terça-feira, 16 de dezembro de 2008

PRESIDENTE DA INFRAERO VOLTA A CRITICAR PRIVATIZAÇÃO

Li ontem no site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim, o seguinte texto de Tiago Décimo, de Salvador, publicado pelo jornal O Estado de São Paulo:

“A cinco dias de passar o cargo de presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) ao brigadeiro-do-ar e diretor da Infraero Cleonilson Nicácio Silva, Sérgio Gaudenzi voltou a criticar duramente o projeto de privatização dos aeroportos brasileiros e explicou o motivo de seu pedido de demissão.

"Eu disse ao ministro (da Defesa, Nelson Jobim): ''Eu não vou ter entusiasmo nenhum em comandar um processo (as privatizações) com o qual eu não concordo''", afirma. "Como eu não sabotaria uma decisão do governo, achei por bem pedir meu afastamento." Gaudenzi concorda que a Infraero é "altamente burocratizada" mas afirma que a simples venda dos aeroportos "não é o caminho."

"Sugeri a abertura de capital da empresa, algo da forma como funciona a Petrobrás", conta o presidente demissionário. "Começamos a elaborar estudos que indicavam que essa seria uma boa alternativa para oxigenar a empresa. Apesar disso, o governo decidiu seguir a linha da privatização."

De acordo com Gaudenzi, o modelo de venda dos aeroportos, em vez de melhorar a malha aeroviária, tende a colocar em risco boa parte da infra-estrutura do setor no País. "Hoje, administramos 67 aeroportos, dos quais dez dão lucro, dez operam em equilíbrio e 47 dão prejuízo", afirma. "Essa maioria é formada por aeroportos que não têm como deixar de ser deficitários e têm de continuar existindo. Em Tefé (AM), o aeroporto é praticamente a única forma de as pessoas chegarem e saírem", exemplifica.

O administrador explica que é dos recursos provenientes dos aeroportos lucrativos que sai a verba para financiar as obras nos terminais menores. "Toda a operação da Infraero funciona bem por causa do caixa único da empresa", afirma. "Se a gente começa a vender os aeroportos grandes, que dão lucro, como o de Viracopos, em Campinas, e o do Galeão, no Rio (que já contam com projetos de privatização), ficamos sem ter como operar os deficitários."

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