sexta-feira, 11 de abril de 2014

O TRATAMENTO DESIGUAL PARA TUCANO E PETISTA


A A charge é uma homenagem do 'Conversa Afiada' ao memorável caso em que Fux (STF) condenou ladrão de galinha. [Porém, condenar tucanos? Nunca!]

O TRATAMENTO DESIGUAL PARA TUCANO E PETISTA

"Um tucano Pimenta da Veiga equivale a seis – SEIS ! – João Paulo Cunha. É mais escandaloso do que se imagina.

O portal "Conversa Afiada" reproduz artigo de Paulo Moreira Leite, extraído da revista "IstoÉ":

1 PIMENTA DA VEIGA = 6 JOÃO PAULO CUNHA

"Tratamento desigual [da Justiça e da mídia] para ex-ministro tucano e ex-deputado petista é mais escandaloso do que se imagina.

Onze anos depois de receber R$ 300 000 de Marcos Valério, o tucano Pimenta da Veiga, candidato ao governo de Minas Gerais, foi chamado pela Polícia Federal para explicar-se.

Ex-ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso, Pimenta recebeu uma quanta seis vezes maior do que os R$ 50 000 que a mulher do deputado João Paulo Cunha foi buscar no Banco Rural.

A quantia recebida por João Paulo foi considerada uma prova de que ele havia sido corrompido pelo esquema, elemento essencial para demonstrar sua culpa num caso em que foi condenado, incialmente, a 9 anos e quatro meses de prisão.

Mas o ex-deputado recorreu de uma das condenações, aquela tese absurda de que a própria mulher fora usada para lavar dinheiro – a denúncia da AP 470 foi bastante criativa, nós sabemos – e conseguiu diminuir sua pena.

Hoje, em regime semiaberto, João Paulo trabalha num escritório de advocacia de Brasília.

A condenação de João Paulo só foi possível porque o STF desconsiderou as provas que apresentou em sua defesa.

Ele disse que havia recebido os R$ 50 000 como ajuda para a campanha eleitoral de 2004 na região de Osasco e municípios vizinhos, onde, antigo operário metalúrgico, construiu a liderança política. João Paulo apresentou notas fiscais que confirmavam gastos realizados com pesquisas eleitorais. Mostrou planilhas e números. Levou testemunhas que deram depoimentos para provar o que dissera.

Você pode achar que era tudo a encenação de um conto da carochinha. Mas daí eu pergunto: como explicar o que aconteceu com Pimenta da Veiga?

Ele não tinha notas fiscais nem depoimentos para justificar os R$ 300 000. Disse na época que havia prestado serviços de advocacia para a DNA e a SMP&B, agências de Valério. A Polícia Federal registrou que queria alguma prova de que havia feito algum trabalho de verdade, como um parecer escrito ou coisa assim. Não havia. Pediu que Pimenta da Veiga apontasse empresas ou pessoas envolvidas nos casos em que havia atuado em tribunais. Nada. Alegou-se que eram casos internos.

Em 2002, não custa recordar, as agências de Valério tomavam parte na campanha de Aécio em Minas Gerais. Cristiano Paz, um dos maiores publicitários do Estado, chegava a despertar inveja entre os concorrentes pela facilidade de transitar entre o PSDB mineiro. Seu sócio Ramon Hollerbach tinha cadeira cativa no comitê de campanha do PSDB.

Hoje, condenados a mais de 20 anos, os dois vivem confinados na Papuda, cumprindo os rigores do regime fechado.

Com base no que dizia ter acontecido e no que não poderia ser demonstrado, Pimenta da Veiga foi liberado inteiramente de qualquer acusação. Não foi sequer acusado pelo Ministério Público. Não foi denunciado. Sua investigação permaneceu no laudo nº 2828, aquele que foi mantido em segredo [por Joaquim Barbosa] dos próprios ministros do Supremo até que eles julgassem a denúncia contra os 40 réus do PT.

Hoje, Pimenta da Veiga é candidato ao governo de Minas Gerais na sucessão de Antônio Anastasia. Se sua candidatura for confirmada, estará no palanque de Aécio Neves.

Enquanto isso, graças a uma remessa equivalente a apenas 16% daquela que Pimenta da Veiga recebeu, João Paulo Cunha dorme num estabelecimento penal. Não pode candidatar-se a deputado e foi levado a interromper uma carreira onde era realista cogitar uma candidatura ao governo de São Paulo.

O "Globo" de quinta-feira noticia que, em 2013, Pimenta da Veiga foi indiciado no mensalão mineiro. Oito anos de atraso. Ou dez anos, se você quiser contar com o momento em que a denúncia chegou ao gabinete de Carlos Ayres Britto, no STF.

Preste bem atenção: ele recebeu o dinheiro em 2003; a Polícia Federal descobriu o pagdamento em 2005; e apenas oito anos depois, quando João Paulo Cunha e os demais condenados da AP 470 batalhavam para conseguir os embargos infringentes e obter um fiapo de recurso, ,Pimenta foi indiciado.

Nascido em 1947, só precisa esperar três anos para atingir os 70 anos que garantem a prescrição de suas penas caso venha ser condenado.

Tudo se torna ainda mais escandaloso quando se recorda que a multa cobrada de João Paulo a título de reparação – R$ 370 000 – é 25% superior aos honorários recebidos recebido por Pimenta da Veiga junto as empresas de Valério.

FONTE: 
 artigo de Paulo Moreira Leite, extraído da revista "IstoÉ" e transcrito e comentado no portal "Conversa Afiada" (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/04/10/pml-o-tratamento-desigual-para-tucano-e-petista/).

COMPLEMENTAÇÃO

[OBS deste blog 'democracia&política': o artigo abaixo transcrito, do jornal "O Globo", é mais um exemplo claro de como a imprensa e a Justiça tratam petistas e tucanos de modo completamente diferente. Ao noticiar o fato acima tratado no artigo de Paulo Moreira Leite, o jornal "O Globo" (dos Marinhos, os maiores milionários do Brasil e dos maiores do mundo),  transmite as suas diretrizes sobre como a Justiça deve fazer: o Ministério Público deve engavetar o processo contra Pimenta da Veiga, assim como o MP e o STF engavetaram processos contra outros tucanos e demos. Simples assim. Transcrevo a notícia e as diretrizes do "O Globo" à Justiça e à mídia]:

"Um tucano no pelourinho, por Ilimar Franco

Ilimar Franco, O Globo

O PSDB deu de ombros ontem diante do indiciamento por lavagem de dinheiro de seu candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga. A opção foi minimizar a investigação da Polícia Federal. A reação foi mais profissional que a dos petistas, mas a teoria da conspiração também foi invocada.



Pimenta da Veiga. Foto: Ailton de Freitas/ Arquivo

É cedo para avaliar os danos eleitorais à candidatura de Aécio Neves ao Planalto. Mas especialistas garantem que os tucanos devem atuar para que o processo fique engavetado no Ministério Público. Citam o caso do ex-governador José Roberto Arruda (DF), cujo processo só chegou à Justiça depois de dois anos dele ter sido indiciado pela Polícia Federal".
(lido via o blog do Noblat

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