segunda-feira, 25 de junho de 2012

OTAN INSISTE EM DESEMPENHAR PAPEL DE XERIFE NEOLIBERAL


“A última ‘Reunião de Cúpula’ da ‘Organização do Tratado do Atlântico Norte’ (OTAN), realizada em Chicago (EUA) nos dias 20 e 21 do mês passado - segundo seu site oficial - está sendo considerada uma espécie de continuação da ‘Doutrina Estratégica da Aliança’, adotada há um ano e meio pela ‘Reunião de Cúpula de Lisboa’. A adoção da nova doutrina significa uma reavaliação - para cima - do papel interveniente da OTAN e sua transformação em "xerife mundial".

Por Alex Corsini


Ao invés de sua dissolução, após o fim da Guerra Fria e da derrocada do Acordo de Varsóvia, a OTAN expandiu-se na Europa Oriental e nos Bálcãs. Travou a bárbara guerra na então Iugoslávia, em 1991, e prosseguiu com a guerra no Afeganistão desde 2001. Na realidade, funciona como braço militar da "nova ordem" pós-Guerra Fria e da globalização neoliberal.

A nova doutrina da OTAN diz respeito diretamente à Europa em seu total, incluindo a Rússia. "A Europa será nosso verdadeiro parceiro se acompanhar-nos no Oriente Médio, na Rússia e na China", havia dito Nicolas Berns, em 2010.

Na nova doutrina [da OTAN], definem-se como "não convencionais" as ameaças à disseminação de armas nucleares e outras armas de destruição em massa, os atentados terroristas, os ataques na área de governo, as mudanças climáticas e a ilegal interrupção dos críticos fluxos energéticos.

Na última “Reunião de Cúpula” em Chicago, não foi discutida a questão de ampliação da OTAN com novos países-membros, como a Geórgia e a Fyrom (Former Jugoslav Republic of Macedonia), porque provoca divergências na aliança. Foi, contudo, discutida a construção de um sistema de defesa antimíssil, denominado ALTBMD, o qual terá consequências. Trata-se de um sistema que provocará novas tensões com a Rússia em detrimento da segurança européia.

ORGANIZAÇÃO NA BERLINDA


Entretanto, a ampliação do papel da OTAN não é caminho de mão única. A análise - a sangue-frio - das evoluções mundiais não advoga algo assim. É possível que a OTAN mostre-se onipotente, mas encontra-se frente à frente com grandes contradições.

Fracassou, tragicamente, em sua primeira campanha fora da Europa, na guerra no Afeganistão. Deseja "globalizar-se", enquanto a globalização capitalista é sacudida por crise inédita. Deseja a colaboração com a Rússia, mas não pode se livrar do alvo de sua expansão até à fronteira russa.

Durante a crise do Cáucaso (2008), a Alemanha e a França opuseram-se, claramente, à política de "punho de ferro" contra a Rússia, que os EUA desejavam. A Alemanha e outros países-membros também discordaram da guerra da OTAN na Líbia.

O novo papel da OTAN choca-se ao fato de que sua força de liderança, os EUA, perde terreno internacionalmente, e o desdém de sua hegemonia cresce seguidamente. "Nada foi mais claramente consolidado, nos últimos cinco anos, do que o fracasso da unilateral hegemonia mundial dos EUA", escreveu Eric Hobsbawm. "Os equilíbrios internacionais alteram-se com o mais característico exemplo que a América Latina já deixou de constituir o quintal dos EUA" (“Observer”, 2007).

Até o próprio Zbigniew Brzenski (ex-virulento arquifalcão da Casa Branca) reconheceu que "o centro do peso político e econômico afasta-se do Atlântico Norte em direção à Ásia e ao Pacífico" (“International Herald Tribune”, 20/8/2009).

A batalha contra a OTAN e o euroatlantismo trava-se por uma outra Europa, sem armas nucleares e bases militares dos EUA, capaz de contribuir para a reorganização democrática de um sistema de relações internacionais em benefício de um mundo mais justo e mais solidário.”

FONTE: publicado no “Monitor Mercantil” e transcrito no portal “Vermelho” (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=186619&id_secao=9) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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