Super Tucano
Se a EMBRAER vencer licitação da Força Aérea americana (USAF), na qual virou a única concorrente, a empresa vai fornecer, inicialmente, 20 Super Tucanos ao país.
Por Roberto Godoy, no Estadão
"O Super Tucano, avião da Embraer de ataque leve e apoio próximo à tropa terrestre, está bem perto de levar o contrato da Força Aérea americana, a USAF, para o fornecimento inicial de 15 a 20 aeronaves. A encomenda vale cerca de US$ 250 milhões. O benefício maior, entretanto, é a certificação dos Estados Unidos para um produto brasileiro de considerável valor agregado e de emprego militar.
O mercado internacional para essa classe de equipamento é avaliado em US$ 3,5 bilhões, envolvendo 300 aeronaves a serem adquiridas até 2020.
A posição da ‘Embraer Defesa e Segurança’ na disputa pelo programa ‘Light Attack Air Suport’ (LAS) melhorou muito com a exclusão do outro finalista, o AT-6, da Hawker Beechcraft, afastado da competição na semana passada. A empresa, de Wichita, no Estado do Kansas, reagiu à decisão com perplexidade.
Em nota, disse que recebeu a informação por carta, "embora tenha trabalhado por dois anos com a USAF (no programa)". No mesmo comunicado, a Hawker Beechcraft se diz "preocupada e confusa" com o fato de a correspondência da USAF "não oferecer qualquer justificativa para a resolução". A Embraer não comentou o episódio.
O fabricante americano acumula dificuldades. Por exigência do LAS, o avião apresentado não pode estar em fase de desenvolvimento. Na nota, a Hawker destaca que fez investimentos de US$ 100 milhões, "preparando o atendimento aos requisitos da Força". Porém, o avião nunca entrou em combate e só recentemente pôde realizar os testes iniciais com bombas inteligentes, guiadas a laser, no Arizona, de 28 de setembro e 5 de outubro. O grupo divulgou que está pedindo explicações à USAF e que vencer a escolha permitiria gerar 1,4 mil empregos em 20 Estados americanos.
Já o Super Tucano está em produção desde 1999, ano do primeiro voo. Entrou em operação em 2004 - sete nações adotaram o turboélice. Os pedidos em carteira somam 180 unidades. As entregas batem em 152 aviões.
Em outubro, o modelo foi certificado pela FAA, a agência americana que regula o setor aeronáutico nos Estados Unidos. O Emb-314, nome oficial do Super Tucano, foi provado em ação. Acumula 18 mil horas de combate sem perdas. A Embraer tem, a seu favor, outro fator estratégico: mantém parceria com a corporação ‘Sierra Nevada’ para fabricar o Super Tucano em Jacksonville, na Flórida, em complexo industrial próprio.
A decisão do Departamento de Defesa, o Pentágono, deve sair no começo de 2012. O interesse dos americanos é por avião capaz de oferecer apoio à tropa em terra. Os caças pesados são caros. O gasto com a operação, alto. A hora de voo do supersônico F-16E não sai por menos de US$ 6,5 mil, contra apenas US$ 500 do Super Tucano. Mais que isso, o avião brasileiro leva carga eletrônica embarcada equivalente, e cumpre as missões de contrainsurgência, ataque leve, interceptação de alvos de baixo desempenho e de instrução avançada, com alto rendimento.
O batismo de fogo foi em 18 de janeiro de 2007. Dois esquadrões de Super Tucanos da Força Aérea da Colômbia despejaram 4,5 toneladas de explosivos sobre as instalações de um comando das Forças Armadas Revolucionárias, as FARC. Em março de 2008, um número não revelado de aviões bombardeou um acampamento das FARC localizado pela inteligência colombiana em território do vizinho Equador. No começo do mês, oito Super Tucanos da ‘Operação Odisseia’ lançaram um novo tipo de bomba de precisão na base do comandante da guerrilha, Alfonso Cano.
INVESTIGAÇÃO
Apesar de estar perto de vencer a disputa, a Embraer pode enfrentar problemas nos EUA. A empresa está sendo investigada pela SEC (a CVM americana) por ''possível'' descumprimento das leis contra prática de corrupção no Exterior.” [a denúncia e investigação devem ser resultantes de lobby da concorrente Hawker Beechcraft].
[OBS deste blog ‘democracia&política’: não adianta torcer muito pela EMBRAER. Vencer licitação do Pentágono nada significa. O protecionismo nos EUA é violento e supera qualquer licitação que seja vencida por estrangeiros. O “livre comércio” é conversa para os trouxas e "neoliberais" dos outros países.
Exemplo 1: em 2004, o governo americano anunciou vitória da EMBRAER na licitação para venda de jatos de inteligência. Os ERJ-145 serviriam de plataforma para sistema de coleta de informações, vigilância e reconhecimento no campo de batalha. O contrato, entre US$ 7,5 bilhões e US$ 10 bilhões, cobria 58 aviões.
Logo, um intenso movimento das indústrias aeroespaciais dos EUA contra a resolução do Departamento de Defesa teve inicio. A assinatura do contrato sofreu três adiamentos. A concorrência foi anulada. (fonte: http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/3722/Embraer---Atuacao-do-governo-pode-manter-chances)
Exemplo 2: em decisão recente, a 'Airbus North America', ganhou a concorrência da USAF para substituição da frota dos aviões de reabastecimento aéreo KC-135, mas não levou o contrato. Mesmo o Airbus tendo sido considerado superior ao avião da Boeing, o governo dos EUA cancelou o processo e depois contratou a empresa americana( fonte: http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=28/11/2011&page=mostra_notimpol)]
FONTE: reportagem de Roberto Godoy, do “O Estado de São Paulo”. Transcrita no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/3707/Embraer-perto-de-contrato-nos-EUA) [trecho entre colchetes adicionado por este blog ‘democracia&política’].
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