sexta-feira, 27 de maio de 2011

POR QUÉ NO TE CALLAS”, MR. BARACK OBAMA?


Por Izaías Almada

IMPERIALISMO DESLOCADO: “POR QUÉ NO TE CALLAS”, MR. BARACK OBAMA?

“Devidamente enquadrado pela direita do seu país e saudado pelo que há de mais conservador e reacionário pelo mundo, o presidente Obama deixou o falso recato com que procurou, durante algum tempo, emoldurar a sua figura junto a países emergentes e mergulhou de cabeça –ao lado de tantos outros democratas de fachada– no perigoso terreno da galhofa.

Desprezando o churrasco de Higienópolis, o presidente norte-americano, temendo ser questionado pelos diferenciados do bairro paulistano, resolveu que era mais seguro fazer um churrasquinho com seu colega britânico David Cameron em Londres. Ali, cheio de empáfia e farofa na boca declarou alto e bom som: “Países como a Índia e o Brasil, na verdade, só estão crescendo graças à liderança de americanos e britânicos”.

Quer dizer então que o esforço dos últimos anos em que o nosso país, com seus próprios méritos, conseguiu se safar de uma crise econômica provocada no ‘vosso’ hemisfério norte, que buscou política exterior independente, que criou milhões de empregos e criou programas sociais admirados pelo mundo inteiro, esse esforço foi por obra e graça de americanos e britânicos? Será que ouvi bem?

Que eu saiba, foi sempre ao contrário, Mr. Barack Obama. O atraso e a miséria de países emergentes como o Brasil sempre teve como causa a exploração e a dilapidação de suas riquezas por parte daqueles que o colonizaram antes e depois da Independência, sendo que muito do ouro aqui roubado passava por Lisboa rumo a Londres.

É bom lembrar que sempre nos momentos em que o Brasil tentou política independente e nacionalista, o seu país esteve implicado em impedir a concretização de tal desejo através dos quinta-colunas aqui existentes, normalmente orientados por seus embaixadores, incluindo-se nessa política o golpe civil/militar de 1964 com prisões, torturas, mortes, desaparecimentos e exílios.

A quem o senhor quer enganar?

No mesmo ágape com seu colega britânico, ainda teve a petulância de dizer que “a aliança entre Estados Unidos e britânicos seguirá sendo indispensável para um mundo mais justo, próspero e pacífico”. Pelo visto, a farta distribuição de uísque foi diligentemente escondida na fotografia. Afinal, que mundo é esse que os países africanos, árabes e latino-americanos quiseram também mais justo, próspero e pacífico e sempre foram impedidos pelas botas de seus ‘marines’ e dos soldados britânicos e seus coleguinhas da OTAN ou das forças armadas locais compradas a 30 moedas?

Alto lá e pare o baile, senhor Obama. Mais respeito à nossa inteligência. Se o senhor tivesse um pouco mais de hombridade, deixava de falar sobre coisas para as quais se vê que não está preparado e, num ato de dignidade e autocrítica, devolvia a Estocolmo o seu Prêmio Nobel da Paz.”

FONTE: escrito por Izaías Almada, escritor, dramaturgo, autor –entre outros– do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela, povo e Forças Armadas” (Caros Amigos). Artigo publicado no blog “Escrivinhador”, do jornalista Rodrigo Vianna (http://www.rodrigovianna.com.br/colunas/reflexoes/por-que-no-te-callas-obama.html).

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