sábado, 17 de agosto de 2013

O PSTU E O VANDALISMO


Do “Diário do Centro do Mundo”


O único partido brasileiro a ter um posicionamento claro a respeito dos jovens mascarados.

Desde que surgiram nas manifestações com suas roupas e máscaras pretas, os “black blocs“ foram criticados e incensados. Os partidos, no entanto, procurando pegar uma carona nos protestos, não se manifestaram oficialmente sobre as táticas controversas do grupo.

Houve uma exceção: o PSTU.

Veio dali o único posicionamento claro de um partido a respeito dos BB. No jornal “Opinião Socialista”, um bom artigo fez uma crítica sobre o que os jovens mascarados andam causando pelo Brasil.

Diz o texto:

“Os black blocs defendem a “propaganda pela ação”. Ou seja, defendem a utilização do método das depredações das fachadas de bancos, empresas, lojas de grifes e tudo o que simboliza o capitalismo porque, assim, estariam enfraquecendo o sistema. 

Nós, do PSTU, não temos nenhum apreço por essas instituições. Muito pelo contrário. Mas, consideramos que esses métodos não enfraquecem os grandes empresários. Ao contrário, lhes dão um argumento para jogar a opinião pública – e muitos trabalhadores – contra as manifestações e, assim, preparar a repressão. Sua “ação direta” é típica de setores de vanguarda, descolados das massas, que terminam por fazer o jogo da direita, justificando a repressão”. 

Os “black blocs” afirmam que fazem o que fazem para reagir à opressão policial cotidiana. Eles depredam, digamos, uma agência do Itaú. A PM reage como a PM. Eles apanham. No protesto seguinte, eles quebram mais algum símbolo do capitalismo. A PM reage. Eles apanham de novo. E ‘la nave va’. Até tudo terminar no ‘Facebook’.

Continua o artigo:

“Nas grandes mobilizações, houve momentos em que milhares de pessoas se defenderam como puderam dos ataques violentos da polícia. Naturalmente, acreditamos que essas atitudes foram totalmente legítimas.

Os “Black Blocs”, porém, têm uma ação distinta. Entram nas passeatas e, sem que tenha havido qualquer deliberação por parte dos manifestantes ou dos grupos que organizaram o protesto, atacam de forma provocativa a polícia, que reage, sistematicamente, reprimindo e, muitas vezes, acabando com as mobilizações. Agem como provocadores da repressão policial, tendo sido responsáveis, muitas vezes, por acabar com várias passeatas. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro nas últimas manifestações pelo “Fora Cabral”. Esses grupos são apenas “radicais” na metodologia. Não têm um programa revolucionário. Qual é o programa defendido pelos “Black Blocs”?  Isso não é respondido por nenhum dos portais ou comunidades nos quais eles estão agrupados. Isso só pode ser explicado por um desprezo a qualquer programa, como se bastasse quebrar uma loja para derrotar o capital.

Os “Black Blocs”, evidentemente, não defendem a revolução socialista. Muitos de seus integrantes reivindicam o anarquismo, mas na verdade param na radicalização da democracia como horizonte político. Ou seja, no programa, acabam sendo moderados.

Não somos, nem nunca fomos pacifistas. Mas é a violência das massas, e não de um pequeno grupo, que poderá fazer a revolução. As ações desses pequenos grupos facilitam a repressão da polícia contra as massas nas passeatas.

É preciso deixar claro a inconsistência no programa e na ação desses grupos que, na verdade, são reformistas e radicais apenas na ação. Existem muitos ativistas sérios que se deixaram atrair pelos “Black Blocs” e já começaram a ver os problemas. Agora, é necessário que reflitam sobre isso.”

Provavelmente, ninguém vai refletir muito. A página dos “black blocs” de São Paulo postou uma resposta falando em “horizontalidade”. Embaixo do post, um dos comentários falava o seguinte: ‘Fora do Eixo não dá’.”

FONTE: do “Diário do Centro do Mundo”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-critica-do-pstu-aos-black-blocs). [Imagem do Google acrescentada por este blog ‘democracia&política’].
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COMPLEMENTAÇÃO

PSOL E PSTU FAZEM TUDO CERTO PARA QUE SAIA TUDO ERRADO

Por Marco Damiani

“Com origens no trotskismo barba e bolsa da ‘Libelu’ e da ‘Convergência’, grupelhos estudantis viraram partidos políticos, mas guardam dificuldades para aceitar a democracia.

Quando se trata dos “Black Blocks”, sabe-se que são rebeldes sem causa, linha de frente das depredações em São Paulo. Células individuais unidas pela oportunidade, não chegam nem a um foco revolucionário, como gostariam de ser.

Policiais infiltrados, provocadores de passagem e valentões da periferia são apenas bandidos cumprindo, dentro das manifestações que já foram populares, no sentido de reunir massas, como em junho, um papel criminoso. Mais lixo ainda.

Com o PSOL e o PSTU, porém, é diferente. São partidos políticos com responsabilidades com a democracia representativa, essa que temos em todas as suas distorções. Têm vereadores, deputados. Concorrem regularmente. Mas também eles, com seus militantes nervosinhos, vão ultrapassando os limites da própria democracia ao darem toda a colaboração para que manifestações de público em geral, e não de categoria de trabalhadores, nas quais não têm nem nunca tiveram a menor expressão, venham se transformando em momentos única e exclusivamente de conflitos, depredações e arruaças.

Foi assim na noite da quarta-feira 14 em São Paulo, e assim no dia seguinte, no Rio de Janeiro. De um lado, Câmara Municipal atacada. De outro, avenida Rio Branco paralisada, Câmara ocupada e fechada por falta de segurança. Ali, entre os argumentos políticos dos não mais de 300 manifestantes que realizaram toda a bagunça, cusparadas e ovadas.

A origem do PSOL – o Partido Socialismo e Liberdade – é o grupo trotskista dos anos 1980 “Liberdade e Luta”. A tão famosa no movimento estudantil quanto pequena “Libelu”.

O PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – é também trotskista, identificado, naquela quadra recente da história, com a “Convergência Socialista”.

Apesar do mesmo DNA ideológico, nunca se bicaram, cada qual com seus próprios dogmas. Em reuniões, assembleias e concentrações, sempre escolhem as propostas consideradas as mais radicais, garantindo os lugares mais próximos de cair no abismo com o pé esquerdo na frente.

Avante, dizem eles agora, promovendo à sorrelfa, como na quinta 15, no Rio, um congestionamento monstro na principal via do centro da cidade. Pode-se se esgueirar, num grupo de 300 pessoas, entre os carros, deitar no chão e parar uma avenida. Mas não dá para achar que fazer isso é realizar uma manifestação política democrática, legítima e apoiada, ao menos, pelas massas – que nessa não estavam. É só um golpe.

As ações de vandalismo, que contam, infelizmente, com os patriotas equivocados do PSOL e do PSTU em sua linha de frente, fazem jus à rica história de erros táticos e estratégicos desses grupelhos desde suas raízes, e outra vez contribuem em tudo para afastar as massas das ruas.

Se era para estragar um momento único da democracia brasileira, o PSOL e o PSTU estão, aí sim, fazendo tudo certo.”

FONTE (da complementação): escrito por Marco Damiani no jornal “Brasil 247” (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/111791/PSoL-e-PSTU-fazem-tudo-certo-para-que-saia-tudo-errado.htm).

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