Ontem li no UOL a seguinte reportagem de Jean-Pierre Langellier, publicada no jornal francês Le Monde (Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves):
Era um encontro principalmente simbólico, mas o símbolo tem muito peso. Pela primeira vez em sua história comum, os 33 países da América Latina e do Caribe, representados por seus presidentes ou primeiros-ministros, se reuniram nesta quarta-feira (16) e quinta (17), sem a presença dos EUA ou da Europa. O acontecimento teve lugar na Costa do Sauípe, uma estação balneária próxima de Salvador, Bahia, nordeste do Brasil.
A convite do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, essa maratona diplomática fez coincidir a primeira Cúpula da América Latina e do Caribe, sobre integração regional e desenvolvimento, com reuniões de três organizações existentes, o Mercosul, mercado que agrupa Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), fundada em maio, e o Grupo do Rio, um fórum regional criado em 1986.
Raúl Castro foi o "herói" dessa megacúpula. Aos 77 anos, o presidente cubano, que vinha de viagem à Venezuela, deu na Bahia seus primeiros passos no cenário internacional, depois de ter substituído seu irmão, Fidel Castro, na chefia do Estado em 31 de julho de 2006.
Ao receber Cuba no Grupo do Rio na quarta-feira, os dirigentes da região quiseram indicar, notadamente na direção dos EUA, que o regime castrista deverá agora reencontrar seu lugar no seio da família latino-americana, 46 anos depois de sua exclusão da Organização dos Estados Americanos (OEA). Eles pediram o fim do embargo americano contra a ilha comunista, que qualificaram, segundo Raúl Castro, de "violação política ilegal dos direitos humanos".
"CUBA RETORNA"
O presidente Lula, velho amigo dos irmãos Castro, desejou que a participação cubana seja seguida de muitas outras. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado fervoroso de Havana, salientou que "Cuba retorna para onde sempre deveria ter estado", e acrescentou: "Os EUA não mandam mais aqui". Ao chegar, Chávez havia dito: "É tão bom estar na Bahia, e não em Nova York, convocados pelo império americano".
Sem dúvida não é por acaso que os dois presidentes sul-americanos mais próximos de Washington, o colombiano Álvaro Uribe e o peruano Alan García, encontraram boas desculpas para não vir à Bahia. Julgando "incrível" que os países latino-americanos tenham esperado "200 anos" (após sua independência) para "se reunir sem a presença de potências externas", o chefe da diplomacia brasileira, Celso Amorim, explicou que esse encontro não é dirigido contra ninguém.
Ao chegar ao Brasil, na véspera, Raúl Castro se disse disposto, pela segunda vez em um mês, a iniciar um diálogo sobre o embargo americano com o presidente eleito Barack Obama: "Se ele quiser discutir, vamos discutir". Os dois talvez tenham a oportunidade de se conhecer durante o próximo encontro regional, a Cúpula das Américas, da qual participam os EUA, que se realizará em abril de 2009 em Trinidad e Tobago.”
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