domingo, 22 de maio de 2011

CENÁRIOS BRASILEIROS PARA 2020


“Fundada em 1925, no Brasil há 35 anos, a ‘Fundação Friedrich Ebert’ visa preservar o legado do primeiro presidente alemão eleito democraticamente. Esta semana, lançou o seu "Análises e propostas – Cenários do Desenvolvimento do Brasil 2020", organizado por Alexandre de Freitas Barbosa com a participação intelectuais de peso de diversas áreas.

Utilizando a metodologia usual de cenários, o trabalho vislumbra três possíveis para o Brasil:

1. Terra do capitalismo selvagem;

2. O gigante com pés de barro e

3. Rumo ao país do futuro.

O trabalho baseou-se em três encontros. No primeiro, procurou-se identificar as características básicas do desenvolvimento brasileiro na primeira década do século 21. No segundo, buscou-se mapear os "fatores prioritários" capazes de nortear o desenvolvimento no longo prazo. No terceiro, construíam-se os cenários possíveis a partir das premissas levantadas.

Em relação ao cenário atual, observou-se a retomada do desenvolvimento, ainda que em bases menores do que em outros momentos da história. O desenvolvimento foi amparado no mercado interno, permitindo aumentar o gasto público em políticas sociais e em infraestrutura. Houve redução das desigualdades de renda pessoal e da pobreza absoluta.

Mas os juros, ainda altos, minam avanço maior em termos de expansão do consumo interno e redução das desigualdades.

Apesar do crescimento do mercado interno, o país não tem conseguido avançar na fronteira tecnológica. As inovações só ocorrem em setores onde o país possui vantagens competitivas no cenário internacional ou são internalizadas via importações Está havendo primarização das exportações e crescente dependência de importações nos setores de maior valor agregado. Além da penetração de capitais de curto prazo, provocando elevada volatilidade na moeda em um quadro de guerra cambial.

Ainda há exclusão social e o sistema educacional caracteriza-se pela baixa eficácia. Na saúde, os avanços foram mais tímidos ainda. Há problemas nas grandes cidades e a insegurança pública virou questão nacional.

Os movimentos sociais têm sido estimulados, mas, ao mesmo tempo, cooptados pelo Estado. E o sistema político não contribui para o aparecimento de novas lideranças.

Segundo o trabalho, a concentração da propriedade dos meios de comunicação inviabiliza o amplo e transparente acesso às informações, acentuando o déficit de representação, além de impedir o debate plural.

"A inserção comercial aparece em grande medida comandada pela elevação dos preços das commodities, surfando na onda do crescimento chinês", constata o trabalho. "Se, de um lado, o governo brasileiro procura se colocar como um dos principais 'players' entre os países em desenvolvimento", por outro, surge uma percepção, cada vez mais forte, de que o país se apresenta mais como uma nova potência econômica, abrindo espaço no front externo para seus "campeões nacionais" (as grandes empresas nacionais internacionalizadas), que tendem a pressionar por política mais pragmática".

FORÇAS MOTRIZES - 1

Os fatores capazes de alavancar ou prejudicar o desenvolvimento passam pela ascensão/radicalização dos movimentos sociais; pela consolidação da aliança PT-PMDB; pela pluralidade na mídia; pelo aumento/expansão das redes de narcotráfico. Entra, também, a infraestrutura deficiente, baixa expansão de energia, o ritmo e padrão de uso do pré-sal, a articulação crédito + tecnologia + empresa, reforma tributária e capacidade da burocracia estatal.

FORÇAS MOTRIZES – 2

No plano externo, a coalizão de forças na América Latina, as negociações do G20, a quebra da economia chinesa, o ritmo de demanda externa por alimentos e minérios, a continuidade da crise mundial, as pressões dos investimentos internacionais, a intolerância e o crescimento do racismo e da xenofobia no mundo.

FORÇAS MOTRIZES – 3

O trabalho relaciona dez temas fundamentais para o desenvolvimento econômico, socialmente justo e ambientalmente sustentável: inserção internacional do Brasil; sistema educacional público; desigualdade; estrutura produtiva; sustentabilidade socioambiental; concentração de poder político e econômico; movimentos sociais; representatividade do sistema político; habitabilidade e segurança pública; e sistema judiciário.

TERRA DO CAPITALISMO SELVAGEM

Em 2020, o país apenas se recuperando de sucessão de crises internacionais, em cenário de semiestagnação, com retorno da inflação. Desemprego elevado e gastos sociais reprimidos. Movimentos sociais crescentemente questionados pela mídia, não encontrando espaço na agenda estatal. Inserção internacional via produtos primários. Agricultura familiar deslocada pelo agronegócio. Nas metrópoles, guerra do tráfico.

GIGANTE COM PÉS DE BARRO

Em 2020, economia dinâmica, puxada por commodities e crescimento do mercado interno. Ataque à pobreza absoluta e universalização do ensino básico. Potência geopolítica ao nível regional e protagonismo crescente em assuntos globais. Permanece desigualdade de renda, concentração fundiária e desrespeito ao meio ambiente. Descolamento entre político e social agravado pelo monopólio dos meios de comunicação.

RUMO AO PAÍS DO FUTURO

Nesse terceiro cenário, economia dinâmica e sociedade menos desigual. Maior soberania sobre a política econômica graças à reorganização das instituições financeiras multilaterais promovida no âmbito do G20. Mercado interno pujante, com potencial de inclusão via elevação do emprego e renda. Sistema financeiro voltando a alocar crédito de longo prazo. No plano externo, exportador agrícola, industrial e de serviços.”

FONTE: publicado no portal do jornalista Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/cenarios-brasileiros-para-2020#more) [imagem do Google adicionada por este blog].

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