domingo, 6 de abril de 2008

AVE EMPLUMADA ESTRAGA PRAZERES (ÁLVARO DIAS)

Texto extraído da revista Carta Capital que chegou às bancas neste fim de semana. Elaborado por Mino Carta.

“A mídia nativa empenhou-se a fundo para transformar o dossiê dos gastos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso e família na principal preocupação da opinião pública. As razões do esforço concentrado, conduzido como de hábito em perfeita sintonia entre os diversos órgãos midiáticos, saltam à percepção até do mundo mineral. Colocar sob suspeição o governo e lançar torpedos preventivos contra uma eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.

O dossiê tornou-se assunto candente e freqüentadíssimo. E eis que o senador Álvaro Dias, tucano emérito, surge em cena de abrupto e arca com o papel de estraga-prazeres. Não é que lhe falte talento para desempenhá-lo a contento, mas colheu a mídia no contrapé. Se foi uma das aves emplumadas da política verde-amarela responsável pelo vazamento em lugar de assessores da ministra, quando não ela própria, tanto empenho foi em vão.

Difícil para os patrões da mídia e seu exército de sabujos admitir o passo em falso.

Difícil? Impossível, por razões orgânicas. Como Mussolini, os jornalistas nativos jamais se enganam. Na quinta 3, os jornalões ofereciam o enésimo exemplo de como a imprensa sabe portar-se em ocasiões como esta para levar na conversa seus leitores.
O Estadão e O Globo noticiam a entrada de Álvaro Dias na ribalta com títulos mínimos na primeira página, a Folha nem chega a tanto. Em páginas internas, todos informam que o senador nega ter sido o autor do vazamento. Ocorre que, no fim da tarde do dia 2, o próprio admitia sua responsabilidade.

Em compensação, é comovedor o denodo com que se aplicam para não perder a parada. O jornal global avisa que “a mãe do PAC está na berlinda”, em lugar do tucanato.

A Folha oferece espaço a quem acusa a ministra da Casa Civil de ser “a galinha cacarejadora do governo” e a compara nada mais, nada menos, a Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.

O Estadão descobre, com visível espanto crítico, que os governistas pretendem aproveitar-se da situação e partir para o contra-ataque. Será que deveriam ficar na defensiva?”

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