“Apesar de a base de comparação com 2009 ser fraca, analistas dizem que número comprova a recuperação do setor.
A produção de aço brasileira cresceu 50,76% em maio em relação ao mesmo mês de 2009, enquanto a produção mundial apresentou uma alta de 29,1% na mesma comparação. Apesar da fraca base de comparação do ano passado? Quando o setor despencou com a crise mundial e a siderurgia brasileira se viu pela primeira vez forçada a desligar altos-fornos? Os números apontam para uma recuperação continuada do mercado de aço.
Segundo analistas, ainda há um espaço folgado para a recuperação da produção no mundo, já que Estados Unidos e Japão ainda não voltaram aos níveis pré-crise e países da Europa apresentam uma capacidade ociosa ainda elevada. Já no Brasil, a capacidade instalada poderia bater seu teto no ano que vem e, com a demanda interna aquecida, o sinal amarelo do desabastecimento poderia acender já em 2012.
A Associação Mundial de Aço mostrou (21/06) que a taxa de utilização da capacidade instalada no mundo, considerando dados de 66 países, ficou em 82% em maio, num ligeiro recuo em relação aos 83,4% registrados no mês anterior.
Raphael Biderman, analista sênior de siderurgia do Bradesco, lembra que, no Brasil, este porcentual já está em 90%, e que o País deve bater os 100% no ano que vem, com a reativação do último forno inativo da Usiminas.
Mercado interno. Segundo Biderman, as vendas no mercado interno estão fortemente aquecidas: apenas em maio cresceram 12,7% em relação a abril. Outro indício da tendência é a proporção das vendas da CSN e da Usiminas no País, mostrando que as empresas estão direcionando aço que antes era exportado para abastecer o mercado nacional. A média era de 75% das vendas para o mercado doméstico; hoje, o porcentual está em cerca de 80% a 85% das vendas totais.
O analista acrescenta que as estatísticas apontam para uma alta de 55% nas vendas em 2010, um porcentual muito acima dos 20% projetados em janeiro pelo mercado interno. “Há uma demanda forte por aço, que tem superado fortemente as expectativas. Se continuarmos nesse ritmo, os investimentos anunciados para o setor podem não dar conta da demanda”, diz.
Para ele, esse movimento abre espaço para que a Usiminas faça uma segunda rodada de aumento de preços em julho, após o reajuste da Vale. O último reajuste realizado pela empresa foi de apenas 10%, enquanto, desde o começo do ano, o minério de ferro subiu entre 130% e 140%.
Por outro lado, Juliano Navarro, do BES Securities, lembra que a capacidade ociosa de mercados maduros como a Europa pode atrapalhar a retomada de preços. “Ainda há uma capacidade ociosa grande no mundo. Qualquer alteração na demanda pode afetar os preços do aço no curto prazo. Esse é o risco”, diz.”
FONTE: reportagem de Sabrina Valle publicada no “O Estado de S.Paulo”. Postada no blog de Luis Favre.
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