sexta-feira, 21 de março de 2008

POG + PIG EM CAMPANHA ELEITORAL

No seu blog "Vi o mundo", o jornalista Luiz Carlos Azenha nos brinda hoje com a cristalina descrição do empenho da imprensa para as próximas campanhas eleitorais, as municipais para 2008 e a presidencial para 2010. Com a sua clarividência e a experiência de ex-jornalista da TV Globo, ele nos mostra como já atuam, e vão atuar cada vez mais, o Partido das Organizações Globo (POG) e o restante da grande mídia, o Partido da Imprensa Golpista (PIG). Leiamos o artigo do Azenha:

A GLOBO JÁ ESTÁ EM CAMPANHA, EM ESFORÇO MELHOR ORGANIZADO QUE O DE 2006

"São Paulo - Governo e oposição já estão em franca campanha para as eleições municipais de 2008. O governo faz o PAC e os Territórios da Cidadania, que são obras importantes de infraestrutura, mas podem, óbviamente, render dividendos eleitorais. A oposição está desarticulada no Congresso, mas tem aliados importantes no STF e na mídia.

O partido mais forte de oposição é o Partido das Organizações Globo. Só não percebe que está em campanha eleitoral quem não presta atenção. A campanha vai do Jornal Nacional à rádio CBN, passando pelo jornal O Globo e o portal da Globo.com.

Não existem reuniões de campanha. Não é preciso. Os senadores, deputados e vereadores deste partido pensam igual. Alguns são escalados para tentar agendar o noticiário do dia, através do Bom Dia Brasil. Outros trabalham junto à elite, em programas da Globonews. Há os que ataquem em novelas e no entretenimento. É uma bancada de famosos.

Sinceramente, não sei qual é a eficácia desse martelar contínuo. O time é formado não só por aqueles que recebem salários diretamente, mas também pelos contratados para prestar serviço. São os especialistas, que recebem um espaço extraordinário em concessões públicas de rádio e de televisão para dar suas opiniões "neutras". Esse tempo não é contado no tempo oferecido a integrantes do governo ou da oposição. É tempo de comentários supostamente jornalísticos. É propaganda eleitoral disfarçada.

Está no ar, nas Organizações Globo, uma reprise melhor organizada do que em 2006.
De lá para cá a linha editorial foi consolidada. Correspondentes internacionais receberam o que pode ser definido como "material de propaganda", para que aprendam o que pensa a direção da empresa. Ainda que alguns correspondentes usem os livros para calçar a porta de casa, o importante é que repitam, no ar, o conteúdo.

Há três objetivos: um, de curto prazo, meramente eleitoral. Nessa estratégia se encaixam participações como as do doutor Rosenfield. Ele é apresentado como doutor em ética e professor universitário. O ouvinte desavisado acha que é uma simples autoridade intelectual que é imparcial. Elas serão usadas crescentemente para não desgastar a credibilidade dos jornalistas da casa, munição importante para as vésperas da eleição.

Os ataques vão se concentrar naquilo que os aliados do governo poderão usar na campanha, especialmente no PAC. As CPIs dos cartões corporativos e das ONG são mantidas em banho-maria. É delas que surgirão os escândalos para alimentar o noticiário dos próximos meses. Se 2006 serve de exemplo, esses e outros escândalos vão atingir o ápice em agosto ou setembro. Se começarem a surgir muito cedo, haverá tempo para refutá-los - especialmente através da internet.

O segundo objetivo é mais longínqüo: as eleições de 2010. Os jornalistas assalariados e os comentaristas alugados vão mirar em qualquer candidato em potencial ligado ao governo - de Ciro Gomes e a Dilma Roussef. É um trabalho de longo prazo. Feito com paciência, diligência e organização.

O terceiro objetivo é ideológico: travar iniciativas consideradas prejudiciais aos interesses políticos ou econômicos das Organizações Globo e da política externa dos Estados Unidos, que em alguns pontos se confundem: redução da jornada de trabalho, aumentos do salário mínimo acima da inflação, programas sociais, reforma agrária, reconhecimento de direitos dos quilombolas e dos indígenas que ameacem o agronegócio, estatuto da Igualdade Racial, expansão do Mercosul, qualquer iniciative que represente aproximação entre o Brasil, a Bolívia, o Equador e a Venezuela.

Eu escolhi reproduzir o áudio da rádio CBN, que está na Rádio Viomundo, para dar um exemplo do que ouvem milhões de paulistanos em seus automóveis, presos no engarrafamento, que é sempre causado "por excesso de veículos", no jargão da emissora. Os congestionamentos-monstro de São Paulo nunca são causados por falta de planejamento ou pela inércia dos poderes públicos. Admitir isso seria, de alguma forma, prejudicar o projeto político aliado, que hoje controla a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual.

Notem como o jornalista-locutor se sente à vontade para sugerir que, infelizmente, é impossível mudar de técnico - ou seja, é impossível derrubar um presidente da República eleito pela maioria.

Sugiro a vocês que escrevam aí embaixo uma lista de senadores, deputados e vereadores da bancada das Organizações Globo. Vou criar uma seção neste site para que fiquem registradas as declarações da bancada da Globo nesta campanha eleitoral. Peço a contribuição de todos. Não pode haver erro: o objetivo é o de reproduzir literalmente o que escrevem e dizem no rádio e na TV os integrantes deste verdadeiro partido político, de alcance e penetração nacional.

Gravem da TV, do rádio, recortem dos jornais. Vamos fazer a partir de agora um grande banco de dados com os comentários "apartidários" do Partido das Organizações Globo, para a diversão de futuras gerações."

2 comentários:

carlos augusto a. doria disse...

Para mim não é surpresa esta orquestração da direita. Ela fará o possível e o impossível para voltar ao poder. Por isso, temos que juntar forças, como pede o Azenha. Já podem contar comigo, pois já tenho 68 anos e venho acompanhando as baixarias da direita, não só brasileira como latino-americana há muito tempo.

Mago disse...

Com brasileiros como vocês, que patrocinam este pensamento mesquinho, continuaremus eternamente no buraco.