Trecho do projeto de transposição de águas do Rio São Francisco
DILMA FALA SOBRE AS OBRAS EM CURSO PARA LEVAR ÁGUA PARA TODO O NORDESTE
DILMA FALA SOBRE AS OBRAS EM CURSO PARA LEVAR ÁGUA PARA TODO O NORDESTE
Programa de rádio “Café com a
Presidenta”, com a Presidenta da República, Dilma Rousseff, em 04/03/2013, na Rádio Nacional:
Luciano Seixas: Olá, bom dia! Eu sou
o Luciano Seixas e começa agora mais um ‘Café com a Presidenta Dilma’. Bom dia,
presidenta!
Presidenta: Bom dia, Luciano! E bom dia para
você que nos acompanha aqui no Café!
Luciano Seixas: Presidenta, a
senhora tem viajado pelo Nordeste para inaugurar e visitar obras que aumentam a
oferta de água para a região. Hoje, inclusive, a senhora está indo para a
Paraíba. Conta para a gente como estão os investimentos nessas obras.
Presidenta: Olha, Luciano, nós estamos fazendo
obras em todo o Nordeste. Essas obras, Luciano, são para ampliar a oferta de
água, tanto nas grandes cidades como nos pequenos municípios da região do
semiárido, que são aqueles que mais sofrem com a seca. O meu governo está
investindo, até 2014, mais de R$ 24 bilhões em adutoras, em barragens, fazendo
canais, estações de tratamento e redes de abastecimento de água. Muitos
recursos, sabe, Luciano, estão sendo investidos também na integração da Bacia
do São Francisco, uma obra fantástica, que vai mudar para sempre a realidade do
Nordeste.
Todas essas obras nós chamamos,
Luciano, de obras estruturantes e elas fazem parte do ‘Programa de Aceleração
do Crescimento’, o PAC. Além delas, Luciano, nós estamos investindo mais R$ 5
bilhões só no programa chamado ‘Água para Todos’, para levar cisternas e poços
aos lugares mais distantes do semiárido. Veja só se a gente somar todos esses
investimentos, nós chegamos a quase R$ 30 bilhões e, com eles, vamos ampliar a
oferta de água para toda a população do Nordeste.
Luciano Seixas: Presidenta, a
senhora falou de obras estruturantes. Explica para gente por que são “estruturantes”.
Presidenta: Olha, Luciano, a gente chama de
obras estruturantes aquelas que aumentam de forma definitiva a oferta de água
em vários municípios. Lá no Nordeste, a maior dessas obras é a integração da
Bacia do Rio São Francisco e a minha determinação, Luciano, é que essa obra
seja acelerada, aceleradíssima. Nós vamos entregar a obra etapa por etapa,
Luciano, e cada uma dessas etapas vai beneficiar cidades inteiras até que, no
final de 2015, toda a obra estará pronta. Mas, além da integração da Bacia do
Rio São Francisco, Luciano, estamos fazendo muitas outras obras em todo o
Nordeste. Olha só, para cada real que investimos na integração da Bacia do Rio
São Francisco, nós temos mais dois reais aplicados em barragens e adutoras
espalhadas pela região.
Luciano Seixas: E como estão essas
obras, presidenta?
Presidenta: Ah, Luciano, você sabe que eu
gosto de acompanhar cada obra bem de perto para saber como as coisas estão
indo. Hoje, por exemplo, estou indo à Paraíba para ver direitinho as obras do “canal
das Vertentes Litorâneas”:
Esse canal, Luciano, para você ter uma ideia, vai levar as águas do Rio São Francisco para 38 municípios. Outra grande obra é o “Eixão das Águas”, lá no Ceará, que pega água no Castanhão, o maior açude do Brasil, para levar água até Fortaleza. É uma distância, Luciano, de 260km. Veja só, essa obra é fundamental, porque ela evita colapso no abastecimento de água lá em Fortaleza.
Eixão das Águas
Aliás, eu fui lá na Bahia
recentemente para inaugurar a primeira parte da “Adutora do Algodão”, que já
está beneficiando mais de 100 mil moradores na região de Guanambi. E ainda,
Luciano, também estive no Piauí visitando as obras do “Sistema Piaus”, que está
quase pronto.
Luciano Seixas: Quantas obras, hein,
presidenta?!
Presidenta: E não parou por aí, não. Tem mais.
Nas próximas semanas, eu vou a Alagoas ver o “Canal do Sertão Alagoano”, que
vai levar as águas do São Francisco para o sertão por um canal que já tem 78km
em obras.
Ponte das águas do Canal do Sertão Alagoano
Também, Luciano, eu vou a Pernambuco
ver de perto a adutora que estamos construindo em pleno Sertão do Pajeú, um das
regiões mais secas do nosso Nordeste. Essa adutora, Luciano, a “Adutora do
Pajeú”, já está levando água para a Serra Talhada, para alegria de 80 mil
pessoas que lá moram.
Trecho da Adutora do Pajeú
A Dona Regina dos Santos, por
exemplo, quase não acreditou quando saiu água limpa da torneira da casa dela.
Por muitos anos, a água que chegou na casa da Dona Regina, lá na periferia de
Serra Talhada, era pouca, era barrenta, impossível de beber. E a Dona Regina
era obrigada a comprar, toda semana, pelo menos um balde com 50 litros de água
limpa para dar de beber a seus quatro filhos. Veja como a vida da Dona Regina
mudou.
Luciano Seixas: E como estão os
investimentos do “Água para Todos” que a senhora falou no início do Café?
Presidenta: Olha, Luciano, foi bom você voltar
a esse tema. Desde o início do meu governo, nós já instalamos 260 mil cisternas
nas casas e nos povoados do semiárido. E vamos instalar, para você ter uma
ideia, mais 240 mil cisternas só este ano. Essas cisternas, sabe, Luciano, são
importantíssimas, porque elas permitem que as famílias armazenem a água da
chuva ou mesmo armazenem a água recebida de carros-pipa sem ter que andar, às
vezes, quilômetros e quilômetros para buscar água e carregá-la em baldes ou em
latas.
Luciano Seixas: Há, também, medidas
emergenciais, não é, presidenta?
Presidenta: Tem, sim, medidas emergenciais,
Luciano. Nesse momento em que o Nordeste passa por uma seca, das mais intensas
das últimas décadas, a nossa maior preocupação é diminuir o sofrimento das
famílias. Por isso, Luciano, estamos fazendo a maior “Operação Carro-Pipa” já
vista nesse país. Veja você que 4.624 carros-pipa, Luciano, contratados pelo
governo federal, estão distribuindo água sob a coordenação do Exército
Brasileiro em 750 municípios do semiárido. Os governos estaduais, Luciano,
também estão mobilizados. Eles contrataram quase 2 mil carros-pipa. E com isso,
Luciano, esses carros-pipa dos governos estaduais e aqueles que nós contratamos
estão garantindo água para o consumo de mais de 3 milhões de pessoas.
Luciano Seixas: Presidenta,
infelizmente, a nossa conversa está chegando ao fim.
Presidenta: Antes de terminar, eu quero dizer
que todo o nosso esforço é para enfrentar esse desafio importantíssimo para o
nosso país, que é o de universalizar o acesso à água. Porque eu sei, Luciano,
que assim como a luz, quando chega em uma casa, transforma para sempre a vida
das pessoas, a água também, Luciano. E para muito melhor. Obrigada, Luciano. E
uma boa semana para você e para os nossos ouvintes!
Luciano Seixas: Obrigado,
presidenta. Uma boa viagem! Você que nos ouve pode acessar o “Café com a
Presidenta” na internet. O endereço é www.cafe.ebc.com.br. Nós voltamos na
próxima segunda-feira. Até lá!”
FONTE:
Blog do Planalto (http://www2.planalto.gov.br/imprensa/cafe-com-a-presidenta/programa-de-radio-201ccafe-com-a-presidenta201d-com-a-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-76/view)
[Título, subtítulo e imagens (obtidas no google) adicionados por este blog
‘democracia&política’].
2 comentários:
"A seca e o olhar sudestino"
É duro ver as reportagens feitas pelos grandes meios de comunicação do sul e sudeste sobre nossa região, particularmente em tempos de longa estiagem.
O pior da seca parece estar terminando, mas não terminou. Ainda haverá sofrimentos em 2013, menos água em muitos lugares, pastagem mais escassa, safra prejudicada. Mas, a tendência é a situação melhorar daqui para frente, voltando a longa estiagem lá pelo ano de 2050, daqui a trinta anos.
Não se repetiu a tragédia humana das grandes migrações e do genocídio humano. A lógica da convivência com o semiárido provou ser a mais correta e a tragédia só não se repetiu graças a pouca infraestrutura já implementada, como cisternas e algumas adutoras.
É duro ver as reportagens feitas pelos grandes meios de comunicação do sul e sudeste sobre nossa região, particularmente em tempos de longa estiagem. O imaginário preconcebido sempre está presente.
Elas têm enfatizado a morte dos animais. De fato, o gado bovino tem sofrido e morrido em quantidade nessa seca. Mas, essa é uma questão superada para o movimento social que defende a convivência com o semiárido, isto é, essa região nunca foi local adequado para se criar bois e vacas. Há uma comparação feita pelos educadores populares nos cursos de formação com uma estatística bem simples: um boi come por sete bodes, bebe por sete bodes, ocupa o espaço de sete bodes. Quando morre um boi, morre o equivalente a sete bodes.
De fato, quando se encontrar um bode morto de fome ou sede no sertão, é porque ali já não sobrou uma alma viva. Nessa seca os bois estão morrendo, os bodes estão gordos. O animal é adaptado, suporta as secas, mesmo que sua criação seja contestada por muitos técnicos como sendo um animal daninho e ameaçador da biodiversidade. Mas isso – dizem os técnicos do movimento social – é um problema de manejo, não de adaptação.
Além do mais, os repórteres têm se dirigido exclusivamente ao sertão de Pernambuco, particularmente aos eixos da Transposição. Muitos insinuam: se a obra estivesse concluída, não haveria esse sofrimento.
Mentira absurda. Os lugares visitados, como Cabrobó, estão às margens do São Francisco. Água é o que não falta para abastecer o sertão de Pernambuco. O problema continua sendo sua distribuição.
Ao seu modo o governo começa fazer as adutoras, tão reivindicadas por nós. A do Algodão em Guanambi; do Pajeú, em Pernambuco; do São Francisco para Aracaju; do Forró no sertão de Curaçá; do Cristal no sertão de Petrolina; as duas de Remanso; etc. Portanto, o governo sabe o que é correto fazer.
Quanto à Transposição, tudo que prevíamos acontece: impacto nas comunidades, impacto no meio ambiente, prazos alongados, preços duplicados. Um fator não previmos: os projetos mal feitos e agora condenados pelos Tribunal de Contas da União.
Se a obra vai chegar ao fim não sabemos. Só lá poderemos confirmar nossas outras previsões, as mais cruéis: a água não é para o povo necessitado; vai impactar o São Francisco - que esse ano já está apenas com 27% em Sobradinho-; finalmente, não vai resolver o problema da seca.
Quem viver verá. O tempo é o pai da verdade.
Roberto Malvezzi(Gogó) é assessor da Comissão Pastoral da Terra(CPT).
http://www.brasildefato.com.br/node/11663
Probus,
Obrigada pelo comentário. Aprendi fatos que desconhecia. Enriqueceu o tema.
Maria Tereza
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