domingo, 29 de março de 2009

NA VENEZUELA E NO BRASIL, UMA MÍDIA DE VOZ ÚNICA

Li hoje no site “vermelho” o seguinte artigo de André Cintra:

“No livro Midiático Poder (Editora Publisher Brasil, 2007), o jornalista Renato Rovai lança luzes sobre um fenômeno que tomou conta da grande mídia privada na Venezuela. Com base sobretudo no malsucedido golpe de Estado de abril de 2002, Rovai descreve que “o discurso dos meios (de comunicação) é unificado por um instrumento de padronização da cobertura, conhecido pelos venezuelanos como una sola voz”.

Para criminalizar e depor Hugo Chávez, as emissoras passaram a se articular de tal forma que os venezuelanos só tivessem acesso na TV a uma única versão dos fatos. “Um repórter faz o trabalho para todos os veículos e o tom editorial é formatado verticalmente.

A reportagem é divulgada pelas emissoras com o mesmo enfoque, o que impede contradições”, explica Rovai.

“O direcionamento do conteúdo, por absurdo que possa parecer, chegava até os programas humorísticos, que exploravam as mesmas piadas e preconceitos caricaturais para tratar do presidente”, acrescenta.

É clara a semelhança entre a Venezuela de Chávez em 2002 e o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva em 2005-2006. Vítimas tanto de incompreensões quanto de preconceitos de classe, os dois presidentes foram caluniados e ridicularizados até não poder mais pela grande mídia.

Embora tenham sido eleitos e reeleitos com grande apoio popular, Chávez e Lula não podem perder de vista o inimigo comum que seus países enfrentam — o chamado oligopólio dos meios de comunicação, que ficam concentrados, lá como cá, nas mãos de restritos grupos empresariais. É o caso, no Brasil, das famílias Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Civita (Abril), Mesquita (Estado) e Frias (Folha).

Para Rovai, ocorre “a partidarização de grupos midiáticos e o seu envolvimento com golpes de fundo político”. Os barões da mídia brasileira apoiaram, por exemplo, o Golpe de 1964. O grupo Folha foi além: cedeu apoio logístico à Oban (Operação Bandeirantes), que promoveu a fase mais cruel da ditadura militar (1964-1985).

É por isso que, quando a Folha de S.Paulo usa a expressão “ditabranda” para caracterizar esse período, entidades e pessoas que foram espoliadas pelo regime não pensam duas vezes. Diante do revisionismo histórico, vão à frente da sede do jornal, obrigam a Folha a se retratar e mostram que, no Brasil dos dias atuais, não há mais espaço para una sola voz.”

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