Por Rodrigo Viga Gaier, da agência norte-americana de
notícias “Reuters”:
“Os países ricos mostraram
má-vontade e deram um mau exemplo nas negociações da Rio+20, disse à ‘Reuters’
na quinta-feira uma alta fonte da delegação brasileira que participou das
discussões sobre o texto final da ‘Conferência da ONU sobre Desenvolvimento
Sustentável’.
"Para entender o interesse
deles, basta ver que, na Eco-92, todos os chefes de Estado do G7 estavam aqui.
Agora, só tem um", disse a fonte, sob condição de anonimato, lembrando a
presença de todos os principais líderes mundiais na reunião realizada há 20
anos na cidade.
O documento aprovado nas negociações
prévias à reunião de cúpula da Rio+20, que foram lideradas pelo Brasil, recebeu
críticas de ambientalistas e de delegações internacionais, principalmente da
Europa, que apontaram falta de ambição no texto.
A delegação brasileira considera, no
entanto, que as críticas não podem ser consideradas sem levar em conta que
alguns desses mesmos países se recusaram a disponibilizar aportes para
programas de desenvolvimento sustentável, disse a fonte.
Os países ricos, que atribuíram à
crise econômica a impossibilidade de se comprometerem com recursos para o meio
ambiente, "estão jogando para a galera e vendendo um discurso para opinião
pública, mas nos bastidores das negociações têm sido tímidos nas propostas e
negligentes em alguns casos", disse a fonte. "Tem gente falando uma
coisa e fazendo outra, literalmente", acrescentou.
O presidente francês, François
Hollande, o único líder das nações do G7 presente à Rio+20, também criticou,
na quarta-feira, a falta de ambição do documento.
A fonte brasileira rebateu com
firmeza as críticas de Hollande. "Participei de reuniões em que ele estava
e, em nenhum momento, ele falou em colocar um centavo para a
sustentabilidade", disse.
Apesar das críticas ao texto final
da Rio+20, a fonte sinalizou pontos que considera avanços no documento, como a
inclusão a partir de 2015 de medidas de sustentabilidade, e no cálculo do PIB
dos países o compromisso de erradicação da pobreza e iniciativas de mudança no
padrão de consumo mundial.
"Isso é uma vitória.
Conseguimos colocar o dedo na ferida. Já imaginou mudar o padrão de consumo da
classe média norte-americana?", disse.
"Dentro do que era possível,
tivemos avanços. Os meios de discussão da ONU são muito complexos, difíceis e
exaustivos. Chegamos aqui (à Rio+20), depois de dois anos de discussão, com
apenas 37% do texto aprovado... um sinal de que muita gente não queria muita
coisa".
FONTE: divulgado pela agência norte-americana de
notícias “Reuters” e transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-paises-ricos-na-rio20)
[Título, imagem do Google e trecho inicial entre colchetes adicionados por este blog
‘democracia&política’].
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