O jornal Folha de São Paulo publicou ontem o seguinte texto de Vinicius Mota:
“Que Barack Obama não terá vida fácil depois da posse, no próximo dia 20, todos já sabiam. O espantoso é que a quantidade e o porte dos abacaxis a serem descascados pelo presidente democrata não param de aumentar.
O nível de atividade na economia americana entrou num mergulho de bico. A fila de desesperados por socorros bilionários se agigantou.
Na frente externa, o céu é dos brigadeiros. Bomba para todos os lados. Índia e Paquistão voltaram a estranhar-se depois dos atentados, ao estilo Al Qaeda, ocorridos em Mumbai. Os dois países possuem armas atômicas em seu arsenal.
A Rússia resolveu rosnar de novo para a Ucrânia. Moscou diminuiu o fluxo do gasoduto que vai até o vizinho e deixou eriçada a Europa, dependente do combustível russo que atravessa o território ucraniano.
Na virada do ano também eclodiu o bombardeio de Israel contra a faixa de Gaza, seguido pela invasão terrestre. E todo o mundo quer saber o que Obama fará para apagar esses incêndios. "Passo", tem respondido o presidente eleito.
As respostas, entretanto, estão evidentes na prática e não corroboram a inflação de expectativas em torno da política externa. Obama vai canalizar toda a energia inicial de seu governo para lidar com a gravíssima crise econômica doméstica.
Tudo o mais estará em segundo plano na agenda presidencial.
A demanda por mudanças na diplomacia pode ser satisfeita, nessa fase, com medidas de efeito simbólico cuja execução é menos complexa: antecipar a retirada de tropas do Iraque, abrandar as restrições contra Cuba e fechar o antro de Guantánamo, por exemplo.
Mas o grande desafio estratégico de Washington -com potencial de desarmar ânimos em várias frentes no Oriente Médio e em seu entorno- será alterar e normalizar as relações com Teerã. Isso levará tempo e exigirá empenho pessoal do ocupante da Casa Branca.”
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