Europeus protestam contra medidas draconianas
Marcio Pochmann: "Prosperidade das nações está em xeque"
"Mudanças demográficas, desindustrialização e dificuldades para os investimentos nos países ricos fazem crise mundial persistir, sem solução à vista após sete anos.
Por Marcio Pochmann, economista e doutor em ciências política, na "Rede Brasil Atual"
Por Marcio Pochmann, economista e doutor em ciências política, na "Rede Brasil Atual"
De maneira geral, a prosperidade de uma nação se associa inexoravelmente à capacidade de crescimento de sua economia, bem como sua transformação em bem-estar ao conjunto da sociedade. Sem crescimento, portanto, o bem-estar distancia-se, mesmo com o melhor instrumental existente para a distribuição de oportunidades econômicas, políticas e sociais.
Após quase sete anos do seu início, em 2008, a crise de dimensão global, sem solução à vista, tem reforçado cada vez mais o pessimismo a respeito da possível retomada do crescimento econômico.
Após quase sete anos do seu início, em 2008, a crise de dimensão global, sem solução à vista, tem reforçado cada vez mais o pessimismo a respeito da possível retomada do crescimento econômico.
Ademais da crítica central ao receituário neoliberal de austeridade, que conduz as políticas econômicas em grande parte do mundo, percebe-se, especialmente nos países ricos, três principais razões que concedem conteúdo às perspectivas de baixo dinamismo da produção econômica e suas graves consequências sociais, políticas e culturais por longo tempo.
Inicialmente, o declínio demográfico evidenciado pela ampliação da razão entre população dependente (menos de 15 e mais de 65 anos) e independente (mais de 15 e menos de 65 anos). Ou seja, cada vez menos trabalhadores ativos para continuar produzindo o necessário ao atendimento do conjunto da população.
Na sequência, a trajetória frágil da produtividade. Os países ricos registram problemas decorrentes do avanço da desindustrialização, com a queda na participação da manufatura no total do PIB (Produto Interno Bruto) e suas repercussões associadas ao esvaziamento dos empregos de melhor qualidade em termos de condições de trabalho e remuneração.
Exemplo disso percebe-se na constatação atual de que o emprego industrial nos Estados Unidos responde por salário de cerca de 120 mil dólares ao ano (360 mil reais), enquanto que as ocupações de serviços pagam remunerações anuais de somente 22 mil dólares (66 mil reais), ou seja, postos de trabalho nos serviços com rendimento de apenas 1/6 dos industriais. Com menor remuneração, os custos se tornam menores para os patrões e os lucros iniciais maiores no primeiro momento, porém, sem sustentação no longo prazo.
Por fim, a terceira razão do escasso crescimento econômico, que resulta em fraqueza do ciclo de inovação tecnológica outrora apresentado como uma das fontes da prosperidade moderna, surge, de um lado, com a contida motivação ao investimento das economias. Isso revela o imenso montante necessário de capital a ser mobilizado para criar a mesma quantidade de riqueza, superior em muitas vezes do que o necessário há meio século.
Ademais da incerteza vigente em relação à viabilidade do investimento em novas tecnologias, a concentração de capital necessário torna cada vez mais dependente o dinamismo capitalista da associação das grandes corporações transnacionais aos Estados.
De outro lado, a debilidade das inovações em relação à necessária alteração da matriz energética que ainda se encontra fortemente comprometedora do meio ambiente. As mudanças climáticas se mostram inegáveis, sem ainda contar com nova postura das economias menos agressivas ambientalmente.
Mais isso, todavia, segue sendo negado pelo pensamento neoliberal, que se mantém hegemônico e difundido com sucesso decrescente pelas instituições condutoras (corporações transnacionais financeiras e não financeiras, organismos multilaterais, meios de comunicação e centros de formação acadêmica e profissionais). Até quando não se sabe, todavia, a exclusão das massas da trajetória da prosperidade tem produzido historicamente rupturas nem sempre animadoras."
FONTE: escrito por Marcio Pochmann, economista e doutor em ciências política, na "Rede Brasil Atual". Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/263253-2).
Inicialmente, o declínio demográfico evidenciado pela ampliação da razão entre população dependente (menos de 15 e mais de 65 anos) e independente (mais de 15 e menos de 65 anos). Ou seja, cada vez menos trabalhadores ativos para continuar produzindo o necessário ao atendimento do conjunto da população.
Na sequência, a trajetória frágil da produtividade. Os países ricos registram problemas decorrentes do avanço da desindustrialização, com a queda na participação da manufatura no total do PIB (Produto Interno Bruto) e suas repercussões associadas ao esvaziamento dos empregos de melhor qualidade em termos de condições de trabalho e remuneração.
Exemplo disso percebe-se na constatação atual de que o emprego industrial nos Estados Unidos responde por salário de cerca de 120 mil dólares ao ano (360 mil reais), enquanto que as ocupações de serviços pagam remunerações anuais de somente 22 mil dólares (66 mil reais), ou seja, postos de trabalho nos serviços com rendimento de apenas 1/6 dos industriais. Com menor remuneração, os custos se tornam menores para os patrões e os lucros iniciais maiores no primeiro momento, porém, sem sustentação no longo prazo.
Por fim, a terceira razão do escasso crescimento econômico, que resulta em fraqueza do ciclo de inovação tecnológica outrora apresentado como uma das fontes da prosperidade moderna, surge, de um lado, com a contida motivação ao investimento das economias. Isso revela o imenso montante necessário de capital a ser mobilizado para criar a mesma quantidade de riqueza, superior em muitas vezes do que o necessário há meio século.
Ademais da incerteza vigente em relação à viabilidade do investimento em novas tecnologias, a concentração de capital necessário torna cada vez mais dependente o dinamismo capitalista da associação das grandes corporações transnacionais aos Estados.
De outro lado, a debilidade das inovações em relação à necessária alteração da matriz energética que ainda se encontra fortemente comprometedora do meio ambiente. As mudanças climáticas se mostram inegáveis, sem ainda contar com nova postura das economias menos agressivas ambientalmente.
Mais isso, todavia, segue sendo negado pelo pensamento neoliberal, que se mantém hegemônico e difundido com sucesso decrescente pelas instituições condutoras (corporações transnacionais financeiras e não financeiras, organismos multilaterais, meios de comunicação e centros de formação acadêmica e profissionais). Até quando não se sabe, todavia, a exclusão das massas da trajetória da prosperidade tem produzido historicamente rupturas nem sempre animadoras."
FONTE: escrito por Marcio Pochmann, economista e doutor em ciências política, na "Rede Brasil Atual". Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/263253-2).
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