sexta-feira, 27 de maio de 2011

UM ACORDO PELA INDÚSTRIA BRASILEIRA


Por Paulo Skaf, Artur Henrique e Paulo Pereira da Silva, na “Folha”

“O Brasil, com sua legítima aspiração de assumir um papel de liderança global, não pode abrir mão de contar com uma indústria forte

O Brasil atravessa grande momento econômico e social. Os bons indicadores da economia e o volume de investimentos públicos e privados previstos colocam o país em condições de aprofundar o seu processo de desenvolvimento.

Resultado de política [Lula/PT] que articulou estabilidade financeira, fortalecimento do mercado interno e compatibilização entre crescimento e distribuição de renda, o cenário atual aponta para curva mais estável de crescimento.

A acertada decisão de estimular o mercado interno criou novo dinamismo econômico. Isso se deu, entre outros fatores, pela valorização do salário mínimo, pela universalização de programas como Bolsa Família e PRONAF (agricultura familiar) nas áreas mais pobres e pela ampliação da disponibilidade de crédito. Essas medidas, associadas à retomada dos investimentos públicos, renovaram o fôlego de nossa economia.

Entretanto, alguns indicadores recentes apontam para o precoce encolhimento da participação da indústria de transformação no nosso PIB: de 27% em meados dos anos 80 para 16% atualmente.

O déficit comercial do setor de manufaturados deverá atingir a cifra de US$ 100 bilhões em 2011. À crescente reprimarização da pauta de exportação soma-se o processo de substituição da produção doméstica por produtos e insumos industriais importados e a expressiva queda do conteúdo nacional na produção. Ou seja, acendeu-se luz amarela para a indústria brasileira. As consequências desse processo são ainda imprevisíveis.

O Brasil, com sua legítima aspiração de assumir papel de liderança global, não pode abrir mão de indústria forte.

Nossa história mostra que o desenvolvimento industrial foi responsável pela urbanização, pela integração da população ao consumo e pelo crescimento dos demais setores da economia. A produção e a exportação de commodities agrícolas e minerais, apesar do grande aumento recente, não geram emprego e renda suficientes.

Mesmo o setor de serviços, tão importante para a economia, tem parte significativa de seu dinamismo derivado da indústria.

A previsão de que em 30 ou 40 anos o Brasil será a quarta economia do mundo apenas se sustenta com o restabelecimento do papel da indústria e com o adensamento de suas cadeias produtivas. Não existem países cujos cidadãos gozem de alto padrão de vida e pleno acesso a bens e serviços que não contem com indústria sólida, diversificada e com alto grau de inserção em mercados internacionais.

A possibilidade de estabelecimento de diálogo contínuo entre a ‘Federação das Indústrias do Estado de São Paulo’ (FIESP), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é algo inovador e reflete o compromisso de construir um Brasil forte e industrializado.

Este é o momento para que os diferentes atores desse processo -trabalhadores, empresários e o governo- formem um grande consenso acerca da política industrial nos rumos da economia.

Tal entendimento ajudará a tornar realidade as expectativas otimistas para o Brasil. Isso é o que discutiremos no inédito seminário "O Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego", organizado pela FIESP, pela CUT e pela Força Sindical, ontem, em São Paulo.

FONTE: escrito por Paulo Skaf, empresário, presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo); por Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores – CUT e por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP). Publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2605201107.htm) [imagem do Google e entre colchetes adicionados por este blog].

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