Por Luis Nassif
“Os analistas estratégicos costumam
montar seus cenários futuros através da combinação de três cenários distintos
em campos diferentes. Definido o modelo e as combinações, confere-se uma
probabilidade a cada cenário para se chegar ao resultado final.
Por exemplo, o que esperar do país no segundo semestre e nas eleições de 2014 dependerá
dos seguintes fatores:
CENÁRIO ECONÔMICO
Otimista - PIB acima de 2,5%; inflação sob
controle; emprego e renda estáveis; e déficit externo financiável.
Médio - PIB abaixo de 2%; queda moderada
do desemprego e da renda; inflação pressionando mais, mas sob controle; e real
se desvalorizando em função da fuga de recursos externos.
Pessimista - PIB na faixa de 1%; desemprego
disparando; renda caindo; inflação subindo; e contas externas depauperadas,
levando à desvalorização drástica do real e fuga de dólares.
Esses cenários não podem ser
analisados isoladamente. Dependem, em parte, do cenário externo. E, aí, há que
se definir três novos cenários.
CENÁRIO EXTERNO
Otimista - China fazendo pouso suave, ajudada
pela recuperação moderada da economia norte-americana e de algum dinamismo do
comércio mundial. FED (Banco Central dos EUA) reduzindo os estímulos monetários
em um movimento sob controle. Cotações internacionais de commodities
mantendo-se nos níveis atuais.
Médio - crescimento chinês caindo para a
faixa de 5%; economia norte-americana demorando mais para recuperar; economia
da União Europeia mantendo-se estagnada; queda nas cotações de commodities; e
fuga de recursos externos para títulos norte-americanos.
Pessimista - queda drástica dos preços das
commodities; e movimento descontrolado dos juros internacionais promovendo
efeito manada dos investimentos externos, com disparada do dólar.
Finalmente, tem-se o:
CENÁRIO
SÓCIO-POLÍTICO INTERNO
Otimista - manifestações refluem; leilão de
concessões é bem sucedido; aumentam os investimentos; inflação fica na meta; e
Dilma Rousseff empreende reforma ministerial bem sucedida, recuperando parte da
popularidade perdida. A oposição não consegue se articular.
Médio - permanece o desgaste de Dilma, mas
oposição não consegue galvanizar apoio popular.
Pessimista - quadro econômico se agrava; Dilma
não consegue atender às demandas surgidas nos movimentos de junho; e há perda
de controle da inflação e do câmbio. Mesmo não sendo eficiente, oposição
consegue encampar sentimento de mudança do eleitorado.
A definição de probabilidades é
bastante complexa. Os cenários prováveis dependem muito mais do que poder ser
chamado de "intuição" do analista.
No momento, o cenário provável é o
seguinte:
Cenário Econômico - economia andando de lado, mas sem
quedas drásticas no nível de emprego. Contas externas ainda sendo financiadas
pela entrada de recursos. Economia chinesa em leve desaquecimento, com queda
moderada das cotações de commodities. Apenas uma deterioração maior das contas
externas poderá precipitar a crise.
Cenário político - fracasso relativo dos leilões de
concessão e teimosia de Dilma sendo maior que sua esperteza. Mas a oposição com
dificuldade de capitalizar a insatisfação popular.”
FONTE: escrito por Luis Nassif em seu
portal (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-cenario-para-o-segundo-semestre). [Imagem do Google adicionada por
este blog ‘democracia&política’].
Nenhum comentário:
Postar um comentário