terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ONU VÊ BRASIL COMO POTÊNCIA ENERGÉTICA


ONU VÊ BRASIL COMO POTÊNCIA ENERGÉTICA. E A TURMA DAQUI SÓ VÊ FRACASSO.

Por Fernando Brito

“A realidade é algo tão forte que, às vezes, chega até a ser publicada nos jornais.

[Semana passada], em “O Globo” – o mesmo jornal onde Miriam Leitão e seu “advisor” petroleiro Adriano Pires se esmeram em dizer que o Brasil não dá conta de explorar seu petróleo – o turco Fatih Birol, economista-chefe da “Agência Internacional de Energia” – órgão da ONU – e um dos mais conceituados analistas do setor de petróleo no mundo, diz com todas as letras que, já no ano que vem, o Brasil “será um exportador de petróleo significativo”.

Ué, mas não estamos com problemas de importação de petróleo, com a produção declinando e um déficit imenso na “conta-petróleo”?

Birol é o coordenador do relatório da AIE que afirma que o Brasil vai contribuir mais para o aumento da produção de petróleo mundial do que o Oriente Médio, informação que, claro, não foi manchete em nenhum de nossos jornais.

Mas, ao contrário de Adriano Pires, ele entende de produção de petróleo e sabe que o intervalo entre a descoberta e a produção de petróleo é longo, complexo e caro. E que os pesados investimentos da Petrobras em plataformas e outros equipamentos destinados ao pré-sal e às jazidas já em exploração já-já vão começar a dar frutos. Ou barris.

Birol não é, nem poderia ser, um lulista, dilmista, “lulopetista”, muito menos um nacionalista brasileiro. Afinal, seu país é a Turquia e seu mundo é em Nova York.

Ele é crítico do governo brasileiro e sugere que o país deveria “regulamentar menos o setor”. Tradução: “abrir-se mais para as multi”. “Botaram um peso enorme nas costas da Petrobras”, diz ele, avaliando que o país precisará investir US$ 1,6 trilhão na exploração de petróleo, quase 50% a mais do que se requer de investimentos no Oriente Médio.

Birol tem toda a razão em suas avaliações, embora elas devam nos levar a conclusões bem diferentes.

A primeira é de que é mesmo um peso enorme para a Petrobras e para o país, mas o resultado disso, quanto mais o carregarmos sozinhos, mais nosso será.

E isso deveria ser uma tarefa pátria, não uma “avaliação de mercado”.

A segunda é o primarismo de quem não consegue enxergar que fazer o máximo para que o petróleo seja nosso não exclui que, quando e onde necessário, se atraiam capitais para essa tarefa, desde que, em momento algum, o Estado ceda o controle da produção e a presença física dessas empresas nas melhores jazidas.

Vocês verão como, em 2014, vai começar a ficar difícil [a mídia] esconder o tamanho da mudança que as imensas jazidas do pré-sal vão provocar, zerando nossas necessidades, e óleo para, com mais um ano, transformar isso em excedente.

Não é otimismo especulativo: são reservas provadas e equipamentos entrando em operação.
É isso o que Birol vê, lá de longe.

E o que fazer com os que, daqui de perto, não veem e não querem que isso seja visto?

Monteiro Lobato, em seu “O poço do Visconde” deu o nome de “caxambueiros ” aos que descriam de nossa capacidade de explorar petróleo. E conta que o povo pegou esses marotos e ”os fez passear pela cidade com caraças de burro na cabeça — e, no fim da passeata, os jogou na lama dos mangues para serem comidos pelos sururus

Muito radical, esse Lobato.

Mas a caraça de burro até que não iria mal.”


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=12227).

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