sábado, 30 de novembro de 2013

“Consultores” da “Folha” criam o inédito: ‘MAIOR CAMPO DE PETRÓLEO DO MUNDO É “PROBLEMA” PARA A PETROBRAS!...


Por Fernando Brito, no blog “Tijolaço”

“Ontem, a ‘Folha de S. Paulo’ “descobriu” o que este ‘Tijolaço’ vem afirmando há um mês.

Que “o campo de Franco sozinho teria reservas maiores do que Libra, leiloado em outubro, que teria entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris”.

Mas, ao contrário do que aconteceria em qualquer jornal do mundo, diante do maior campo de petróleo da face da Terra, hoje, essa informação vem lá no meio da matéria.

E pior, como um “problema” para a empresa que detém 100% dos direitos exploratórios sobre ele, ainda que limitados contratualmente a pouco menos da metade de um volume que deve superar os 10 bilhões de barris.

Isso, apesar de o próprio contrato já prever opções de reavaliação de valores e volumes, prevista para o ano que vem.

Claro está que a “Folha”, antes disso, trata da questão vital para o desenvolvimento do país, que é, ao que parece, sabermos se sai um reajuste de sete ou oito centavos no litro de gasolina, menos do que já varia conforme o posto que você abasteça.

Mas, regressemos à questão. A “Folha” vai ouvir dois consultores, ambos adversários da Petrobras.

O primeiro é o inefável Adriano Pires, homem da ANP no Governo Fernando Henrique/PSDB, durante o qual, aliás, a Agência pediu [ínfimos] R$250 mil reais apenas, para entregar uma área que hoje é parte do campo gigante de Libra.

Pires, um gênio, diz que “para ficar com o excedente, a empresa (Petrobras) teria que pagar à União algo em torno de R$ 44 bilhões”.

Bem, se o excedente for de cinco bilhões de barris - e isso é um cálculo modestíssimo, ainda mais se consideradas as outras áreas nas mesmas condições, onde já se descobriu muito petróleo – o custo seria de menos de R$ 9 por barril. O que, convenhamos, é muito pouco, se sabemos que o preço no mercado petroleiro passa de 100 dólares por barril.

Mesmo com o cálculo aloprado de extração que Adriano passou a sua pupila Miriam Leitão outro diaUS$ 45 por barril – ainda seria um baita negócio.

Ainda mais porque isso seria pago, como prevê o contrato de cessão onerosa, à medida que a extração fosse sendo processada.

E mais vantajoso ainda: porque metade ou pouco menos do investimento para explorá-lo já está em plena execução.

O segundo é um consultor da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, que é de outra linha: aquela que usa o ótimo como inimigo do bom e, por isso, acaba resultando no ruim.

Lima diz que tudo é muito vantajoso para a Petrobras e ruim para o Estado.

Os R$ 44 bilhões de Pires, para ele, serão só R$ 4 bilhões. “Há margem para manobras que podem fazer a Petrobras pagar pouco na revisão, em torno de R$ 4 bilhões”, diz ele à “Folha”.

Ele acerta ao dizer que a Petrobras vai precisar de nova capitalização, porque é impossível uma empresa triplicar seu tamanho sem capitalizar-se.

Mas erra grosseiramente ao dizer que a capitalização de 2010 “já foi pelo ralo”. A menos que ele chame [de "ralo"] 28 navios sonda, um dúzia de superplataformas navais, dezenas de poços, gasodutos, linhas de produção, bilhões de investimento e centenas de milhares de empregos diretos e no parque de fornecedores; [tudo isso, de] "lixo". E, sobretudo, seja lixo termos recuperado para o Estado 8% do capital da Petrobras, um quarto do que Fernando Henrique/PSDB dissipou na Bolsa de Nova York.

Pires e Lima, como dois homens que dão a volta ao mundo em sentidos opostos, acabam por se encontrar no mesmo ponto de lesão ao interesse brasileiro: bloquear, com razões diversas, o papel decisivo que o petróleo do pré-sal e a Petrobras começam a jogar na transformação deste país.

Eles, como a imprensa, se servem do intervalo de alguns anos em que esse desafio exige para ser vencido, para afirmar que "tudo é um desastre". O “investidor” que Pires defende é aquele que compra e vende ações da Petrobras ao sabor das manchetes. Já Lima “defende” o Estado dizendo que tudo poderia ser bem melhor do que a Petrobras faria.

E quem faria?

As empresas estrangeiras, que querem nossas jazidas, não estão absolutamente interessadas em comprar equipamentos no Brasil, em empregar brasileiros, em acelerar nossa atividade econômica e, muito menos, em arcar com pesadíssimos e lentos investimentos em refino, para ter de vender a preços baixos, como faz a Petrobras, embora o furor fiscal dos Estados e as margens de lucro na distribuição camuflem essa verdade aos olhos de muitos.

Então, estamos diante de um problema inédito no mundo: temos muito petróleo. E a Petrobras, diante de outra novidade “problemática”: detém jazidas gigantescas de óleo.

Infelizmente, não é “non-sense” que o fato de que o nosso país tenha, agora, os dois maiores campos de petróleo do mundo seja tratado com tom lamurioso.

São interesses.

A exploração de jazidas de petróleo que vão nos colocar na quinta ou sexta colocação mundial não é como organizar uma festinha de aniversário, onde a gente pode decidir se é melhor comprar os docinhos ou fazê-los em casa. As decisões terão repercussão imensa na vida da sociedade brasileira, que não se resume à (importantíssima) destinação dos royalties à educação e à saúde. Vão determinar se teremos emprego, investimento, fábricas, tecnologia, progresso sustentável.

Ou, então, se vamos faturar um dinheirinho para pagar aos rentistas sedentos, como fizeram por anos, sem que isso nos tirasse do endividamento e do atraso.”

FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/blog/?p=10608).

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