sábado, 5 de julho de 2008

A SAÚDE DOS LIBERTADOS DAS FARC E A DOS LIBERTADOS DE ABU GHRAIB E GUANTÁNAMO

Todo o mundo viu as condições piores do que animalescas com que são tratados em Abu Ghraib os prisioneiros iraquianos suspeitos de serem contrários à invasão militar norte-americana em seu país.

Também, algumas filmagens furtivas da prisão norte-americana de Guantánamo, na Ilha de Cuba, volta e meia nos mostram seres humanos desmilinguidos, curvados, enfraquecidos, se arrastando ou acorrentados e colocados em minúsculas gaiolas. São presos sem direito à defesa e à Justiça, em sua maior parte por simples suspeita ou acusação de militares norte-americanos de serem terroristas reais ou potenciais.

Por que recordo esses fatos? Porque me impressionaram as aparentes boas condições físicas dos seqüestrados durante tantos anos pelas FARC, recentemente resgatados. Ingrid Betancourt está muito bem para a sua idade e para uma mulher que ainda não foi ao cabeleireiro e ao maquiador. Os três “civis” norte-americanos, soldados mercenários contratados pelo Departamento de Defesa dos EUA, pareciam saídos de uma academia de ginástica.

Será que os guerrilheiros colombianos são mais humanos e civilizados do que os norte-americanos no trato de seus prisioneiros? Gostei de ver essa superioridade dos “inferiores cucarachas”, tratados com tanto preconceito nos Estados Unidos, em relação aos arrogantes americanos que se intitulam os defensores da “freedom” e da “democracy”.

Curioso sobre as condições de vida dos prisioneiros das FARC, encontrei (no UOL) o texto a seguir transcrito parcialmente, de Pilar Lozano, publicado hoje no jornal espanhol “El País”:

INGRID BETANCOURT: "À NOITE PUNHAM A CORRENTE NO MEU PÉ"

24 HORAS NA VIDA DA EX-REFÉM QUE PASSOU SEIS ANOS EM CATIVEIRO NA SELVA

"Era uma levantada às 4 da manhã, precedida de uma insônia provavelmente desde as 3." Assim Ingrid Betancourt começou o relato sobre sua vida na selva, em uma entrevista coletiva que deu na sexta-feira na embaixada da França em Bogotá, poucas horas antes de partir para Paris.

Essa foi a rotina em seus quase 2.500 dias de cativeiro: "Rezar o rosário e esperar as notícias; o contato com os espaços de rádio que nos davam a possibilidade de nos comunicar com nossas famílias (...) A retirada das correntes às 5 da manhã, servido o 'tinto' (café) às 5. Traziam as botas mais ou menos nesse momento. Fazer a fila para esperar a vez para 'chontear' - é um termo muito guerrilheiro: ir ao banheiro dentro de uns buracos horríveis, porque não há latrinas, não há nada, então tínhamos de esperar a vez para ir atrás dos matos fazer nossas necessidades nesses buracos."

Depois um desjejum com "chocolate ou algum caldo..." "Tentar encontrar o que fazer durante longas horas até as 11 e meia. No seqüestro, a partir de certo momento, ninguém mais tem o que dizer. Todo mundo fica em sua pequena barraca ou em silêncio. Alguns dormem, outros meditam, outros escutam rádio."

"Depois, banho geral. Então, vestir-se para o banho rapidamente e ir, em geral, a um pequeno rio. Tudo é limitado. Para mim era uma tortura lavar o cabelo, porque não me davam tempo (...)”.

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