O blog “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, ontem publicou o seguinte texto:
“A pesquisa divulgada hoje pela CNI, de autoria do Ibope, diz que 73% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo ou bom e 20% regular. E a aprovação pessoal do presidente está em 84%. Dois recordes.
Não vou entrar na análise dos resultados. Cada um tem lá sua própria interpretação.
Acredito que, como eu, todos os leitores deste site têm um, dois, dez, cem ou mil críticas a fazer ao governo federal. Eu, por exemplo, acabo de sair de uma reserva indígena de Mato Grosso do Sul na qual os indígenas vivem em completo abandono. Deu pena de vê-los miseráveis, mendigando cestas básicas.
Mas é inegável que o governo Lula se empenhou em aprovar a demarcação da TI Raposa/Serra do Sol em Roraima e que o resultado do julgamento no STF representará um grande avanço para os direitos indígenas no Brasil. Ou seja, nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Como ouvi Mino Carta dizer há algumas semanas, tudo o que o governo Lula fez nos últimos anos, em termos de investimentos sociais, são migalhas que cairam da mesa da elite brasileira. E, ainda assim, a mídia representante desta elite moveu uma campanha aberta contra o governo Lula, através da formulação de "crises", "caos" e "apagões" desde ao menos 2004. Do "caos aéreo" à "epidemia de febre amarela" só aconteceram crises federais no Brasil. Não houve uma só crise tucana, especialmente em São Paulo. Em São Paulo os problemas são sempre isolados. Crises? Só federais.
Não haveria um apagão elétrico no Brasil antes do final de 2008? Não foi essa a previsão que ouvimos no início do ano?
Outro dia eu ouvia na rádio CBN a reprodução do trecho de um discurso do presidente da República em que Lula falava uma de suas. Em seguida a rádio reproduziu um trecho de discurso do folclórico Odorico Paraguassu, o personagem da novela "Bem Amado".
Fiquei pensando: e se o presidente fosse FHC? E se fosse o José Serra? Ah, nesse caso os "analistas" e "comentaristas" seriam escalados para tecer loas à sabedoria presidencial.
É nessa linha de humor que o presidente da República deveria dedicar o resultado das pesquisas mais recentes ao "estrategista" da Globo, Ali Kamel, o aprendiz de feiticeiro que assumiu a tarefa de articular o discurso de desgaste do governo através dos telejornais e programas da emissora.
Essa eu testemunhei de perto. Perguntem ao Marco Aurélio, ex-editor de Economia do Jornal Nacional, que recebeu a orientação para tirar o pé da cobertura de assuntos econômicos que pudessem beneficiar o governo em 2006, quando a economia estava bombando. Perguntem aos repórteres e editores -- alguns dos quais continuam na emissora -- que foram pedir ao editor regional de São Paulo uma cobertura equilibrada de escândalos petistas e tucanos.
Perguntem ao repórter global -- me reservo o direito de resguardar o nome -- que procurou um ministro do governo Lula para denunciar as manobras de Kamel em 2006.
As digitais de Kamel estão por toda parte. É dele a escalação da tropa de choque encarregada da guerra diária para desgastar o governo, que milita da rádio CBN ao jornal "O Globo" à TV Globo. São os profetas do apocalipse na saúde, na energia, na economia. Pelas previsões catastróficas que fizeram ao longo dos últimos anos o Brasil já deveria ter afundado. Não, não estou exagerando. Basta você tentar responder a essa pergunta: quantas crises "tucanas" existem no mundo dessa gente?
Quantos casos de corrupção "tucana"? Quantas reportagens sobre o "caos" envolvendo qualquer setor do governo de São Paulo?
Risível é o resultado da ação da tropa de choque kameliana: popularidade do Lula em 84%. É ainda mais cômico ver que tanto a Folha quanto o Estadão foram pescar no resultado da pesquisa aquilo que se enquadra na proposta de fim de mundo que eles se encarregaram de alardear nas últimas semanas: a preocupação das pessoas com a inflação e o desemprego.”
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