sexta-feira, 4 de novembro de 2011

BRASIL NA VANGUARDA DA PESQUISA EM TRANSGÊNICOS

Feijão transgênico

Por Cândido Vaccarezza

Organismos geneticamente modificados permitem que a humanidade tenha mais uma ferramenta para ampliar o acesso a fármacos e vacinas.

Uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, desenvolvida pela 'Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária' (EMBRAPA), acaba de ser aprovado na 'Comissão Técnica Nacional de Biossegurança' (CNTBio).

Trata-se da primeira semente geneticamente modificada feita por pesquisadores brasileiros.

Essa experiência será fundamental para o desenvolvimento agrícola do Brasil, de países sul-americanos e africanos. Se atingir a lavoura no início do plantio, o vírus do mosaico dourado pode destruir 100% da plantação de feijão.

Segundo cálculos da EMBRAPA, entre 5 e 10 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com o que se perde pela ação desse vírus.


Mas essa não foi a única vitória da ciência e da pesquisa nacional em biotecnologia. No final de maio, a EMBRAPA anunciou a obtenção de plantas transgênicas de cana-de-açúcar tolerantes à seca.


As perdas de plantações de cana de açúcar em decorrência desse fenômeno meteorológico variam entre 10% e 50%.

Há algumas décadas, a biotecnologia vem desenvolvendo os chamados 'organismos geneticamente modificados' -animais ou plantas que, por meio da inserção de genes de uma espécie para outra ou dentro da mesma espécie, transferem determinadas características.

Essa técnica permite a produção de biofármacos, plantas, vacinas e alimentos com melhor qualidade nutricional. Abriu-se, assim, a perspectiva de a humanidade ter mais uma ferramenta para combater a fome e também para ampliar o acesso de grande parte da população mundial aos fármacos e às vacinas.

Vários estudos, como o da ‘Royal Society’, do Reino Unido, uma das mais antigas e respeitadas entidades de pesquisa do mundo, mostram que não há evidências científicas de que seres humanos possam ser prejudicados por ingerir alimentos transgênicos.

Nenhum outro tipo de alimento tem sido tão detalhadamente pesquisado como os organismos geneticamente modificados.

Nos anos 1950, a "revolução verde" permitiu um salto de produtividade nos alimentos, com a utilização em larga escala da mecanização, de adubos químicos e defensivos agrícolas. Mas ela também provocou impactos ambientais e socioeconômicos que, somente depois de alguns anos, começaram a ser compreendidos e contornados.

Tais dificuldades estigmatizaram as novas descobertas como um cientificismo ingênuo, mas jamais colocaram na ordem do dia a volta aos tempos do arado movido a tração animal. As pesquisas que a EMBRAPA desenvolveu com plantas transgênicas do feijão e da cana-de-açúcar nos enchem de orgulho.

Além de ajudar a aumentar a segurança alimentar de milhões de brasileiros e a consolidar a nossa liderança na produção de etanol, elas nos colocam entre o seleto grupo de países que dominam a tecnologia de desenvolvimento de organismos geneticamente modificados.

Isso é fundamental para as pretensões do Brasil de disputar uma posição estratégica no mundo.”

FONTE: escrito por Cândido Vaccarezza, médico, deputado federal (PT-SP), líder do governo na Câmara dos Deputados e autor de projeto que estabelece normas de segurança e fiscalização dos organismos geneticamente modificados. Artigo publicado na 'Folha de São Paulo'  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0311201108.htm) [imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

2 comentários:

Fluxo disse...

Fala-se muito no desenvolvimento da pesquisa de transgênicos com o objetivo principal de minorar a fome de milhões de seres humanos. Mas essa questão, a da fome, não pode e não deve ser vista tão-somente sob esse aspecto, o da pesquisa de transgênicos. Informações recentes nos dizem que cerca de 30% dos produtos alimentares são perdidos devido a problemas ligados à armazenagem; outros registram mais de 40%. Entretanto, há um tipo de perda de alimentos que não se fala muito, que é a da comida colocada em excesso nos pratos quando comemos em restaurantes e mesmo no recinto doméstico. Certa vez, por curiosidade, perguntei a um garçom o quanto de alimentos era descartado diariamente no restaurante, isto é, de resto de comida deixado nos pratos. A resposta que obtive foi que cerca de 50 kg eram descartados todos os dias, o que dá certa de 1,5 t/mês e 18 t/ano. Isto num só restaurante. Projetemos isso para uma cidade, para um estado, para um país, para o mundo, e aí veremos o verdadeiro descalabro que se torna essa situação.

Fluxo disse...

Quanto a pesquisa de fármacos também oriundos de pesquisa transgência, gostaria de registrar o seguinte. Uma empresa brasileira produzia insulina, a princípio, por transformação química da insulina porcina. Essa empresa logrou desenvolver a tecnologia do DNA Recombinante. Isto é, um organismo geneticamente modificado (OGM)produzia este fármaco (naturalmente fabricado pelo organismo humano). Com isto tínhamos possibilidade de ter autonomia na produção de insulina, tão essencial aos diabéticos. Mas, o que aconteceu? A empresa foi vendida a uma empresa dinamarquesa, que, hoje, importa quase toda a insulina, senão toda, fornecida ao mercado, inclusive no setor estatal. Se essas informações contiverem erro, por favor, corrijam-me.