domingo, 21 de dezembro de 2008

CADÊ A CRISE, SENHORES?

Eduardo Guimarães, em seu blog “Cidadania.com” publicou 6ª feira:

“O nível de desemprego nacional em novembro é o menor em 6 anos; passou de 7,5% em outubro para 7,6% um mês depois, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro de 2007, a taxa correspondeu a 8,2%

Tomem-se todas as enxurradas de previsões catastrofistas e alarmistas que vem sendo feitas sobre a economia do país desde 15 de setembro deste ano, há mais de 3 meses.

Segundo essas previsões, o quarto trimestre de 2008 já iria refletir o desastre que estaria chegando, um desastre que viria para contrariar a crença da maioria massacrante dos brasileiros de que o governo Lula é bom ou ótimo, pois, à diferença do governo anterior, este teria encontrado pela frente “céu de brigadeiro”, enquanto que aquele teria passado por “terríveis crises mundiais”.

Essa previsão, cada vez mais cede lugar a outra nas bocas e penas dos mesmos que verteram as duas – para não dizer que vomitaram. Na nova teoria, montada às pressas, agora a crise não virá por mérito do governo anterior, o de FHC e José Serra. E isso porque os números frios da economia não estão obrigados a colaborar com interesses políticos anti-nacionais que não podem admitir que, em meio à maior crise econômica dos últimos OITENTA ANOS, o Brasil se transforme numa ilha de prosperidade num mundo em depressão.

“Quem é esse baiano para conseguir manter o Brasil acima da crise?”, perguntam aqui em São Paulo. No meu bairro, no Paraíso, bairro que fica na extremidade Sul da eminente avenida Paulista, centro financeiro e urbano da América do Sul, ouve-se isso de qualquer vizinho, com algumas (poucas) exceções. Sabem, é que aqui em São Paulo a elite tem mania de qualificar todo nordestino como “baiano”...

Bem, o “baiano” em questão é o presidente da República. Ele não estudou na USP, no Dante Aligheri ou no São Luis, mas no Senai, junto com milhares e milhares de outros “baianos” que os paulistanos “da gema” maldizem, mas que tiveram que ser “importados” para construírem São Paulo, tocarem suas fábricas, levantarem seus edifícios, viadutos e túneis, construírem seu metrô, limparem suas ruas e até suas casas, serviço este que faziam e continuam fazendo a troco de esmolas e um prato de comida por uma semana de trabalho de, às vezes, sete dias.

Eu creio neste governo e creio na lógica. Mesmo acreditando em Lula quando ele diz que não há motivos para o empresariado demitir e este acaba não demitindo, pelo menos até aqui, exclusivamente por causa da gritaria de CEOs oportunistas dos grandes grupos empresariais que tentam mutilar direitos trabalhistas sem razão fundada em números frios da economia, eu venho me dedicando a buscar uma fonte consistente de problemas para o país e, em vez disso, só encontro fontes de melhora.

A atividade econômica no varejo não deu praticamente bola para a crise. Como a mídia transforma queda na venda de veículos e em alguns outros poucos setores em tendência da economia, ilustrando jornais e telejornais com esses fatos, parece que tudo neste país parou.

Mas não está acontecendo isso. Com a população empregada e com dinheiro no bolso, mesmo sem crédito o consumo de vários setores deverá segurar a atividade econômica num patamar bem acima do que o PSDB, o PFL, a Globo, a Folha e a Veja, entre outros, querem.

Poupem e-mails e telefonemas. Não tenho bola de cristal nenhuma, apesar de que, como eu disse, dados do segundo mês do quarto trimestre de 2008 ainda não deram as indicações esperadas de queda na atividade econômica que permitam proclamar, ao fim do primeiro trimestre de 2009, que o país estará em “recessão técnica”. A tão ansiada recessão vai dando tchauzinho para Serras, Marinhos, FHCs, Frias, Civitas e congêneres.

Aliás, esse primeiro dado vital sobre a economia em novembro (sobre o desemprego) me surpreendeu também. Pensei que as dispensas em outubro e novembro alardeadas pela mídia influiriam um pouco nos dados do desemprego, mas a criação de vagas, dado subestimado pela grande maioria dos analistas e ocultado pela mídia, parece que superou as demissões localizadas.

Eles todos (os oráculos da mídia e do mercado financeiro) já erraram grosseiramente.

No terceiro trimestre deste ano, chegaram a prever um crescimento de menos de 5%; o resultado foi de 6,8%. Até aqui, portanto, o Copom continua amparado pelos fatos para não afrouxar a política monetária na velocidade pedida, e os oportunistas do empresariado perdem discurso para aumentarem seus lucros diminuindo direitos trabalhistas. Como, inclusive, bem disse o presidente Lula.

PORTAIS INVERTEM MANCHETES

Alguns minutos depois da manchete do UOL que vocês vêem acima, o portal substituiu por outra, digamos, mais “condizente” com as práticas criminosas de nossa mídia, transformando a boa notícia sobre o menor desemprego em 6 anos em outra que diz que o desemprego “subiu” em novembro, escondendo que diminuiu fortemente em relação a novembro do ano passado. A “subida” é ridiculamente pequena para todo o alarde que se fez sobre o desemprego em novembro. Por ter havido um “aumento” de mísero 0,1 p.p., o mais correto seria dizer que a desocupação ficou estável no mês passado. O portal G1, da Globo, também distorceu a notícia. Daí perdi a paciência para olhar outras manipulações iguais. Esses caras são uns bandidos.

MAROLINHA

Com informações da Agência Brasil - Em reunião com jornalistas hoje (sexta-feira) pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi questionado por um jornalista se tem algum arrependimento por ter declarado que os efeitos da crise chegariam ao Brasil na forma de uma "marolinha" e respondeu que não se arrependeu da frase e que a previsão do seu governo de crescimento de 4% para o ano que vem está mantida. Ele lembrou que, mesmo com a crise internacional, o PIB brasileiro apresentou crescimento de 6,8% no terceiro trimestre deste ano.”

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