grandes potências é outro, pacífico em uma primeira fase. É o 'congelamento' da exploração da Amazônia pelos brasileiros para assim permitir o futuro usufruto dela pelas grandes potências. Não se trata de direita ou esquerda, pois nesse assunto "Amazônia" a Rússia pensa e age como os EUA.
Uma forma eficaz desse 'congelamento' da Amazônia para eles é a criação de terras indígenas sobre a área alvo. O pobre índio, que merece todo o apoio e a proteção do Estado brasileiro, é apenas um dos convenientes pretextos.
Outras formas abrangem, por exemplo, a criação de florestas de preservação permanente.
Se essas ações fossem planejadas e coordenadas exclusivamente visando interesses econômicos, sociais e políticos genuinamente braileiros, tudo bem. Corretas. Mas não é nada disso.
Eles, EUA, Inglaterra e outros do G-7, pensam (não confessam explicitamente) e agem assim: "Essas áreas devem ser guardadas com os seus bens para o futuro usufruto das grandes potências". "Deixem bem definidos os territórios de futuras independentes novas ‘Nações’ de origem indígena, mais fracas, que serão por nós facilmente domináveis". "Elas agora devem ser demarcadas, estabelecidas as suas fronteiras, homologadas, preservadas culturalmente diferentes dos brasileiros". "Tudo isso para, futuramente, serem desmembradas do Brasil com o apoio até, se preciso for, de resoluções e tropas da ONU sob pretextos como 'causa humanitária'".
A imprensa brasileira, especialmente nos tempos FHC, ajoelhava-se reverencialmente frente àqueles interesses externos. FHC, que atendia a eles, era um Deus. Em 15/08/95, ele mesmo confessou: “Um dos primeiros atos que eu pratiquei como Presidente da República foi dar curso ao projeto do G-7 no que diz respeito a recursos para a demarcação de terras indígenas no Brasil” (coletânea oficial de “Pronunciamentos do PR”, 1995).
Qual a reação da esquerda brasileira? Apoio! Explico porquê. A esquerda brasileira, infelizmente, também é facilmente atiçável. Ela, se inteligentemente manipulada, é direcionável com facilidade. Assim, parte como um touro na direção da enganosa toalha vermelha que espertos abanam para ela.
Foi o caso da política indigenista. Cito exemplos.
Quando alguns brasileiros despertaram para a necessidade de presença do Estado brasileiro na Amazônia, e implantaram o "Projeto Calha Norte", logo o "The New York Times" (NYT) dedicou, em 11/11/1985, meia página frontal contra o projeto.
Ele era minúsculo em face das dimensões amazônicas. Somente a área em foco, ao norte dos Rios Negro e Amazonas, tem 6500 km de extensão de fronteiras. Considerando-se a largura de 150 km daquela faixa de fronteira, significam 975.000 km², equivalente a umas três Franças. O projeto inicial consistia de apenas sete pelotões de fronteiras naquela região. Cada pelotão, arredondando, tem uns 30 militares armados com fuzis não melhores que o Mauser de 1908. Total: 210 militares desarmados para defender uma área do tamanho da Europa Ocidental!...
Pois não é que o jornal norte-americano NYT condenou veementemente aquele projeto, chamando-o de inoportunamente belicista, exterminador de índios, aumentador de corrida armamentista e ameaçador da paz na América Latina!
Logo, toda a imprensa brasileira e a CNBB, o CIMI, ONGs diversas, partidos "conservadores", FUNAI etc também endossaram os argumentos norte-americanos. Embaixadores de países vizinhos pediram explicações.
E foi a esperta manobra (a tal 'toalha vermelha') de classificarem o Projeto Calha Norte de "etnocida", "expansionista", "belicista", "fascista", "militarista" que fez toda a esquerda brasileira passar a também atacá-lo intensamente, e a atacar as Forças Armadas brasileiras, tudo como os países do G-7 queriam.
Até hoje, muitos da esquerda também são contra o Brasil ter Forças Armadas. Li ontem comentários nesse sentido até na blogosfera. Perguntam: "Forças Armadas no Brasil para quê?"; "para ficarem os generais ridiculamente marchando e pintando muros e ganhando muito mais que um professor primário?".
Nenhum país do mundo é irresponsável a ponto de não ter defesas. Comparemos, para simplificar a idéia, morarmos numa casa muito grande, com bens materiais e afetivos valiosíssimos, numa rua tranqüila, sem inimigos entre todos os vizinhos. Este é o Brasil.
Se, dentro de nova filosofia, adotássemos a conduta de não gastar em defesa, em proteção. Não colocássemos portas na casa, janelas, fechaduras, muros, cães de guarda, vigias, nada (metáfora pa nossas Forças Armadas).
Logo, logo, as ameaças surgiriam. A casa passaria a ser invadida e roubada por desconhecidos.
Na melhor das hipóteses, uma turma de espertos (EUA?) assumiria "a proteção" da casa, de nossas filhas bonitas, consideradas não um bem nosso, mas "um patrimônio do bairro", da "Humanidade". Eles seriam frontalmente contrários à nossa decisão de recolocar portas, janelas, fechaduras e outros itens de proteção. "Corrida armamentista!", alguns condenariam.
Voltando ao fato real referente à política indigenista brasileira. Qual a reação das Forças Armadas brasileiras frente àqueles problemas?
Nenhuma. Nos tempos do PSDB/PFL/FHC no poder, enfraquecidas no prestígio e nos equipamentos, elas nada reclamaram. Não houve nenhuma notória reação delas contra a demarcação, determinada por FHC, da grande reserva Raposa Serra do Sol (agora homologada), como não houvera para a criação da "Nação" Yanomami (maior que a Áustria), e de muitas outras 'nações' gigantescas (Tikuna etc).
O Exército, coitado, apesar de nacionalista como deve ser, sempre também foi facilmente engambelado e utilizado em prol dos interesses dos partidos”conservadores”, de direita, pró-EUA, apoiados e pautados pela grande mídia.
Os militares brasileiros, dolosa e sarcasticamente não atendidos nas suas mínimas necessidades orçamentárias, mal armados, mal pagos, desinformados e com os seus então totalmente depreciados e debochados argumentos nacionalistas, foram reduzidos a nada no governo FHC e jogados, com o empurrão de toda a mídia, para o completo desprezo.
Contudo, eles eram muito facilmente 'enrolados', assim como boa parte da classe média, pelos discursos doutrinantes ditos "modernos" e coerentes com as obscuras e endeusadas "Globalização" e "Nova Ordem Mundial", ao Brasil vendidas por FHC e pelo PSDB/PFL. Éramos todos constantemente massificados pela grande mídia. Até hoje os militares são engambelados pela grande mídia direitista.
Por que, então, desde a semana passada, estamos assistindo essa mesma mídia direitista e pró-interesses estrangeiros mudar de lado de repente e passar a se fantasiar de 'brasileira'?
Por que a imprensa e a oposição passaram a criticar as criações de grandes “Nações” indígenas com território e fronteiras demarcadas e com acesso restrito e controlado para os demais brasileiros, até para os militares?
A grande mídia e o PSDB/PFL-DEM sempre apoiaram isso! Por que agora eles estão diferentes?
A resposta é simples. Não estão diferentes. Não há incoerências. Permanece o objetivo de sempre: o retorno ao poder do PSDB, do DEM-PFL e do novo reboque PPS.
Os “conservadores” (sic) perceberam uma maneira de jogar o Exército, com o General Heleno e todos os demais, contra o governo Lula e a “sua” política indigenista. O objetivo é aproveitar uma pequena rachadura entre pensamentos dos militares e do governo Lula e lá enfiar uma cunha, para aumentar as divergências e criar uma grave crise institucional e o enfraquecimento de Lula, quiçá seu impeachment.
Os militares sempre foram facilmente influenciáveis pela mídia direitista. O problema é o risco de, insuflados, saírem dos limites constitucionais.
Se isso acontecesse, seria o ápice inebriante, o píncaro da glória para a oposição e para a grande mídia, que hoje não vislumbram probabilidade de voltarem pelas urnas.
(Recomendo fortemente a leitura do artigo elaborado por este blog e postado em 11 deste mês sob o título: “Os índios e a cobiça estrangeira sobre a Amazônia”).
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