quinta-feira, 3 de abril de 2008

COMO SE FAZ UMA “LIMPEZA IDEOLÓGICA” (NA INTERNET)

O novo endereço do blog do renomado jornalista Paulo Henrique Amorim (ver link em “recomendamos”) nos trás hoje um pouco mais de esclarecimentos sobre a súbita, inesperada e unilateral retirada do ar do seu blog, sediado no IG. Já tratamos dessa violência contra o blogueiro e o seu público no artigo, de 19/03/2008, “IG + PIG + Oposição vs 'Conversa Afiada'".

Transcrevo o artigo de hoje de Paulo Henrique Amorim. Os links (“clique aqui”) constam no texto original do seu blog "Conversa Afiada":

“Enviei o e-mail abaixo a Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, do bloco controlador da Brasil Telecom. Com cópia para meu advogado, Dr Marcos Bitelli, para o Ministro Franklin Martins, e os presidentes da Previ (Sérgio Rosa) e Petros (Wagner Pinheiro), além do advogado Sérgio Spinelli, do Citibank, também do bloco controlador da Brasil Telecom.

Considerei apropriado copiar também os Srs. K e Caio T. (“T de Tartufo) Costa. Por motivos óbvios não mandei para Daniel Dantas, que, embora não seja do bloco controlador, na prática controla o processo de compra da Brasil Telecom pela Oi, de que resultará a “BrOi”.

Resultará?

Não confie inteiramente no PiG. Leia a imprensa estrangeira.

Clique aqui para ler o que diz o Financial Times. Como se sabe, um exemplar do Financial Times do século passado contém informações mais úteis e verdadeiras que qualquer edição do PiG de hoje.

Mas, vamos ao e-mail a Guilherme Lacerda:

‘Caro Guilherme,

No simpático telefonema que você me deu, fiquei com a impressão de que você não fazia idéia da “limpeza ideológica” a que fui submetido no iG, nem da gravidade da decisão judicial que me garantiu desfazer a “limpeza”.

A “limpeza ideológica” realizada pelos Srs. K (uma letra que aponta para duas direções opostas) e Caio T. (“T” de Tartufo) Costa, da Brasil Telecom e do iG, de que a Funcef que você preside faz parte do grupo controlador, consistia no seguinte: apagar da memória dos provedores do iG todo o trabalho que lá realizei por dois anos.
Isso significa que o meu trabalho intelectual não seria recuperado, nem qualquer site de busca, especialmente no Google.

É como se um adversário de Caio T. (“T” de Tartufo) Costa fosse ao arquivo da Folha de S. Paulo e mandasse botar fogo em todos exemplares de jornais que contivessem as colunas que Caio T. (“T” de Tartufo) Costa escreveu como ombudsman da Folha para defender os princípios da ética no jornalismo ...

Preferi esse exemplo, mais elegante, do que relembrar as fogueiras em que os nazistas queimavam os livros de Rosa de Luxemburgo...

Além disso, meus funcionários, que trabalhavam no iG, foram enxotados do prédio, seus computadores lacrados, e o crachá confiscado, como se fizessem parte da equipe do Fernandinho Beira-Mar.

Como bem lembrou Luiz Carlos Azenha, do blog www.viomundo.com.br, nem a Globo agiu com essa truculência, quando brigou com seu comentarista político Franklin Martins. Ao contrário: manteve o site de Franklin no ar e o redirecionou para a Band, onde Franklin postou o seu site.

A violência da “limpeza ideológica” foi tanta que mereceu, em apenas três horas, uma resposta do Poder Judiciário, que me concedeu um mandado de segurança para recuperar o trabalho intelectual que o Sr. K e Caio T. (“T” de Tartufo) Costa pretendiam fazer evaporar de seus provedores.

Reproduzo trechos da decisão:

“ MANDA a qualquer oficial de Justiça que ... proceda a busca e apreensão de todo o conteúdo de titularidade dos autores (arquivos de texto, de imagens de vídeo etc.) gravados nos servidores do iG e nos desktops utilizados até então pelos colaboradores dos autores ... se encontra presente diante do inegável direito dos autores ao conteúdo de titularidade dos mesmos existentes nos servidores... O “periculum in mora” se consubstancia na possibilidade de inutilização ou perda de tais dados e informações, bem como de ser dificultado o exercício das atividades diárias dos autores. Autorizo desde já, se necessário, a requisição de força policial e arrombamento.” Assinado, Sergio da Costa Leite, Juiz da 33ª. Vara Cível de São Paulo.

Pois é, Guilherme, que bonito, hein?

Se o Sr. K ou o Sr. Caio T. (“T” de Tartufo) Costa vacila ou tem um surto de arrogância tucana, a Justiça mandava arrombar a sede do iG na Rua Amaury – empresa que a Brasil Telecom controla (controla?).

Como lhe disse no telefonema, com a franqueza e o cavalheirismo que orientaram a nossa relação nestes anos, vou buscar na Justiça a reparação para esse dano moral.

Espero, com a ajuda de meu advogado, Dr Marcos Bitelli, enfrentar nas barras dos tribunais o ilustre causídico Dr. José Roberto Santoro, que abrilhantou os quadros de conselheiros jurídicos do Sr. K, depois de ter participado da patranha montada por José Serra e Fernando Henrique Cardoso para desmontar a candidatura de Roseana Sarney, em 2002. (Se você quiser rememorar essa página gloriosa da História da República, vá ao meu novo site www.paulohenriqueamorim.com.br, no texto “Serra, o fabricante de dossiês”. Repare que faz parte desse texto uma enobrecedora menção a Paulo Moreira Leite, que abrilhanta as páginas do iG e aparece na capa com freqüência que Mino Carta jamais mereceu ... Mino, como você sabe, encerrou suas atividades como blogueiro do iG, em protesto contra a “limpeza”).

Quero dizer, também, caro Guilherme, que nesse processo judicial (se o Dr. Bitelli julgar necessário) terei como provar – com testemunhas – que o Senhor Caio T. (“T” de Tartufo) Costa pessoalmente espalhou na mídia tucana, em que transita como se estivesse em casa, a informação – falsa – de que a minha audiência no iG era baixa.

Não era. E isso, no devido momento, se comprovará.

E só não era maior, porque, desconfio, o iG “inspirava” o Google a mitigar a minha audiência. (O iG, como você sabe, tem uma parceria estratégica com o Google. E o Sr. Caio T. (“T” de Tartufo) Costa foi chefe, no UOL, do presidente do Google no Brasil, Alexandre Hohagen.).

Sobre a minha audiência e o Google, o Dr. Bitelli já tomou as providências que a Lei recomenda.

Caro Guilherme, espero reencontrá-lo breve, para conversar, como sempre fizemos, sobre temas mais nobres. E não sobre esse, localizado na sarjeta em que depositaram a atividade jornalística do Brasil.

Saudações cordiais,
Paulo Henrique Amorim”

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