Os nazistas também enfiavam todos os “políticos” no mesmo saco
O portal “Conversa Afiada” reproduz artigo de Mauro Santayana:
O VILÃO NA PLATEIA
“Espera-se que a virtual conclusão do processo da Ação–470 sirva, ao menos, para abrir caminho para a investigação e apuração de outros casos, mais antigos ou mais recentes, de todos os tipos, lugares e tamanhos, que estão à espera de serem investigados e julgados pela justiça.
Em vez de se transformarem em espetáculo, a frequentar de forma quase monocórdica as páginas da grande imprensa, seria melhor, para o país, que a apuração e o julgamento desses crimes se despisse do caráter de ‘reality show’ que tem adquirido em certos casos, para se transformar em coisa banal e corriqueira.
Mais em uma regra na exceção, superdimensionada e midiática, a que temos assistido nos últimos meses.
Primeiro, porque os tribunais, em geral se cuidam. Não desejam se transformar em palanque para quem quer que seja. ‘Noblesse oblige’ – a lógica faz com que se espere deles tanto mais equilíbrio, dignidade e rito, quanto mais alta for a instância que representem.
Em segundo lugar, porque o combate à corrupção deve ser feito respeitando-se as regras constitucionais, e a essência institucional do Estado de Direito.
Dar à população, por meio de certas instituições – e de parcela da imprensa – a impressão de que a Nação é uma República de Bandidos, absolutamente inviável, do ponto de vista moral ou administrativo, não ajuda, a médio e longo prazo, a nenhum partido ou homem público, seja qual for sua orientação política ou o lado que ocupa da balança.
Toda campanha que substitui a informação pelo ódio e a ignorância, nivela, por baixo, a todos, sejam eles gregos ou troianos. Trata-se de uma faca de dois gumes, que só fortalece aos que se apoiam em sua frustração, individual ou coletiva, para pregarem a violência e a derrubada das instituições.
Os nazistas da pequena burguesia não esclarecida e do lúmpem proletariado também enfiavam todos os “políticos” no mesmo saco. Desprezavam a República de Weimar e a democracia. Invadiam restaurantes para hostilizar deputados em que haviam votado antes, ou espancar aqueles a quem não haviam dado seu voto.
Depois, quando acabaram com as eleições e com quem defendia a democracia, mandando-os para o cemitério ou a cadeia, passaram para a pura e simples aclamação de seu líder – levantando, com sonoros Heil Hitler! sua mão para cima – e para o covarde genocídio de seus outros inimigos, aos milhões, em campos de extermínio.
A lei existe. Basta que se cumpra, com determinação e equilíbrio, para que se combata a corrupção no Brasil. Para que se melhore o país, não é preciso acabar com o voto obrigatório, com as urnas eletrônicas, com o Congresso, com a democracia, ou com os “políticos”, como já tem gente – fascinada pela teatralização do óbvio – defendendo, por aí, abertamente.
Vamos, todos, devagar com o espetáculo. É preciso tomar cuidado. Às vezes, o vilão se esconde na plateia.”
FONTE: artigo de Mauro Santayana reproduzido no portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/11/26/o-vilao-na-plateia-santayana-e-o-mensalao/).
Nenhum comentário:
Postar um comentário