Joseph McCarthy
Por Mottta Araujo
O SENADOR McCARTHY E O MENSALÃO : PARALELOS HISTÓRICOS
“Joseph McCarthy foi um Senador americano eleito pelo Estado de Wisconsin em 1947. Juiz de carreira, compensava a mediocridade e a falta de cultura jurídica com rispidez e rapidez nos julgamentos.
Chegando ao Senado em 1947, não se destacou pelo brilhantismo até que pegou um filão do qual extraiu capital de PATRIOTISMO, criando uma ideia de conspiração comunista no Departamento de Estado. Destruiu a carreira de veteranos diplomatas sob a acusação de filocomunistas, sem nenhuma base, mas seus discursos histéricos e desbalanceados INTIMIDAVAM o Senado, ninguém tinha coragem de enfrentá-lo porque ela atacava quem se lhe opusesse, dando a entender que qualquer oponente dele estava ajudando os comunistas e, portanto, podia ser comunista. A “Comissão de Atividades Antiamericanas” que ele criou e presidiu não tinha limites ou contrapesos.
Seu discurso inicial, que desencadeou uma campanha violenta, foi em fevereiro de 1950, com diplomatas como primeiro alvo. Depois, virou a artilharia do patriotismo contra artistas e diretores de cinema, jornalistas, escritores, dramaturgos, roteiristas, cientistas, mais de 1.000 pessoas foram submetidas a seus interrogatórios, sempre na tecla de uma "conspiração comunista". Provocou grande quantidade de dramas pessoais, carreiras destruídas, exílios, como o de Charles Chaplin, que vivia há 35 anos nos EUA. Os ataques iam em um crescendo de histeria e agressividade, provocando também suicídios, como o do Senador Lester Hunt.
Mas aí McCarthy partiu para atacar o Exército e começou sua queda. Como não tinha noção de limites, era um sujeito agressivo, mas pouco inteligente, não percebeu que o Exército era um alvo muito mais poderoso que ele, o próprio Senado viu que suas teses e provas eram falsas e muito de seus discursos eram invencionices fantasiosas. Por uma moção votada em 2 de dezembro de 1954, por 67 a 22, o Senado lhe deu um voto de CENSURA, que é muito raro e que significa o fim político de um congressista. Morreu três anos depois de morte oficial por hepatite, na verdade alcoolismo.
McCarthy teve um apogeu incrível, apoiado por grande parte da imprensa, temido por todos, até no Executivo, ninguém lhe enfrentava, mesmo os que percebiam que era um crápula. Até hoje, nos EUA, se debate porque deixaram McCarthy ir tão longe e desgraçar tanta gente boa. A explicação mais plausível é o medo de que alguém que se opusesse a ele passasse por IMPATRIOTA. Como dizia um grande filósofo "O mundo seria um lugar melhor se os homens justos tivessem a audácia dos canalhas".
O julgamento do mensalão foi inteiramente orientado na direção de um linchamento político. As penas são aberrantes no sistema jurídico brasileiro. Como pode ser possível Marcos Valério ser apenado com 40 anos, o dobro da maioria dos assassinos? O goleiro Bruno que matou e sumiu com o cadáver de uma moça e por pouco não mata o filho dela teve metade da pena do operador do mensalão. Uma empregada de agência de Valério foi apenada com mais de 10 anos, obviamente uma pessoa que estava lá pelo emprego e que recebia ordens do patrão. A teoria de "domínio do fato" é uma bizarrice jurídica, alguém construiu essa ideia, mas ela está muito longe de ter aceitação importante nos sistemas jurídicos. Uma tese tirada da biblioteca para esse julgamento, nunca foi aplicada antes em casos de corrupção e veremos se será aplicada no caso [do mensalão tucano e] dos fiscais da Prefeitura de SP...
O julgamento de um colegiado como é uma Suprema Corte, para ter legitimidade, deveria obedecer aos rituais tradicionais, onde cada um do colegiado dá sua posição e ao final se coletam os votos. Juiz de Suprema Corte contestar votos de outros juízes é algo inédito, e [pior], contestar grosseiramente, agressivamente, passando lição é um constrangimento moral, viciando o processo. McCarthy também fazia isso, não admitia contestação a suas teses e quem lhe contestasse era submetido a agressão grosseira, essa era sua força, um medíocre que aterrorizava os demais Senadores porque ele punha na mesa a tese "quem me contesta é impatriota e vendido aos comunistas". Esse terrorismo moral com apoio da imprensa, especialmente da revista “TIME” e do jornal “Chicago Tribune”, garantiu a ele quatro anos de glorificação pela mídia, era uma celebridade nacional, capa de revistas e jornais, desde o início muitos bons cérebros percebiam a falsidade e a demagogia do Senador McCarthy, mas ninguém tinha sua ousadia, essa era sua maior arma.
Tipos como McCarthy avançam sem limites enquanto ninguém lhe barra a passagem. Esse processo é relativamente comum nas democracias, cometas que surgem do nada e chocam pela novidade, pelo imprevisível, pela surpresa, pela audácia sem limites, pela prepotência até esfumarem no ar.
'Qualquer semelhança é mera coincidência', como diziam os filmes da MGM.”
FONTE: escrito por Mottta Araujo e publicado no “Jornal GGN” (http://jornalggn.com.br/noticia/paralelos-entre-o-senador-mccarthy-e-o-julgamento-do-mensalao).
McCarthy teve um apogeu incrível, apoiado por grande parte da imprensa, temido por todos, até no Executivo, ninguém lhe enfrentava, mesmo os que percebiam que era um crápula. Até hoje, nos EUA, se debate porque deixaram McCarthy ir tão longe e desgraçar tanta gente boa. A explicação mais plausível é o medo de que alguém que se opusesse a ele passasse por IMPATRIOTA. Como dizia um grande filósofo "O mundo seria um lugar melhor se os homens justos tivessem a audácia dos canalhas".
O julgamento do mensalão foi inteiramente orientado na direção de um linchamento político. As penas são aberrantes no sistema jurídico brasileiro. Como pode ser possível Marcos Valério ser apenado com 40 anos, o dobro da maioria dos assassinos? O goleiro Bruno que matou e sumiu com o cadáver de uma moça e por pouco não mata o filho dela teve metade da pena do operador do mensalão. Uma empregada de agência de Valério foi apenada com mais de 10 anos, obviamente uma pessoa que estava lá pelo emprego e que recebia ordens do patrão. A teoria de "domínio do fato" é uma bizarrice jurídica, alguém construiu essa ideia, mas ela está muito longe de ter aceitação importante nos sistemas jurídicos. Uma tese tirada da biblioteca para esse julgamento, nunca foi aplicada antes em casos de corrupção e veremos se será aplicada no caso [do mensalão tucano e] dos fiscais da Prefeitura de SP...
O julgamento de um colegiado como é uma Suprema Corte, para ter legitimidade, deveria obedecer aos rituais tradicionais, onde cada um do colegiado dá sua posição e ao final se coletam os votos. Juiz de Suprema Corte contestar votos de outros juízes é algo inédito, e [pior], contestar grosseiramente, agressivamente, passando lição é um constrangimento moral, viciando o processo. McCarthy também fazia isso, não admitia contestação a suas teses e quem lhe contestasse era submetido a agressão grosseira, essa era sua força, um medíocre que aterrorizava os demais Senadores porque ele punha na mesa a tese "quem me contesta é impatriota e vendido aos comunistas". Esse terrorismo moral com apoio da imprensa, especialmente da revista “TIME” e do jornal “Chicago Tribune”, garantiu a ele quatro anos de glorificação pela mídia, era uma celebridade nacional, capa de revistas e jornais, desde o início muitos bons cérebros percebiam a falsidade e a demagogia do Senador McCarthy, mas ninguém tinha sua ousadia, essa era sua maior arma.
Tipos como McCarthy avançam sem limites enquanto ninguém lhe barra a passagem. Esse processo é relativamente comum nas democracias, cometas que surgem do nada e chocam pela novidade, pelo imprevisível, pela surpresa, pela audácia sem limites, pela prepotência até esfumarem no ar.
'Qualquer semelhança é mera coincidência', como diziam os filmes da MGM.”
FONTE: escrito por Mottta Araujo e publicado no “Jornal GGN” (http://jornalggn.com.br/noticia/paralelos-entre-o-senador-mccarthy-e-o-julgamento-do-mensalao).
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