quinta-feira, 14 de junho de 2012

DEPOIMENTO DE AGNELO À CPI PÕE PERILLO E MÍDIA SOB SUSPEITA


Por Eduardo Guimarães, no “Cidadania.com”

“Os depoimentos à CPI do Cachoeira dados pelos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, materializaram a percepção que se tinha neste blog [Cidadania] e que tantas vezes foi externada, isto é, a de que o primeiro governador ainda tem muito a explicar e de que o segundo talvez nem devesse ter sido convocado por absoluta falta de motivos.

A diferença de desempenho dos dois governadores foi gritante. Perillo se esquivou de perguntas, não soube explicar sua relação com Carlos Cachoeira e, mais importante, além de não ter oferecido a quebra de seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático (e-mails, SMS’s) como fez Agnelo, recusou o pedido do relator da Comissão, Odair Cunha, nesse sentido.

O resultado da suspeitíssima recusa de Perillo em permitir, por moto próprio, que a CPI pudesse aferir em seus sigilos se é verdadeiro o pouco que afirmou peremptoriamente em depoimento marcado pela dubiedade, foi o de que o relator anunciou requerimento de votação para quebra de sigilo dos dois governadores à revelia do que desejem.

Para Agnelo, não haverá diferença. Antes mesmo da votação sobre quebra de seu sigilo e do de Perillo, já aceitou que fosse quebrado em qualquer período que se deseje. Para Perillo, porém, será um constrangimento. E será, porque ficará extremamente suspeito se a bancada da oposição na CPI votar contra.

Além de Perillo, a mídia também ficou mal na foto. Agnelo revelou um fato que só os muito informados sobre o caso sabiam e que "Globo", "Folha", "Estadão", "Veja" e companhia limitada esconderam: só há um contrato entre o governo do Distrito Federal e a empreiteira Delta e esse contrato foi firmado na administração anterior [Arruda/DEM/PSDB] da capital brasileira.

Mais além ainda, Agnelo citou escutas da Polícia Federal que jamais saíram na imprensa e que mostram que a quadrilha reclamava de si, fazia ameaças de derrubá-lo por combatê-la e que chegava a insultá-lo pesadamente por atrapalhar seus planos. Além disso, Agnelo revelou que as mesmas escutas mostram a mesma quadrilha comemorando reportagens da "Veja" que o atacavam.

Por fim, Agnelo apresentou uma pilha de documentos incontestáveis, emitidos por órgãos oficiais, que o isentam de acusações da mídia sobre “aumento inexplicável” de seu patrimônio e de ações de seu governo em favor da "Delta", que restou caracterizada como alvo de verdadeira ofensiva do governo de Brasília contra ela, com medidas que lhe causaram prejuízo.

Um detalhe: o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL, um oposicionista renhido, reconheceu o bom desempenho de Agnelo e, no dia anterior, mostrou enorme descontentamento com o desempenho de Perillo.

A ocultação de fatos e informações por parte de Perillo e da mídia, portanto, reforçam a percepção de que esses agentes têm o que esconder. O caso de Perillo, porém, é mais grave. Sua recusa em oferecer seus sigilos à investigação sugere que teme o que possam revelar.

A estratégia de Perillo, aliás, foi feita com base nos discursos de seus aliados na CPI, que trataram de tentar encerrar o assunto fazendo-lhe ovações por um desempenho dúbio, até suspeito. E mostra que ele e seus aliados não contavam com a atitude de Agnelo de oferecer o que [Perillo] negou.

Está claro que Perillo teme o que possa advir da quebra de seus sigilos. Sua recusa em colocá-los à disposição da CPI, portanto, foi uma jogada de risco. Achava que, após o noticiário falso da mídia sobre seu “bom” desempenho no depoimento que prestou, não se tocaria mais no assunto. Foi surpreendido pela transparência de Agnelo.

Por fim, apesar da dubiedade do depoimento de Perillo, algumas afirmações ele não conseguiu escapar de fazer. E é aí que mora o perigo, pois tudo o que os dois governadores fizeram em termos de afirmação poderá vir a comprometê-los conforme caminhem os trabalhos da CPI. Se um diz que nunca conversou com este ou aquele, se tal conversa surgir estará frito.

É só um exemplo para explicar que todos os depoentes poderão ser vitimados pelas próprias palavras. Até mesmo as afirmações dúbias poderão encrencá-los. Bastará que surjam elementos que comprovem que o depoente omitiu, mentiu ou fugiu de dizer o que pode vir a ser comprovado.

A oposição demo-tucana e a mídia a ela aliada apostam alto na condenação de petistas pelo julgamento do mensalão e na premissa de que a CPI do Cachoeira não chegará a nada. Tratam-se de apostas de risco tão alto quanto o que correu Perillo ao recusar a quebra do próprio sigilo. Pode haver absolvições no julgamento e a CPI pode avançar mais do que pensam.

O clichê, portanto, torna-se inevitável: a esperteza, quando é muito grande, acaba engolindo o espertalhão.

ATUALIZAÇÃO: No meio da tarde de ontem, quarta-feira, após a CPI ter aprovado a quebra dos sigilos de Perillo, ele mandou avisar que abriria mão desse sigilos.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães, no seu blog “Cidadania.com”  (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/06/depoimento-de-agnelo-a-cpi-poe-perillo-e-midia-sob-suspeita/). [Pequenos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

Um comentário:

Tiago Azevedo de Aguiar disse...

http://www.blogdadilma.blog.br/tecnologia/115-redes-sociais/1429-twitaco-marca-1-ano-do-assassinato-do-blogueiro-edinaldofilgueira.html



Nesta sexta-feira, 15, diversas atividades marcam um ano do assassinato do 3º blogueiro e ativista social em todo o mundo (antes de #EdinaldoFilgueira foram mortos por seu ativismo o iraniano Omid Reza Mir Sayafi e o Bahraini Zakariya Rashid Hassan al-Ashiri).

A Deputada Federal Fátima Bezerra (PT-RN) apresentará projeto de lei idealizado no III Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, haverá passeata e missa em sua cidade Natal, além de um twitaço com a hashtag #EdinaldoFilgueira. Edinaldo Filgueira foi um lutador social, filho de agricultores que nem sobrenome possuíam. Foi militante no movimento estudantil, cultural, adquiriu formação superior, jornalista, blogueiro, presidente do PT em sua cidade, e é um mártir na luta pela democratização das comunicações.


“Mas existe nesta terra

muito homem de valor

que é bravo sem matar gente

mas não teme o matador

que gosta de sua gente

e que luta a seu favor

como #EdinaldoFilgueira*

feito de ferro e flor91