segunda-feira, 7 de julho de 2008

KOSOVO, IRAQUE...BRASIL?

Li hoje no blog “Por um sem mídia” (ver nossa lista “recomendamos”) um texto muito bom, com o título acima, que nos ajuda a melhor compreender o mundo no qual estamos inseridos. No caso, especialmente as agressões recentemente sofridas pelo Kosovo e o Iraque. Compreender o mundo significa estarmos mais preparados contra fatos e interesses adversos.

O autor é José de Castro, e o texto foi descoberto por Carlos Dória no blog “Tamos com raiva”. Transcrevo (acrescentei parágrafos e os subtítulos entre colchetes):

KOSOVO, IRAQUE... BRASIL?

“Parece que ninguém mais duvida que Estados Unidos e Inglaterra invadiram o Iraque em 2003 por causa do petróleo. Estão prontos para serem assinados a qualquer momento os contratos preparados pela CIA em que o governo títere iraquiano dá a quatro grandes empresas petroleiras a concessão para explorar o petróleo no país, voltando assim ao status quo estabelecido em 1928 e rompido no começo da década de 70 quando Saddam Hussein nacionalizou a petrolífera iraquiana controlada por quatro empresas dos Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e França. A questão agora é saber o que vai acontecer com o Kosovo.

[KOSOVO]

Há nove anos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), controlada pelos Estados Unidos, deflagrou uma guerra contra a antiga Iugoslávia por causa de Kosovo. Desde então, Kosovo estava sob o controle da ONU. Em fevereiro passado, instada pelos Estados Unidos e União Européia, ela declarou sua independência, contrariando a Rússia.

O Brasil ainda não reconheceu a independência, pois Lula não deseja criar briga com Vladimir Putin e pôr em risco as exportações de carne bovina para a Rússia – o maior importador –, mas já temos aqui uma pessoa que se intitula embaixador de Kosovo. É o presidente do Instituto para a Cooperação Brasil Kosova, sediado em Belo Horizonte, Enghël Koliqui. Ele foi entrevistado pelo jornal "PUC Minas".

Fica mais claro, com sua entrevista, o motivo dos Estados Unidos para tirar da Sérvia uma região rica em carbono, ouro, prata, diamante, urânio, bauxita, níquel, zinco, ferro e águas termais, entre outras riquezas minerais. "É a região mais rica da Europa. É o mais rico e o mais pobre ao mesmo tempo – 70% da população não tem trabalho, não tem tecnologia para extrair as riquezas", diz Koliqui. Tecnologia é o que não falta para as grandes empresas mineradoras americanas...

Enquanto essas empresas não chegam, Kosovo sobrevive principalmente com o dinheiro que os refugiados enviam para suas famílias. E de esperança. Foram muitas as promessas feitas antes da declaração da independência. A Suíça, diz o "embaixador", prometeu 50 milhões de euros por ano até Kosovo se reerguer. A Finlândia doou 15 milhões e o Conselho Europeu prometeu dar um financiamento de 2 bilhões de euros até 2010 e, os Estados Unidos, de 400 milhões. Esse financiamento terá retorno garantido: é só botar as máquinas das grandes mineradoras a explorar as riquezas de Kosovo.

Os Estados Unidos, diz Koliqui, têm um interesse estratégico em Kosovo, pois se localiza ali sua maior base militar na Europa. Além disso, empresas americanas compram petróleo do Cazaquistão e o oleoduto passa por Kosovo.

[IRAQUE]

Mais uma vez, petróleo! Vou resumir aqui o que escreveu ontem na "Folha de S. Paulo" o historiador britânico Kenneth Maxwell, diretor do Programa de Estudos Brasileiros na Universidade Harvard (EUA):

O Iraque tem reservas estimadas em 115 bilhões de barris (cada barril vale hoje 140 dólares no mercado internacional) e mais 3,17 trilhões de metros cúbicos de gás natural.

No Império Otomano, foi criada a Turkish Petroleum Company (TPC). Com a derrocada do império muçulmano, foi promovida pelos governos ocidentais a divisão da região. Gulbenkian conseguiu em 1928 um acordo e, no ano seguinte, ficou com 5% do capital da TPC, renomeada como Iraq Petroleum Company (IPC). As demais ações ficaram com quatro grandes empresas petrolíferas (23,75% cada) dos Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e França: Esso Mobil, Britsh Petroleum, Shell e e Compagnie Française des Petroles.

No começo da década de 70, a IPC foi nacionalizada por Saddam Hussein.

O atual governo do Iraque está para conceder a exploração de toda aquela riqueza do país, sem licitação pública, a quatro grandes petrolíferas: Exxon Mobil, Shell, Total e British Petroleum Co. Segundo o "The New York Times", o Departamento de Estado dos Estados Unidos ajudou-as e ao governo iraquiano a redigir os contratos. Voltamos a 1928...

[BRASIL?]

Sabe-se agora que o Brasil é um país rico em petróleo. A esperança é que não seja tão rico que compense os gastos com uma invasão. Claro que nunca o petróleo seria a justificativa pública para invadir um país dessa dimensão e com quase 200 milhões de habitantes. Mas sempre se dá um jeito. Por exemplo, defender a floresta amazônica da “destruição que vem sendo feita pelos bárbaros brasileiros”...”

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