domingo, 27 de novembro de 2011

BRASIL NEGOCIA ACESSO A SOFTWARE DE SUBMARINO NUCLEAR

Submarino Scorpène (não nuclear), modelo comprado pelo Brasil na França

Por Guilherme Serodio, no jornal “Valor Econômico”

O Brasil pode obter a transferência de tecnologia dos softwares do submarino nuclear que vai construir em parceria com a França". A afirmação é do presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), Marcos Mazoni. A transferência da tecnologia não está prevista no acordo, mas, segundo Mazoni, os diálogos "estão indo bem nesse sentido" e o Brasil deve obter o acesso aos códigos fonte que controlam o equipamento. "É certo que [o Brasil] consegue".

Mazoni afirma que o SERPRO só entrou na discussão acerca da transferência da tecnologia dos softwares utilizados no submarino no ano passado, quando houve as primeiras reuniões de cooperação técnica com a França na área de supercomputação. A partir daí, os técnicos brasileiros passaram a dar atenção à questão dos softwares do submarino. "Eles dizem que o produto é aberto, nós queremos ver o produto, transferir conhecimento", diz Mazoni.

Ter acesso ao códigos dos softwares, afirma o presidente do SERPRO, é fundamental para saber como o submarino funciona. Os militares brasileiros, diz Mazoni, estão preocupados com a transferência de conhecimento de softwares dos equipamentos que adquire. "Nós temos boa parceria com o Ministério da Defesa e, hoje, a própria Marinha e o Exército brasileiros estão bastante avançados, inclusive no [uso] de software de código aberto", diz.

Esse tipo de preocupação na área de segurança não é exclusividade do Brasil, afirma Mazoni. Um exemplo, diz ele, é o exército alemão, que só compra equipamentos eletrônicos com softwares de código aberto. "[Na Alemanha] as Forças Armadas não usam produtos vindos dos Estados Unidos".

Para Julio Neves, assessor da presidência do SERPRO, "software livre também é soberania". Ele exemplifica a importância de se ter livre acesso aos códigos de equipamentos militares com um caso da Guerra do Golfo, ocorrida na década de 90. Durante o bombardeio do Iraque por forças americanas, um vírus instalado nos sistemas de radares de defesa iraquianos apagou as telas dos equipamentos. Sem conseguir ver os aviões inimigos nos radares, os militares iraquianos ficaram sem defesa contra o bombardeio. Segundo Neves, acredita-se que "os equipamentos já foram comprados [vendidos para os iraquianos] com o programa [escondido]".

Outro caso famoso ocorreu durante a Guerra das Malvinas, entre a Argentina e o Reino Unido. No conflito que durou de abril a junho de 1982, os militares argentinos atacaram as embarcações inglesas com o míssil antinavio francês Exocet. Após o primeiro afundamento, a França entregou aos ingleses o código que permitia que os mísseis fossem guiados por ondas de rádio, diminuindo a eficiência dos ataques argentinos.

O acordo entre Brasil e França para a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro faz parte do ‘Programa de Desenvolvimento de Submarinos’ (PROSUB) da Marinha, orçado em € 6,7 bilhões. Além do equipamento nuclear, o programa prevê a construção de quatro submarinos com tecnologia francesa. Os equipamentos serão fabricados no Brasil com supervisão francesa. O acordo prevê transferência de tecnologia.

Com a construção do equipamento, o Brasil entrará no restrito grupo de países capazes de projetar, construir e operar submarinos de propulsão nuclear. Atualmente, apenas Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China têm tal capacidade.

Sobre os planos do governo brasileiro em adquirir 36 novos caças para a Força Aérea, Mazoni assegura a cooperação do SERPRO: "Vamos estar juntos". O presidente do SERPRO participou do ‘Cyber Security International Forum’, realizado no Rio [este mês].”

FONTE: escrito por Guilherme Serodio, no jornal “Valor Econômico”  (http://www.defesanet.com.br/prosub/noticia/3708/Brasil-negocia-acesso-a-software-de-submarino-nuclear) [imagem do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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