O jornal Folha de São Paulo ontem publicou o seguinte texto de Samy Adghirni, da reportagem local, e de Andrea Murta, de Nova York:
“O chanceler Celso Amorim estava certo ao dizer anteontem na abertura da multicúpula da Bahia que os EUA perderam a "hegemonia" na América Latina, segundo diplomatas e especialistas consultados pela Folha.
A constatação da independência decisória da região é pertinente, mas "chega tarde", segundo o ex-embaixador do Brasil em Washington Roberto Abdenur: "Desde o fim da Guerra Fria (1991), época em que apoiavam ditaduras na América do Sul e Central, os EUA voltaram suas atenções para a Ásia".
Segundo Marcelo Coutinho, do Observatório Político Sul-Americano, o distanciamento entre a América Latina e os EUA se refletiu no fracasso da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), um projeto da Casa Branca que acabou engavetado no início dos anos 2000 com a proliferação de governos sul-americanos refratários ao pacto.
Em vez da Alca, os governos regionais, mesmo divididos sobre muitas questões, apostaram em organismos que excluem os EUA -Mercosul, Caricom, Unasul.
Nos últimos anos, a Casa Branca vem mantendo atuação mais discreta na região, após episódios polêmicos como o apoio ao fracassado golpe contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em 2002. Além do México, que integra o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, sua aliança mais forte é com a Colômbia, cujo plano antidrogas e antiguerrilha financia.
Para o americano Peter Hakim, presidente do Inter American Dialogue, está "morta e enterrada" a Doutrina Monroe, do início do século 19, pela qual os EUA passaram a ver o Hemisfério Ocidental como zona de influência.
"Quase ninguém em Washington lamenta o fim da hegemonia ou quer que a América Latina seja o nosso quintal", afirma. Segundo ele, os EUA não temem relações regionais com China e Rússia. "Só o Irã, considerado um Estado terrorista, preocupa."
Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil em Paris, prevê um fosso cada vez maior entre América Latina e EUA. "Barack Obama tem duas grandes preocupações: a crise econômica e as tropas no Iraque e no Afeganistão."
Já Coutinho acha que Obama deve escolher entre "aceitar a divisão de poder regional e cooperar mais com países como o Brasil ou tentar usar seu capital de simpatia para reconquistar terreno".
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2 comentários:
Imperios e sociedades ruiram,porque seria diferente com os E.U.Tratados não podem afrontar a soberania, segurança e interesses de uma Nação, assim como leis que afrontam os valores morais da maioria do povo e que foram e são os alicerces da evolução das sociedades, sendo que ambos carecem de respeitabilidade.Se todos os paises, sem exceções, não abrem mão de seus arsenais, outros têm o direito de também os desenvolver.Num mundo globalizado não há lugar para um ou outro pais se auto nomear guardião seja do que for.Existem interesses entre Nações sendo que governantes competentes devem pelos mesmos nortear seus atos, para o bem de todos.
Prezado Phobus,
Concordo. Assim como as pessoas, os países devem se relacionar como iguais, com os mesmos direitos e deveres. É inaceitável a arrogância de os EUA e outras potências se julgarem com mais direitos e privilégios, simplesmente porque têm maior poderio militar.
Maria Tereza
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