Li hoje no blog “Óleo do diabo”, de Miguel do Rosário, com o título acima, o bom artigo que abaixo transcrevo.
Eu estava procurando, justamente, uma opinião diferente da propalada pela grande mídia sobre o recente veto do Presidente Lula para a fiscalização das contas dos sindicatos por parte do Tribunal de Contas da União (TCU).
Todos nós sabemos que a grande mídia brasileira (desde sempre) e o governo tucanopefelento da década de 90 procuraram intensamente atender os ditames neoliberais de Washington (“por consenso”) e os interesses das grandes empresas internacionais e brasileiras.
Eles desejavam aumentar os lucros diminuindo os seus custos empresariais com a mão-de-obra. Esse objetivo seria atingido, em parte, suprimindo-se das leis os direitos atualmente constantes da legislação trabalhista brasileira, muitos deles implantados no governo de Getúlio Vargas.
Os discursos e as manobras governamentais e da mídia nesse sentido sempre eram muito bem disfarçados com eufemismos. Era a “moderna flexibilização do trabalho”, a “revogação das leis jurássicas sobre direitos dos trabalhadores”, e outros.
Por isso, agora, para melhor compreender a verdade, procurei ler opiniões diversas da nossa imprensa sobre o referido veto presidencial.
Vejamos o artigo de Miguel do Rosário:
“A cobertura do O Globo para a questão das centrais sindicais remete diretamente à postura do jornal nas décadas de 50 e 60, quando se posicionava sempre contra qualquer demanda dos trabalhadores.
O veto de Lula para o dispositivo de lei que possibilitava a fiscalização das contas dos sindicatos pelo Tribunal de Contas está sendo tratado pela imprensa como incentivo à roubalheira.
O Globo está furioso e acusa os sindicatos de roubarem antes mesmo de receberem o dinheiro. Para cúmulo da hipocrisia, o Globo ainda sugere que ele defende o direito dos trabalhadores, que levariam "uma facada" dos sindicatos.
Não diz o Globo que a contribuição sindical representa uma fração insignificante nos salários, com resultados fantásticos para o fortalecimento da classe trabalhadora nas negociações salariais, além dos amplos serviços prestados pelos sindicatos, como de assistência jurídica, por exemplo.
O sindicato forte é a única maneira do trabalhador se fazer respeitar.
O que me impressiona é que o presidente da Organização dos Advogados do Brasil, César Brito, declarou também ser contra a fiscalização das contas sindicais pelo Tribunal de Contas. Brito explicou que a OAB também recebe recursos oficiais, e que, volta e meia, pedem que estes sejam fiscalizados. Isso representaria, no entanto, segundo Brito, uma ingerência política sobre a OAB.
Para ser coerente com o princípio que alega, o Globo teria que ser também a favor de fiscalizar a OAB. O Globo também precisa expor os sindicatos patronais, cuja imagem ele nunca expõe como faz com os sindicatos dos trabalhadores.
É importante entender a questão da seguinte maneira. O dinheiro das centrais e dos sindicatos não é exatamente "verba pública", porque são descontados da folha salarial. É dinheiro, portanto, dos trabalhadores. A fiscalização do dinheiro acontecerá pelos próprios trabalhadores, pelo Judiciário, e pelas polícias.
Agindo desta maneira, o Globo explicita a sua postura antitrabalhista, recaindo no velho preconceito das elites brasileiras de achar que o trabalhador não faz parte do capitalismo.
As elites ainda não entenderam que um crescimento econômico estável, duradouro e justo só irá acontecer se houver fortalecimento da massa trabalhadora, que constituirá, como já vem acontecendo, o motor da economia, através do consumo.
A manchete "Festa oficial para a gastança" é fortemente ofensiva e, na minha opinião, mereceria ser alvo de processo por parte das centrais.
Outra notícia transbordante de veneno, hipocrisia e más intenções está na página 4. Sob o título "Vida de rico", o Globo fala sobre alguns dirigentes sindicais que possuem carros e imóveis. Nada mais preconceituoso, como se o trabalhador também não pudesse ser rico. Fala que Almir Macedo Pereira também tem "alto padrão de vida" e que estaria construindo uma casa na Serra da Cantareira, "reduto de endinheirados".
Chega a ser engraçado um panfleto neoliberal, que sempre se declara a favor de milionários, usar esse vocabulário. "Reduto de endinheirados" é uma expressão que não se encontra mais nem no site do PSTU, de tão vulgar e clichê.
Além do mais, se existem líderes sindicais corruptos, e daí? Se formos criminalizar as centrais sindicais por conta de alguns líderes corruptos em meio a dezenas de milhares de lideranças, então teremos que criminalizar todos os advogados, empresários, funcionários públicos e jornalistas, por conta de alguns elementos de comportamento pouco ilibado. É evidente que existe e existirá sempre corrupção no meio sindical, mas o Globo não quer acabar com a corrupção, quer acabar com o sindicato.
Também são interessantes os editoriais antigetulistas do Globo, 54 anos após a morte de Vargas. Isso mostra a força de Getúlio Vargas. 54 anos depois, sua história, sua ação, e sua luta, continuam incomodando as oligarquias brasileiras.
Aliás, vale lembrar que a imprensa deixou passar em branco o aniversário do golpe militar. É, mas a blogosfera não deixa, clique aqui (link no “óleo do diabo”) para ler o editorial do Globo do dia seguinte ao golpe.”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário