Da “Carta Maior”
“A crise bancária na Espanha, deflagrada com a quebra do “Bankia”, envolvendo valores da ordem de 30% do PIB espanhol, ganhou contornos de pânico financeiro [...].
A Espanha já convive com intensa fuga de capitais. Em março, fundos especulativos estrangeiros e residentes, inclusive bancos, enviaram para fora do país cerca de 66 bilhões de euros. Nos últimos nove meses, a evasão chega a 200 bilhões de euros.
A desconfiança com a política econômica do governo direitista de Rajoy é crescente. Detentores de riquezas se antecipam à possível quebra em cadeia do sistema bancário, precipitando, assim, aquilo que temem.
As ações de bancos esfarelam nas bolsas ante a perspectiva de insolvência e anemia de dividendos. A direita do PP --uma espécie de Demos no poder, vitaminada por um neoliberalismo que queimou as caravelas-- fez tudo o que os mercados exigiam para gerar competitividade às custas do trabalho. Ou ainda, fez tudo o que os credores, Merkel e o FMI exigem que a sociedade grega sancione nas urnas no próximo dia 17 de junho.
E deu errado. Rajoy deu-lhes uma reforma trabalhista que barateia e agiliza as demissões num país com cinco milhões de desempregados; temperou-a com tesouradas semanais nas áreas da educação, saúde, previdência, estradas, cultura, saneamento. A distribuição da renda nacional já se inverteu a favor dos patrões. Em 2010, os assalariados espanhóis tinham 48,5% dela; os patrões, 43%; hoje, as fatias são, respectivamente, de 45,5% e 46,5%.
No momento em que o pânico financeiro investe como um touro ferido contra a desastrada aposta na recessão para equilibrar as contas nacionais --o que torna um país incapaz de gerar receita própria para se reerguer-- as autoridades do euro admitem, no máximo, postergar por um ano as metas de ajuste fiscal fixadas para 2012. Só pedem uma coisa em troca: mais arrocho.”
FONTE: site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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